Banner Portal
A retomada da cerâmica Xakriabá:
PDF

Palavras-chave

Xakriabá;
Cerâmica
Conhecimento
Parentesco
Artes

Como Citar

ALEXANDRE DA SILVA, Cássio; JOSE ALVES DE SOUZA, Fabiano; VANDER VELDEN, Felipe; LEITE DA SILVA, Vanginei. A retomada da cerâmica Xakriabá:: entre a produção e circulação de peças, saberes e parentescos. Maloca: Revista de Estudos Indígenas, Campinas, SP, v. 5, n. 00, p. e022013, 2022. DOI: 10.20396/maloca.v5i00.15840. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/maloca/article/view/15840. Acesso em: 28 mar. 2024.

Resumo

O objetivo deste artigo é focalizar o trabalho dos artistas Xakriabá com a cerâmica. Buscamos observar, além da produção, também a circulação das peças e dos saberes produzidos a partir da retomada da cerâmica, entre os diferentes lugares das aldeias, destacando sua importância e conferindo seu lugar na vida cotidiana deste povo indígena no norte do estado de Minas Gerais. Espera-se, com isso, problematizar os modos de conhecimento por meio da experimentação prática dos ceramistas com o barro das aldeias e de seu engajamento com múltiplas matérias-primas, objetos, ferramentas e relações que tornam a arte ceramista uma atividade sumamente complexa, embebida em ricas interações entre seres humanos e não humanos locais e de grande valor para a história e a sociabilidade dos Xakriabá contemporâneos. O artigo põe em relação a dimensão ecológica do pensamento contemporâneo de Tim Ingold – em particular, sua concepção de conhecimento que articula modos sensíveis e o ambiente – e a experiência dos artistas Xakriabá com a cerâmica.

https://doi.org/10.20396/maloca.v5i00.15840
PDF

Referências

Abreu, Regina. 2005. “Museus etnográficos e práticas de colecionamento: antropofagia dos sentidos”. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 31: 101-125.

Alonso, Franklin. 2021. “A revitalização da feitura cerâmica Guarani-Mbyá na TekoaMboy-Y-Ty: uma via de redescobrimento e reafirmação de seu ethos identitário”. Argumentos Pró-Educação, 6: 1-29.

Barcelos Neto, Aristóteles. 2002. A arte dos sonhos: uma iconografia ameríndia. Lisboa; Museu Nacional de Etnologia/Assírio & Alvim.

Barreto, João Paulo Lima. 2018.“O nativo antropólogo em campo: o Centro de Medicina Indígena e o exercício da reflexividade”. Cadernos do NEAI,1(2). Disponível em https://cadernosdoneai.wordpress.com/2018/03/19/o-nativo-antropologo-em-campo-o-centro-de-medicina-indigenae-o-exercicio-da-reflexividade/(acesso em 20/04/2021).

Beattie, John H. M. 1964. “Kinship and Social Anthropology”. Man, 64: 101-103.

Cardoso, Thiago Mota. 2016.“Por uma antropologia imersa na vida”. Caderno de Campo: Revista de Ciências Sociais, 1(21): 41-250.

Carneiro da Cunha, Manuela & Cesarino, Pedro de Niemeyer (orgs.). 2016. Políticas culturais e povos indígenas. São Paulo: Editora Unesp.

Carneiro da Cunha, Manuela. 2009. Cultura com aspas e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify.

Correa Xakriabá, Célia Nunes. 2018. O Barro, o Genipapo e o Giz no fazer epistemológico de Autoria Xakriabá: reativação da memória por uma educação territorializada. Dissertação de Mestrado, UnB, Brasília, Brasil.

Creswell, Robert. 2010[1976]. “Techniques et culture: les bases d’un programme de travail”. Techniques & Culture - Bulletin de L’Équipe de Recherche, 54-55 : 20-45.

Faria, Tales Bedeschi & Silva, VangineiLeite. 2020. “Artes do povo Xakriabá e a escola monoepistêmica: desafios metodológicos”. Revista GEARTE, 7(3): 553-580.

