Resumo
Quem percorre palavras e imagens do livro da historiadora francesa Arlette Farge, La chambre à deux lits et le cordonnier de Tel-Aviv (Paris : Seuil, 2000), uma coletânea de ensaios sobre fotos tiradas no século XX, pode transitar num curioso e instigante universo de percepções, criatividades, erudição e buscas. Sabemos que a fotografia foi inventada e expandiu-se a partir do século XIX. O livro não trata, evidentemente, de nenhuma "descoberta" de fotografias produzidas no século das Luzes, mas de um sutil e rigoroso ensaio no qual a autora trabalha com três temporalidades: imagens do século XX, arquivos do século XVIII e sua própria experiência de pesquisa e leitura visual e textual dessas duas materialidades, ou seja, papéis dos setecentos e ícones do fim do segundo milênio, aliando, assim, a sensibilidade estética a uma narrativa literária e à implacável trama das relações sociais - compreendidas num sentido amplo, afetivas inclusive, isto é, as que afetam.
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