Resumo
A partir dos anos 2000 observa-se o protagonismo da China como parceiro comercial fundamental no Brasil. De um lado, no bojo do boom das commodities, o país consolidou-se como principal destino das nossas exportações – agudizando um cenário de reprimarização da pauta brasileira. Segundo os dados da UnctadStat, entre 2000 e 2018, a participação chinesa como destino das exportações totais brasileiras saltou de 2% para 27,3%. Ademais, de acordo com a taxonomia adotada por Pavitt (1984), a participação do país asiático como destino das exportações intensivas em recursos naturais saltou, no mesmo período, de 3,4% a 37,4%. Sozinha, a China deteve, 2018, uma participação maior nessa classe do que a todos os países desenvolvidos somados.
De outro, pelo lado da demanda, o país asiático também passou a ser a principal origem das nossas importações a partir de meados da primeira década dos anos 2000. De forma simétrica, observa-se simultaneamente o aumento da participação chinesa nas importações brutas brasileiras (2,1% a 18,7%), sobretudo entre os produtos manufaturados, num processo de substituição de fornecedores tradicionais (como os países europeus, os Estados Unidos e parceiros regionais, como a Argentina).
O objetivo do trabalho é contextualizar essas transformações dentro da literatura de constituição das cadeias globais de valor e de apropriação sobre o valor adicionado nessas cadeias.
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