Ferreira, Flávio; Bezerra, Nilton. 2018.“Vamos ver quem é que acaba, o resto da empeleitada: arte indígena entre os Potiguaras da aldeia Catu dos Eleotérios e Sagi-Trabanda”. Revista Mundaú, n.4: 80-103.

Ferreira, Ana Patrícia Chaves. 2018. Cerâmica Apurinã: resistência com as mãos no barro. Porto Alegre: FLD/COMIN.

Fortis, Paolo. 2014.“Artefacts and bodies among Kuna people from Panamá”. In: Hallam, E.; Ingold, T. (eds.). Making and growing: anthropological studies of organisms and artefacts. Farnham: Ashgate, 89-106.

Gaspar, Meliam Viganó. 2019. Arqueologia e história de povos de língua Karib: um estudo da tecnologia cerâmica. Tese de Doutorado, MAE-USP, São Paulo, Brasil.

Geiger, Amir. 2008.“Apresentação”. In: Bateson, G. Naven. São Paulo: EDUSP, 23-68.

Godoy, Rogério et al.2007. “Recuperação do fazer cerâmico das comunidades Xakriabá”. Comunicação apresentada no 51º Congresso Brasileiro de Cerâmica, Salvador (BA), junho de 2007. Disponível em https://abceram.org.br/wp-content/uploads/area_associado/51/artigos/51cbc-15-03.pdf (acesso em 10/06/2021).

Gomes, Ana Maria & Miranda, Shirley Aparecida. 2016.“A formação de professores indígenas na UFMG e os dilemas das “culturas” entre os Xakriabá e os Pataxó”. In: Carneiro da Cunha, M.; Cesarino, P. de N. (orgs.). Políticas culturais e povos indígenas. São Paulo: Editora Unesp, 455-484.

Gosselain, Olivier. 2018. “Pottery chaînes opératoires as historical documents”. Oxford Research Encyclopedia of African History. Publicação online. doi: 10.1093.acrefore/9780190277734.013.208. Acesso em 15 de jan. 2019.

Grupioni, Luís D. B. 1998. Coleções e expedições vigiadas: os etnólogos no Conselho de Fiscalização

das expedições artísticas e científicas no Brasil. São Paulo: Hucitec/ANPOCS.

Heckenberger, Michael. 2001. “Estrutura, história e transformação: a cultura xinguana na longue durée, 1000-2000 d. C.”. In: Franchetto, B.; Heckenberger, M. (orgs). Os povos do alto Xingu: história e cultura. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 21-62

Hodder, Ian (ed.). 2009. Archaeology as long-term history. New York: Cambridge University Press.

Horácio, Heiberle; Silva, Cássio& Souza, Fabiano J. A. 2020. “Xakriabá, fronteiras, lutas e resistências no Norte de Minas Gerais-Brasil”. In: Ferreira, G. H. C. (org.). Atlas da Questão Agrária Norte Mineira. São Paulo: Entremares, 151-158.

Horácio, Heiberle. 2018.“A religiosidade do povo indígena Xakriabá”. In. Horácio, H. (org.). Dinâmicas Religiosas no Norte de Minas e reflexões concernentes. Montes Claros: Editora Unimontes, 79-106.

Ingold, Tim. 2010. “Da transmissão de representações à educação da atenção”. Educação, 33(1): 6-25.

_____. 2015. Estar vivo: ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Petrópolis: Vozes. José da Silva, Giovani; Bolzan, Aila& Souza, Rosaldo (orgs.). 2017. Kinikinau: arte, história, memória & resistência. Curitiba: CRV.

Karasch, Mary. 1992. “Catequese e cativeiro: Política indigenista em Goiás, 1780-1889”. In: Carneiro da Cunha, M. (org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: FAPESP/SMC/Companhia das Letras, 397-412.

Lemmonier, Pierre. 1992. Elements for an anthropology of technology. Ann Arbor: Museum of Anthropology/University of Michigan.

Leroi-Gourhan, André. 1985. O gesto e a palavra. v. 2. Memória e ritmos. Lisboa: Edições 70.

Lévi-Strauss, Claude. 2004. O cru e o cozido (Mitológicas I). São Paulo: Cosac Naify.

