Resumo
Neste artigo, discutimos a questão de haver textos, na Antiguidade, mais ou menos focados no rigor expositivo dos temas técnico-científicos que contêm. No primeiro grupo estão os tratados – como Opus agriculturae de Paládio – e, no segundo, a poesia didática – como as Geórgicas de Virgílio. Em seguida, introduzimos alguns dos principais traços constitutivos dessas tipologias específicas – com menção ao aspecto organizacional das informações, aos níveis de clareza expressiva etc. – e exemplificamos as diferenças entre a escrita agronômica das Geórgicas e aquela de Opus agriculturae. Isso é obtido comparando lexicalmente passagens de ambos a tematizarem as ferramentas agrícolas e a localização das colmeias. Os resultados das observações apontam, assim, grande prevalência da função do docere em Paládio e do delectare em Virgílio.
Referências
CARTELLE, E. M. Prosa técnica no gramatical. In: CODOÑER, C. (Org.). Historia de la literatura latina. Madrid: Cátedra, 2007, p. 795-810.
CASAS, A. M. Introducción. In: PALADIO. Tratado de agricultura; Medicina veterinária; Poema de los injertos. Trad., introducción y notas de Ana Moure Casas. Madrid: Gredos, 1990, p. 7-71.
CICERONE. La retorica a Gaio Erennio. In: CICERONE. Opere retoriche. A cura di Enrica Malcovati et alii. Milano: Mondadori, 1998, p. 547-955.
DALZELL, A. The criticism of didactic poetry: Essays on Lucretius, Virgil and Ovid. Toronto/Buffalo/London: University of Toronto Press, 1996.
DE MEO, C. Lingue tecniche del latino. Bologna: Pàtron, 1986.
EFFE, B. Dichtung und Lehre: Untersuchungen zur Typologie des antiken Lehrgedichts. München: Beck, 1977.
FERREIRA, A. G. Dicionário de Português-Latim. Porto: Porto Editora: 1983.
FILOCHE, C. Les comiques dans l’intertexte des Bucoliques. In: FILOCHE, C. (Org.). L’intertexte virgilien et sa réception. Dijon: EUD, 2007, p. 55-85.
FÖGEN, T. Wissen, Kommunikation und Selbstdarstellung: zur Struktur und Charakteristik römischer Fachtexte der Frühen Kaiserzeit. München: C. H. Beck, 2009.
GRIMAL, P. Dictionnaire de la mythologie grecque et romaine. Paris: Presses Universitaires de France, 1963.
GRIMAL, P. La littérature latine. Paris: Fayard, 1994.
HOMERO. Ilíada. Trad. Carlos Alberto Nunes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
HOMERO. Odisseia. Trad. Carlos Alberto Nunes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
MARCO FÁBIO QUINTILIANO. Instituição oratória: tomo III – livros 7-9. Trad. Bruno Fregni Bassetto. Campinas: Unicamp, 2016.
MARTIN, R. Introduction. In: PALLADIUS. Traité d’agriculture, livres I-II. Texte établi, traduit et commenté par R. Martin. Paris: Les Belles Lettres, 1976, p. XXXVI-XXXVIII.
MOISÉS, M. Dicionário de termos literários. São Paulo: Cultrix, 2004.
MOTA, M. Tradução de Sete contra Tebas. Archai, Brasília, n. 10, p. 145-168, jan.-jul. 2013. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/archai/article/view/8373 Acesso em: 13 de junho de 2022.
PALLADII RUTILII TAURI AEMILI. Opus agriculturae. Ex recensione J. C. Schmittii. Lipsiae: G. B. Teubner, 1898.
PRIETO, M. H. U. Dicionário de Literatura grega. Lisboa: Verbo, 2001.
REBOUL, O. Introdução à retórica. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
SENECA. Epistles, vol II: Epistles 66-92. Translated by Richard M. Gummere. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1920.
SERIGNOLLI, L. A metonímia segundo os gramáticos e rétores latinos. Classica, São Paulo, vol. 31, n. 1, p. 89-110, 2018. Disonível em: https://revista.classica.org.br/classica/article/view/590 Acesso em: 13 de junho de 2022.
TAUB, L. Science writing in Greco-Roman Antiquity. Cambridge: Cambridge University Press, 2017.
THOMAS, R. F. Prose into poetry: tradition and meaning in Virgil’s Georgics. In: TARRANT, R. J. (Org.). Harvard studies in classical philology. Cambridge, Mass./London, vol. 91, p. 229-260, 1987.
TOOHEY, P. Epic Lessons: an introduction to the ancient didactic poetry. London/New York: Routledge, 1996.
TREVIZAM, M. Mal e violência nas Geórgicas de Virgílio. In: BARBOSA, T. V. R.; OLIVEIRA, F. de; SILVA, M. F. (Org.). Violência e transgressão: uma trajetória da humanidade. 1ed. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2014a, p. 189-229.
TREVIZAM, M. Prosa técnica: Catão, Varrão, Vitrúvio e Columela. Campinas: Unicamp, 2014b.
VIEIRA, B. V. G. Em que diferem os versos de Virgílio e Lucano. Aletria: Revista de Estudos de Literatura, Belo Horizonte, vol. 19, n. 3, p. 29-45, 2009. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/aletria/article/view/18314 Acesso em 13 de junho de 2022.
VIRGIL. Georgics: volume I – books I‑II. Edited by R. F. Thomas. Cambridge: Cambridge University Press, 1994.
VIRGIL. Georgics. Edited with a commentary by R. A. B. Mynors. Oxford: Oxford U.P., 2003.
VIRGILE. Georgiques. Texte traduit par E. de Saint‑Denis, introduction, notes et postface par Jackie Pigeaud. Paris: Les Belles Lettres, 1998.
VIRGÍLIO. Geórgicas I. Trad., introdução e notas de Matheus Trevizam. Belo Horizonte: UFMG, 2013.
VIRGÍLIO. Geórgicas III. Trad., introdução e notas de Matheus Trevizam. Belo Horizonte: UFMG, 2019.
VOLK, K. The poetics of Latin didactic: Lucretius, Vergil, Ovid, Manilius. Oxford: University Press, 2002.
WEST, D. Two Plagues: Virgil, Georgics 3.478–566 and Lucretius 6.1090–1286. In: WEST, D.; WOODMAN, T. (Org.). Creative imitation and Latin Literature. Cambridge: Cambridge University Press, 2007, p. 71-88.
WHITE, K. D. Roman farming. London: Thames and Hudson, 1970.
WILKINSON, L. P. The Georgics of Virgil: a critical survey. New edition, foreword and bibliography by Niall Rudd. Norman: University of Oklahoma Press, 1997.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Copyright (c) 2022 Phaos: Revista de Estudos Clássicos