Resumo
Foco na análise de obras literárias da China continental e um de seus territórios adjacentes: Macau. O objetivo é estabelecer afinidades interculturais, buscar semelhanças capazes de revelar imbricações de temporalidades histórico-culturais de camadas diversas em contextos históricos não lineares e não limitados por uma geografia estanque. Há a abordagem da obras Mudança, de Mo Yan, escritor chinês vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, em 2012; e dois contos, em língua portuguesa, dos escritores de Macau, Henrique Senna Fernandes e Maria Pacheco Borges, intitulados A-Chan, a tancareira e A tancareira, respectivamente. O intuito é fundamentar a perspectiva alternativa oriunda de Macau com base nos estudos sobre o Oceano Índico, que possibilitaram sua consolidação como unidade de análise estabelecendo novos paradigmas epistemológicos e críticos específicos capazes de acrescentar uma dimensão importante às reflexões que concernem ao tema dos estudos literários. Discernir sobre a literatura da China continental e seus territórios é um exercício de reflexão para estabelecer afinidades interculturais e novas narrativas em contraponto. Ao se revisitar o cânone literário historicamente estabelecido, torna-se possível criar novas narrativas ou narrativas alternativas, afirmar outros tipos de pensamentos e paradigmas, que tornam-se e tornar-se-ão institucionalizados e legitimados.
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