Resumo
Projetos de transposição de água, embora remontem à Roma antiga, têm sido apresentados cada vez mais como solução às crises hídricas. Apesar da viabilidade técnica, a dimensão social tem, por vezes, sido negligenciada no processo decisório. A transposição entre bacias ainda altera o território, e antagoniza a unidade espacial da gestão integrada dos recursos hídricos. Pretende-se argumentar, a partir do caso da Hidromegalópole São Paulo-Rio de Janeiro, que a China também configurou seu sistema de abastecimento de água de maneira complexa, conectando diversas megacidades a partir de obras de infraestrutura hídrica. A interdependência de megacidades de um mesmo sistema de abastecimento constitui uma espacialidade cada vez mais recorrente, e demanda mais estudos que analisem as consequências de tais obras para a população, principalmente as mais vulneráveis e que não usufruem de segurança hídrica satisfatória. Em tempos de escassez hídrica, medidas de emergência que desconsideram a construção social do problema têm pouco efeito na resolução de conflitos, perpetuando assim a vulnerabilidade da população afetada. As soluções técnicas e de curto prazo para as crises de água que afetam as duas megacidades, dependem da transposição da água entre diferentes regiões e resultam em uma relação de interdependência e destacam as disputas existentes que podem ocorrer em cenários de escassez. Os conflitos envolvendo recursos hídricos apresentados nesta pesquisa consistem na conexão das macro-regiões de Pequim e Xangai - através do Projeto de Transferência de Água Sul-Norte, e da Hidromegalópole São Paulo-Rio de Janeiro - conectando as águas das bacias do Paraíba do Sul...
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