O uso das ferramentas de Medicina de Família e Comunidade

Abstract

A pesquisa se propôs a estudar o uso das principais ferramentas da Medicina de Família e Comunidade, como indicador de mudança paradigmática da prática médica na atenção primária em saúde. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com médicos de família e comunidade. Encontrou-se que tais ferramentas são, na realidade, usadas com menos frequência do que se desejaria ou seria necessário, em razão do excesso de demanda por atendimentos, o processo de trabalho que prioriza as consultas ditas tradicionais e afasta o médico da gestão de sua agenda, o efeito coercitivo de protocolos e diretrizes, e o fato dos demais especialistas e profissionais de saúde estarem pouco familiarizados com tais ferramentas. Houve diferenças quanto ao emprego dessas ferramentas em unidades de saúde públicas e privadas. Concluiu-se que a Saúde da Família ainda não provocou mudança paradigmática significativa na atenção primária em saúde brasileira. Propõe-se o ensino dessas ferramentas nos cursos de graduação das diferentes categorias profissionais da área da saúde, assim como nos processos de educação continuada ou permanente tanto de profissionais da assistência como da gestão.