Resumo
Em paralelo às mudanças de sua política externa contemporânea, a China abandonou uma postura isolacionista em operações de paz da ONU para adotar uma participação mais assertiva, porém ao mesmo tempo crítica. Busca-se valorizar a dimensão da cooperação em desenvolvimento, restringindo sempre que possível o uso da força, favorecendo a ideia do país como uma “potência responsável” em seu modo particular de atuação. Todavia, o envolvimento do país com operações contemporâneas complexas, em termos das tarefas desempenhadas e dos contextos de alta violência, geram desafios quanto ao caráter potencialmente crítico de sua participação, considerando a hegemonia de processos contemporâneos de intervenção alinhados à construção de Estados liberais e principalmente de combate explícito a grupos insurgentes e terroristas. Dada essa realidade, se coloca o seguinte questionamento: até que ponto a participação da China em operações de paz multidimensionais favorece ou inviabiliza seu projeto amplo de reforma da ordem mundial liberal? À luz da Teoria Crítica Neogramsciana, chegamos na hipótese de que o projeto hegemônico chinês não foi posto em xeque, mas que seu engajamento concreto com as operações de paz pode ser uma fonte de contradição à sustentabilidade do projeto no longo prazo. Em termos metodológicos, o artigo consiste em um trabalho majoritariamente qualitativo e de caráter exploratório, se valendo da análise de fontes primárias e secundárias, tais como documentos, policy papers, artigos e livros sobre política externa chinesa, organizações internacionais e operações de paz.
Referências
BARELLI, Mauro. China and peacekeeping: Unfolding the political and legal complexities of an ambivalent relationship. Asian Journal of International Law, v. 12, n. 1, p. 157-176, 2022.
FUNG, Courtney J. Providing for global security: Implications of China’s combat troop deployment to UN peacekeeping. Global Governance: A Review of Multilateralism and International Organizations, v. 25, n. 4, p. 509-534, 2019.
MONTENEGRO, Renan Holanda. China in UN Peacekeeping Operations: A 30-Year Assessment (1990-2019). Contexto Internacional, v. 43, p. 405-426, 2021.
RINALDI, Patrícia Nogueira; PIRES, Desirée Almeida. International Organizations and Change in World Orders in Coxian Critical Theory: A View from China in the United Nations. Oikos, v. 20, n. 2, 2021.
YUAN, Xinyu. The Chinese approach to peacebuilding: contesting liberal peace?. Third World Quarterly, v. 43, n. 7, p. 1798-1816, 2022.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Copyright (c) 2023 Marcos do Vale Araujo & Octávio Henrique Alves Costa de Oliveira