Resumo
A instauração de novas concepções sobre o tempo e o espaço, ambas categorias fundantes de nossos modos de viver, pode ser avaliada como sinal do processo de mutação que se opera na cultura contemporânea, presente não apenas nos hábitos cotidianos, mas também na enorme produção imagética que os acompanha. As novas experiências tempo-espaciais constituem formas inéditas de administrar a vida que afetam a experiência subjetiva, ressignificando noções como as de passado e presente, público e privado, atual e virtual. Nesse contexto, a fotografia da vida privada é progressivamente substituída pelos álbuns digitais e pelos fotologs, dispositivos de visibilidade que se integram às transformações da experiência temporal contemporânea e se investem da lógica da aceleração, da instantaneidade e da virtualização.
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