Resumo
O livro Ensaios Fotográficos, de Manoel de Barros, pode ser lido inicialmente como um breve compêndio de estratégias poéticas do autor repleto da inventidade que lhe é característica. As fotografias mencionadas nos poemas são de coisas que, em princípio, não podem ser fotografadas; elas revelam, no entanto, a liberdade do poeta de manipular a língua portuguesa para enriquecê-la e fazê-la falar de maneira inusitada. Podemos indagar, porém, se esses Ensaios Fotográficos são capazes de revelar algo não apenas para os estudos literários, mas sobre o fazer fotográfico. Se os poemas de Manoel de Barros falam de fotografias do perfume, do perdão ou do vento de crinas soltas, esse livro teria algo a dizer sobre as estratégias do olhar que espia o mundo concreto pelo visor de uma câmera fotográfica? Por meio do diálogo dos poemas com algumas fotografias, pretendemos demonstrar que sim, esses poemas que exploram “o idioma inconversável das pedras” falam também de mecanismos da escrita fotográfica.
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