Iniciativa Um Cinturão, Uma Rota e a Nova Estratégia Europeia na Ásia Central

disputas geoeconômicas na Eurásia

Autores

Palavras-chave:

Iniciativa um cinturão, uma rota, Eurásia, Geoeconomia, China, União europeia

Resumo

Desde o processo de modernização e abertura nas décadas de 1980 e 1990, a China vem se consolidando como um importante ator na geopolítica internacional, tendo na última década renovado seu modelo de política externa para um processo conhecido como Strifing for Achievement (SFA), baseado em uma diplomacia ativa que visa uma maior inserção internacional. Esse modelo é expresso por um protagonismo chinês em projetos de infraestrutura e uma maior participação em iniciativas multilaterais. O direcionamento da China para questões geoeconômicas pode ser analisado a partir do uso geoestratégico de seu poder econômico, principalmente no projeto Belt and Road Initiative (BRI), uma complexa rede de infraestrutura que tem como objetivo a interligação das economias da Eurásia, África e China. Este ambicioso processo, possui dicotomias quanto a análise de seus resultados, podendo significar um aumento na economia regional por desenvolver de infraestruturas locais e prover investimentos externos, ao mesmo tempo que aumenta a dependência estrutural desses países com a China, gerando desafios estruturais, políticos e ontológicos na condução desse processo. Entretanto, a inserção geoeconômica da potência chinesa na Eurásia provocou desafios políticos com outros atores interessados nesta zona de influência econômica. Uma das expressões desses desafios políticos vem a partir da formulação do documento pela União Europeia em 2019 de nome: “EU-China – A strategic outlook”, nos quais se formulam diferentes estratégias para a defesa de segurança regional acerca dos desafios causados pela crescente expansão chinesa. Dentre estes projetos, o plano: “EU Strategy on Connecting Europe and Asia” é apontado como uma resposta direta europeia ao modelo de infraestrutura proposto pelo BRI. Essa proposição também vai de encontro ao desenvolvimento de novas estratégias da União Europeia com os países da Ásia Central. Em especial na emissão do documento de 2019 de nome: “New Strategy on Central Asia”. Nele, a organização mapeia a necessidade da promoção de parcerias estratégicas focadas na construção de um ambiente cooperativo e estável com os países da região, no qual a estratégia europeia de infraestrutura teria um papel fundamental para segurança da Eurásia. Dessa maneira, o principal objetivo desta pesquisa é analisar as disputas geopolíticas entre as iniciativas de infraestrutura regional da China e da União Europeia para a construção de uma segurança regional na Eurásia. Neste sentido, o trabalho investiga as consequências geopolíticas para a região da Eurásia a partir da análise da disputa entre os modelos de infraestrutura propostos pela Europa e pela China, cujos projetos são caracterizados por uma dicotomia entre os valores europeus e os valores chineses, expressando diferentes visões de como garantir a estabilização e segurança na região. Com o intuito de examinar o caráter dessa disputa de valores, é imprescindível uma abordagem teórica pluralista. Dessa maneira, serão considerados tanto autores ocidentais que representam os valores europeus, quanto autores que possuem uma perspectiva não-ocidental, com abordagens mais regionais. Além da investigação da abordagem dos valores de ambos os projetos, também será realizada uma análise comparativa entre a estratégia europeia e a iniciativa chinesa com foco em entender suas similaridades e diferenças.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rafaela Mello, IRI/PUC-Rio

Mestranda em Relações Internacionais no IRI/PUC Rio, Graduada em Relações Internacionais na Universidade Católica de Petrópolis (UCP), Pesquisadora do BRICS Policy Center e do Grupo de Estudos da América Latina (GEAL).

Flávio Oliveira, Escola Superior de Guerra (ESG)

Mestrando em Segurança Internacional na Escola Superior de Guerra (ESG), Graduado em Relações Internacionais na Universidade Católica de Petrópolis (UCP), Pesquisador do Grupo de Pesquisa em Culturas Orientais (GPECO) da Universidade Estadual de Londrina e do Laboratório de Simulação e Cenários da Escola de Guerra Naval.

Referências

ACHARYA, Amitav. Hegemony and Diversity in the ‘Liberal International Order’: Theory and Reality. E-International Relations, Jan 14 2020. Disponível em: < https://www.e-ir.info/2020/01/14/hegemony-and-diversity-in-the-liberal-international-order-theory-and-reality/>

COUNCIL OF THE EUROPEAN UNION. New Strategy on Central Asia. 2019. Disponível em: <https://eeas.europa.eu/sites/eeas/files/joint_communication_-_the_eu_and_central_asia_-_new_opportunities_for_a_stronger_partnership.pdf>

COUNCIL OF THE EUROPEAN UNION. EU-China: A Strategic Outlook, 2019. Disponível em: <https://ec.europa.eu/commission/sites/beta-political/files/communication-eu-china-a-strategic-outlook.pdf>

HUANG, Yiping. Understanding China’s Belt & Road Initiative. China Economic Review, v.40, 2016.

IKENBERRY, John. Between the Eagle and the Dragon: America, China, and Middle State Strategies in East Asia. Political Science Quarterly, 2015.

QIN, YAQING. A relational theory of world politics. Beijing: Cambridge University Press, 2016. v. 18

STUENKEL, Oliver. Mundo Pós-Ocidental: potências emergentes e a nova ordem global. Editora Zahar, 2018.

WIGELL, Mikael. Conceptualizing regional powers’ geoeconomic strategies: neo-imperialism, neo-mercantilism, hegemony, and liberal institutionalism. Asia Eur J, 2015.

XUETONG, Yan. From Keeping a Low Profile to Striving for Achievement. The Chinese Journal of International Politics, v.7, 2014.

Downloads

Publicado

2021-11-09

Como Citar

RODRIGUES DE SÁ, Rafaela Mello; OLIVEIRA FILHO, Flávio Alexandre de. Iniciativa Um Cinturão, Uma Rota e a Nova Estratégia Europeia na Ásia Central: disputas geoeconômicas na Eurásia. Seminário Pesquisar China Contemporânea, Campinas, SP, n. 4, p. 16–17, 2021. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/eventos/index.php/chinabrasil/article/view/3499. Acesso em: 28 mar. 2024.