Bordado e transgressão
PDF

Palavras-chave

Arte
Gênero
Bordado
Mulheres artistas

Como Citar

SIMIONI, Ana Paula. Bordado e transgressão: questões de gênero na arte de Rosana Paulino e Rosana Palazyan. Proa: Revista de Antropologia e Arte, Campinas, SP, v. 2, n. 00, p. 1–20, 2010. DOI: 10.20396/proa.v2i00.16429. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/proa/article/view/16429. Acesso em: 7 out. 2024.

Resumo

É possível se afirmar que os objetos artísticos, em virtude de seus atributos materiais (e não somente sua autoria), possuem um “gênero”? As artes têxteis, e em particular os bordados, parecem ser o caso de objetos “naturalmente atrelados ao fazer feminino”. Pretende-se debater o modo com que tais faturas foram, historicamente, feminizadas no mundo artístico ocidental, como resultado do processo de imposição do sistema acadêmico. Desde o século XVI, as academias passaram a congregar a formação e a consagração dos artistas. Vale notar que, tal sistema estabelecia a “hierarquia dos gêneros”, um sistema de classificação das modalidades artísticas que as escalonava, estabelecendo como modalidade mais “alta” a pintura de história, domínio quase exclusivo dos artistas homens, e condenando como “baixas” as artes aplicadas, vistas como domésticas e, por extensão, femininas. Com o advento do feminismo, nos anos 1970, artistas como a norte-americana Miriam Schapiro articularam uma revalorização das tradições “femininas” a um discurso político denunciador das práticas de discriminação de gênero operantes dentro da própria disciplina história da arte. No Brasil, desde os anos 1980, verificam-se interessantes propostas de renovação das artes têxteis, notadamente, obras como as de Rosana Paulino e Rosana Palazyan merecem atenção pela capacidade de operar subversões dos sentidos tradicionalmente atrelados a tais faturas “femininas”; seus bordados propiciam novas formas de olhar e de pensar, extremamente críticas às hierarquias dos gêneros (artísticos e sociais) que vigoram tanto nas práticas cotidianas, quanto nos mundos das artes

https://doi.org/10.20396/proa.v2i00.16429
PDF

Referências

Paris: Galeries Nationales du Grand Palais, 2000.

A família Graz-Gomide. O art-deco no Brasil. São Paulo: Museu Lasar Segall, 1976.

AMARAL, Aracy. “Às margens de uma pesquiza: os artistas da Semana de Arte

Moderna”. In: Mirante das artes (8), março/abril, 1968.

BAMONTE, Joedy L. B.M. “A identidade da mulher negra na obra de Rosana Paulino:

considerações sobre o retrato e a formação da arte brasileira, In: 17º Encontro

Nacional da ANPAP. Florianópolis, 2008.

BOURDIEU, Pierre. As regras da arte. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

BROUDE, Norma. “Miriam Schapiro and ‘Femmage’: Reflections on the Conflict

Between Decoration and Abstraction in Twentieth-Century Art”, In: Feminism and

History of Art. Questioning the Litany (Norma Broude and Mary Garrard ed). New

York: Harper & Row Publishers,1982.

CARVALHO, Vania Carneiro de. Gênero e Artefato. O sistema doméstico na perspectiva

da cultura material- São Paulo, 1870-1920. São Paulo: EDUSP/FAPESP, 2008.

CHADWICK, W e DE COURTIVRON, I. (orgs.). Amor & Arte. Duplas amorosas e

criatividade artística. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 1995.

CHADWICK, Witney. Women, Art and Society. London: Thames and Hudson, 1996.

CHIARELLI, Tadeu. Arte internacional brasileira. São Paulo: Lemos Editorial, 2002.

DE LAURETIS, Technologies of Gender. Essays on Theory, Film and Fiction.

Bloominton: Indiana University Press, 1987.

DROSTE, Magdalena. Bauhaus, 1919-1933. London: Taschen, 2004.

GARB, Tamar. “L´Art féminin: the formation of a critical category in late ninetheenthcentury

france”, Art History (12), London, nº1, março 1989, vol.12.

GOLDSTEIN, Carl.Teaching Academy.Academies and Schools from Vasari to Albers.

Cambridge: Cambridge University Press, 1996.

GREENHALGH, Paul. Art Nouveau, 1890-1914, London: Victoria and Albert Museum,

HEINICH, Nathalie. Le Triple Jeu de l´Art Contemporain.Paris: Editions Minuit, 1998.

HOLLANDA, Heloisa Buarque de e HERKENHOFF, Paulo. Manobras radicais.São Paulo:

Associação de Amigos do Banco do Brasil, 2006.

JACCARD, Paul-André. Alice Bailly, La Fête Étrange. Lausanne, Musée Cantonal de

Beaux-Arts, 2006. John Graz. Reminiscências do Modernismo. São Paulo: Paço das

Artes, 1980.

JAREMTCHUK, Dária Gorete “Ações políticas na arte contemporânea brasileira”.

Concinnitas (UERJ), v. 01, p. 87-95, 2007.

LAGNADO, Lisette. Leonilson. São tantas verdades. São Paulo: DBA Artes gráficas/

Melhoramentos, 1998.

MICELI, Sergio. Nacional Estrangeiro história social e cultural do modernismo artístico

em São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

NEWDIGATE, Ann. “Arte kinda, tapicería sorta: los tapices como acceso em abreviatura

a los lenguajes, definiciones, instituciones, actitudes, jearquías, ideologías,

construcciones, clasificaciones, historias, prejuicios y otras malas costumbres de

Occidente”. In: (DEPPEWEEL, Katy ed.) Nueva Crítica Feminista de Arte.Estrategias

criticas. Madrid: Ediciones Cátedra SA, 1998.

NOCHIN, Linda. Art and Sexual Politics. New York: Macmillan Publishing Co., 1973.

NOEL, Denise. Les Femmes Peintres au Salon. Paris 1863-1889. Paris : Université de

Paris 7. Denis Diderot, 1997.

PEVSNER, Nicolau. As academias de arte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

RECKITT, Helena and PHELAN, Peggy. Art and Feminism. New York: Phaidon,2001.

ROSANA PALAZYAN. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 2002.

ROSENQVIST, Johabba. “Trangressing the Border of Textile Art, or- Swedish Artists As

Craftsmen?”. (texto apresentado na 5th European Feminst Researtch Conference, Lund

University, Sweden).

SIMIONI, Ana Paula Cavalcanti. “Regina Gomide Graz: Modernismo, arte têxtil e

relações de gênero no Brasil”, Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, v. 45, p.

-106, 2007.

SMITH, Tai. “Pictures made of wool”: the gender of Labor at the Bauhaus Weaving

Workshop (1919-1923). In: Invisible Culture. An Electronic Journal for Visual Culture,

WELTGE, Sigrid Wortmann. Women´s Work. Textile Art From the Bauhaus.London:

Thames and Hudson, 1993.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2016 PROA - Revista de Antropologia e Arte

Downloads

Não há dados estatísticos.