Resumo
O sistema das artes vem se tornando cada vez mais internacional, com a formação de redes e fluxos. Entretanto, as criações populares e indígenas costumam ser ignoradas ou relegadas a segundo plano. A dicotomia arte versus artesanato é uma das estratégias de hierarquização desse sistema. O presente artigo aborda duas maneiras pelas quais as formas expressivas dos povos indígenas vêm sendo inseridas na sociedade envolvente: sua paulatina circulação no sistema das artes e seu recente reconhecimento como patrimônio cultural. A maioria dos dados é trazida da Austrália, país em que, a partir dos anos 1970, formou-se uma rede impressionante de fomento às artes indígenas, compreendendo premiações, alas especiais em museus, cooperativas de artistas e galerias comerciais nas grandes cidades. Nas páginas finais são abordados também exemplos brasileiros.Referências
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