Resumo
Minha primeira tentativa de visitar Cuba foi em 1972. Na época, eu vivia na Inglaterra e, devido à recente expulsão de um diplomata cubano do Reino Unido, meu visto não foi concedido. Eu pretendia estudar literatura cubana pós-revolucionária na Universidade de Essex, na graduação, influenciada pela disciplina de Estudos Latino-Americanos que, em 1971, abordava as Revoluções em Cuba e na União Soviética.
A oportunidade de visitar Cuba surgiu novamente em 2013 e, com ela, a possibilidade de comemorar meu aniversário de 60 anos em Havana, junto com o 60o aniversário da Revolução, corporificando (embodying) pessoalmente a duração desse evento, já que nasci no dia do ataque rebelde ao Quartel Moncada – 26 de julho de 1953. Durante a estadia em Cuba, cada vez que alguém examinava meu passaporte, olhava-me com uma mistura de surpresa e curiosidade, ao se dar conta da coincidência cronológica entre a Cuba pós-revolucionária e a minha trajetória pessoal.
Este texto, em alguma medida, é uma maneira de digerir esta experiência em Cuba, tão contrastante com minhas recordações enquanto aluna de graduação. Durante três semanas, em companhia da minha filha, Julia, e do seu namorado, viajei cerca de 2.000 km pela metade ocidental do arquipélago de Cuba. Julia é parceira do joint-venture que resultou neste ensaio experimental. Mesmo de férias, a(o) antropóloga(o) dificilmente consegue abdicar de sua observação dos detalhes em cada situação na qual se encontra. Este relato homenageia a energia inesgotável e a engenhosidade do povo cubano perante tantas adversidades.
Referências
ALMEIDA, Mauro W B. Guerras Culturais e Relativismo Cultural. Revista Brasileira de
Ciências Sociais, v. 14, n. 41, pp. 5-14, 1999.
_____. Caipora e outros conflitos ontológicos. R@U Revista de Antropologia da UFSCar, v.5, n.1,
pp.7-28, 2013a.
_____. What is the ontological turn in Anthropology?. IV Reunião de Antropologia da Ciencia
e da Tecnologia (IV ReACT). 23 à 27 de setembro de 2013. Universidade Estadual de
Campinas, 2013b.
BEUVELET, Olivier. Parergon: notes sur des objets visuels - Silvia Baron Supervielle et le corps
maternel de la photographie. 2013. Disponível em : http://culturevisuelle.org/parergon/
archives/1951. (Acessado em: 14 de junho de 2013)
CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Cultura com Aspas. São Paulo: Cosac-Naify, 2009.
CARRITHERS, M., M. CANDEA, K. SYKES, M. HOLBRAAD, and S. VENKATESAN.
Ontology Is Just Another Word for Culture: Motion Tabled at the 2008 Meeting of the Group
for Debates in Anthropological Theory, University of Manchester. Critique of Anthropology,
(2), pp. 152–200, 2010. Disponível em: http://coa.sagepub.com/content/30/2/152
DESCOLA, Philippe. La Nature Domestique: Symbolisme et praxis dans l’écologie des Achuar.
Paris: Éditions de la Maison des Sciences de l’Homme, 1986.
_____. As Lanças do Crepúsculo. São Paulo: Cosac-Naify, 1993 (2006).
EVANS, Nicholas. Dying Words: Endangered Languages and What They Have To Tell Us. Oxford:
Wiley-Blackwell, 2010.
Eyewitness Travel: Cuba. 2011. London: Dorling Kindersley.
HENARE, A., HOLBRAAD, M. e WASTELL, S (orgs.) Thinking through things: Theorising
artifacts ethnographically. London: Routledge, 2007.
HOLBRAAD, Martin. The power of powder: multiplicity and motion in the
divinatory cosmology of Cuban Ifá (or mana, again). In: Henare, A., Holbraad M. e Wastell,
S (orgs.) Thinking through things: Theorising artifacts ethnographically. London: Routledge,
HOLBRAAD, M. e PEDERSEN, M. A. The Politics of Ontology. Fieldsights - Theorizing
the Contemporary, Cultural Anthropology Online, January 13, 2014. Disponível em: http://
culanth.org/fieldsights/461-the-politics-of-ontology
LEA, Vanessa. A virada ontológica: um novo fôlego para antropologia, comunicação feita
durante a XIV Semana de Ciências Sociais na Universidade Estadual Paulista (UNESP) de
Araraquara, 2013.
_____. Aguçando o entendimento dos termos triádicos Mebêngôkre via os aborígenes
australianos: dialogando com Merlan e outros. Liames, Campinas: IEL/UNICAMP, n. 4,
pp. 29-42, 2004. Disponível em : http://revistas.iel.unicamp.br/index.php/liames/article/
view/2151
LÉVI-STRAUSS, C. Le totémisme aujourd’hui. Paris: PUF, 1962.
_____ O suplício de papai Noel. São Paulo: Cosac-Naify, 1982 (2008).
McCALLUM, Cecilia. Cashinahua perspectives on functional anatomy: Ontology, ontogenesis,
and biomedical education in Amazonia. American Ethnologist, vol. 41, n. 3, pp. 504-517,
PHILLIPS, Caryl. Color me English: Migration and Belonging Before and After 9/11. New York.
The New Press, 2011.
POSCOCCO, Silvia e PHILLIPS, Simon. On queer merographies. http://www.gold.ac.uk/
media/silvia%20live%20soc.pdf
SAINSBURY, Brendan e WATERSON, Luke. Cuba: Lonely Planet Guide, 2011.
STOLCKE, Verena. ‘Talking culture’. Current Anthropology, 36 (1), pp. 1-24, 1993a.
_____. Cultura Européia: uma nova retórica da exclusão? Revista Brasileira de Ciências Sociais 8
(22): 20-31, 1993b.
STRATHERN, Marilyn. After Nature: English kinship in the late twentieth century. Cambridge:
Cambridge University Press, 1992.
_____ Property, Substance and Effect. Anthropological Essays on Persons and Things. London:
Athlone Press, 1999.
TYLOR, Edward. Primitive Culture. New York: J. P. Putnam’s Sons, volume 1, 1920 [1871]

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2016 PROA - Revista de Antropologia e Arte