Resumo
O artigo propõe um resumo analítico do processo de transformação dos valores atribuídos ao produtor e ao produto artístico a partir do final da Segunda Guerra até o início da década de 1960. As críticas de Mário Pedrosa ao trabalho de Candido Portinari, a partir principalmente de 1949, indicam o caminho na desconstrução da temática na arte como parte integrante dos critérios de avaliação estética. Nesse processo, os valores do engajamento político do artista como representante de coletividades (nacionais ou de classe) e do aprendizado técnico foram substituídos por um regime de grandeza no qual a singularidade individual traduzia-se na autenticidade de uma produção artística constantemente renovada.Referências
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