Resumo
Este artigo discute as formas de percepção que estão em jogo no teatro contemporâneo e coloca no centro da discussão a relação entre arte e política. A questão principal é que nas práticas artísticas contemporâneas o espectador não pode ser entendido como um receptor passivo, mas efetivamente como um cocriador que elabora novos caminhos e propõe significados a partir da própria experiência. Partindo do teatro contemporâneo e das relações por ele propostas entre a encenação e os espectadores, o presente artigo considera que a política da arte contemporânea está menos nas tematizações e na afirmação de um engajamento artístico do que na proposição de uma experiência sensível, em que o espectador ocupa posição central.Referências
Agamben, Giorgio. O que é o contemporâneo? E outros ensaios. Chapecó: Argos, 2009.
Artaud, Antonin. O teatro e seu duplo. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
Archer, Michael. Arte contemporânea: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
Benjamin, Walter. Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1994.
Bondía, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de Educação. Jan.-abr. 2002, n. 19, pp. 20-28.
Bourriaud, Nicolas. Estética relacional. São Paulo: Martins Fontes, 2009a.
Brecht, Bertold. Estudos sobre teatro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1978.
Canclini, Nestor Garcia. Sociedad sin relato: antropologia y estética de La inminencia. Buenos Aires: Katz, 2010.
Certeau, Michel de. A invenção do cotidiano: 1. Artes de Fazer. Petrópolis: Vozes, 2000.
Cocchiarale, Fernando. Quem tem medo da arte contemporânea? Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Massangana, 2006.
Deleuze, Gilles. Sobre o teatro: Um manifesto de menos; O esgotado. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010.
Fernandes, Silvia. Teatralidades contemporâneas. São Paulo: Perspectiva: 2010.
Geertz, Clifford. A arte como um sistema cultural. In: O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. pp. 142-81.
Gil, José. Movimento total: o corpo e a dança. São Paulo: Iluminuras, 2005.
Gumbrecht, Hans. Produção de presença: o que o sentido não consegue transmitir. Rio de Janeiro: Contraponto: Ed. PUC-Rio, 2010.
Lazzarato, Maurizio. O acontecimento e a política. In: As revoluções do capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 2006.
Le Breton, David. As paixões ordinárias. Petrópolis: Vozes, 2009.
Lehmann, Hans-Thies. Teatro pós-dramático. São Paulo: Cosac Naify, 2007.
Machado Pais, José. Dolências e indolências da vida cotidiana. In: Lufa-Lufa Quotidiana. Ensaios sobre a cidade, cultura e vida urbana. Lisboa: ICS, 2010. pp. 21-69.
Ranciére, Jacques. A partilha do sensível: Estética e política. São Paulo: Editora 34, 2005.
________. O espectador emancipado. Lisboa: Orfeu Negro, 2010.
Sarlo, Beatriz. Cenas da vida pós-moderna: intelectuais, arte e videocultura na Argentina. Rio de Janeiro: Ed. da UFRJ, 1997.
Sontag, Susan. Contra a interpretação. Porto Alegre: L&PM, 1987.
Tarde, Gabriel. Monadologia e sociologia: e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2016 PROA - Revista de Antropologia e Arte