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Não vamos errar o bom caminho
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Palavras-chave

Mbya Guarani
Estética
Etnologia indígena

Como Citar

PEREIRA, Vicente Cretton. Não vamos errar o bom caminho: notas para uma estética mbya guarani. Maloca: Revista de Estudos Indígenas, Campinas, SP, v. 3, n. 00, p. e020017, 2020. DOI: 10.20396/maloca.v3i00.13539. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/maloca/article/view/13539. Acesso em: 29 mar. 2024.

Resumo

O presente trabalho busca entender o que os Mbya Guarani consideram ser uma caminhada pelo “bom caminho” (tape porã), explorando as possibilidades de compreensão oferecidas pelo conceito stratherniano de estética (entre outros). Primeiramente investiga-se as disposições tanto pessoais quanto corporais para uma bela caminhada. Disposições que se traduzem numa certa escuta ou modo de percepção que se faz com o corpo, captando os sentidos de objetos e sujeitos que afetam a pessoa positivamente ou negativamente. Em seguida, sugere-se que há entre o “bom caminho” e o “errar à toa” (nhembotavy rei, isto é, os desvios em relação ao mesmo) uma relação de complementaridade, como se para se chegar àquele fosse preciso experimentar aquilo que seria um “mau caminho”, ou os “erros” (-javy) do caminho. Em resumo, busca-se mostrar que trilhar um caminho bom ou belo é algo que, a princípio não excluiria as passagens pelos caminhos ruins ou maus, mostrando que nestas passagens reside inclusive a possibilidade de criação de uma nova moral e um novo corpo.

https://doi.org/10.20396/maloca.v3i00.13539
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