Resumo
Os primeiros sinais explícitos na Ilíada do cumprimento da promessa de Zeus a Tétis - o raio lançado aos Aqueus e depois diante do carro de Diomedes - permitem que no canto VIII Diomedes seja advertido, por meio de Nestor que os interpreta, pela proposição de um comportamento guerreiro que se fixaria menos em um ideal absoluto de valores como a coragem do que em uma percepção adequada da situação particular de combate (exigindo, no caso, o recuo). A proposição do recuo pressupõe - formulada na linguagem mítico-teológica da Ilíada - a contingência constitutiva do combate: alternância (ou, para ser mais preciso, improbabilidade de uma vitória contínua de um só dos dois adversários) e imprevisibilidade da vitória, segundo a vontade de Zeus. Esta proposição se articula em torno do termo kúdos, cujo sentido não coincide de modo algum com o de kJéos ("glória") e que sugiro traduzir como "chance vitoriosa", indicando a mutabilidade (ou indeterminação) e a decisão instantânea do combate segundo as intervenções divinas.