Resumo
A sociedade contemporânea parece alterar profundamente as relações entre tempo e fotografia, instante e imagem. Tudo leva a crer que a duração está cada vez mais ausente no instantâneo fotográfico. Pensar esse aparente contrasenso – a fuga do tempo no instantâneo –possibilita dimensionarmos a complexidade temporal da fotografia, texturizando o que em geral é pensado a partir unicamente de uma pontualidade. Além disso, tal aparente contrasenso reforça a suposição de que o instantâneo fotográfico tenha sido, em algum momento da história, um tempo com duração; de que sua origem, aliás, não poderia ser pensada sem ela. Trata-se de realizar um recuo estratégico, encontrando na gênese histórica um instantâneo fotográfico que não aniquilou necessariamente a duração, mas, em vez disso, tornou-se sua condição de visibilidade.
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