Lins, Juliana; Storch, Felipe. 2018. “Mulheres indígenas da bacia do rio Uaupés (AM) revitalizam produção de cerâmica tradicional”. Disponível em https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/mulheres-indigenas-da-bacia-do-rio-uaupes-am-revitalizamproducao-de-ceramica-tradicional (acesso em 06/10/2021).

McCallum, Cecilia. 1998.“O corpo que sabe: da epistemologia Kaxinawá para uma antropologia médica das terras baixas sul-americanas”. In: Alves, P.C.; Rabelo, M.C. (orgs.). Antropologia da saúde: traçando identidade e explorando fronteiras. Rio de Janeiro: Editora RelumeDumará/Editora Fiocruz, 215-245.

Melatti, Julio Cezar. 2020.“Aspectos culturais (não linguísticos) dos povos falantes de línguas do tronco Macro-Jê”. In.: Miranda, M.; Borges, Á. da C.; Santana, Á.; Sousa, S.(orgs.). Línguas e culturas Macro-Jê: saberes entrecruzados. Barra do Garças: GEDELLI/UFMT, 37-94.

Miranda, Zandra; Figueiredo, Francisco José. 2010.“O resgate da cerâmica tradicional Xakriabá”. Comunicação apresentada no 54º Congresso Brasileiro de Cerâmica. Foz do Iguaçu (PR),Junho de 2010. Disponível em https://abceram.org.br/wp-content/uploads/area_associado/54/14-003.pdf (acesso em 20/06/2021).

Moi, Flávia. 2007. Os Xerente: um enfoque etnoarqueológico. São Paulo: Annablume.

Overing, Joanna; Passes, Alan (eds.). 2000.The Anthropology of Love and Anger: the aesthetics of conviviality in native South America. London: Routledge.

Pearce, Susan. 1994. “Museum Objects”. In: Pearce, S. (ed.). Interpreting Objects and Collections. London: Routledge, 9-11.

Predi Xakriabá, Daniele. 2018. Arte e artesanato Xakriabá e os meiosde comercialização. Monografia de Curso de Formação de Professores Indígenas, UFG, Goiânia, Brasil.

_____. 2020. “Arte, artesãos Xakriabá e os meios de comercialização”. Emblemas – Revista da Unidade Acadêmica Especial de História e Ciências Sociais/UFG-CAC, 17(1): 73-86.

Ribeiro, Ricardo Ferreira. 2006. Sertão, lugar desertado: o cerrado na cultura de Minas Geraisvolume II. Belo Horizonte: Autêntica.

Rodrigues, Aryon. 1986. Línguas brasileiras: para o conhecimento das línguas indígenas. São Paulo: Loyola.

Santos, Ana Flávia Moreira. 1994. “Xakriabá: identidade e história - Relatório de Pesquisa”. Série Antropologia, 167. DAN/Universidade de Brasília.

Santos, Márcio. 2009. Bandeirantes paulistas no sertão do São Francisco: povoamento e expansão pecuária de 1688 a 1734. São Paulo: EDUSP.

Santos, Rafael B. C. 2010. A cultura, o segredo e o índio: Diferença e cosmologia entre os Xakriabá de São João das Missões/MG. Dissertação de Mestrado, UFMG, Belo Horizonte, Brasil.

Santos, Gilton Mendes dos & Barreto, João Paulo Lima. 2017.“A volta da Cobra Canoa: em busca de uma antropologia indígena”. Revista de Antropologia, 60(1): 84-98.

Santos Granero, Fernando (ed.). 2009. The occult life of things: native Amazonian theories of materiality and personhood. Tucson: The University of Arizona Press.

Schien, Stefanie & Halbmayer, Ernst. 2014.“The return of things to Amazonian anthropology: a review”. Indiana, 31: 421-437.

Silva, Manoel Antônio de Oliveira. 2018. A única herança que um índio deixa para outro índio é a luta”: a história da língua Akwen do Povo Xakriabá. Percurso Acadêmico apresentado ao Curso de Licenciatura - Formação Intercultural para Educadores Indígenas, FIEI/FAE/UFMG, Belo Horizonte, Brasil.

Silva, Márcio. 2018. “Comentários à dissertação de João Paulo Lima Barreto, ‘Wai-Mahsã, peixes e humanos: um ensaio de Antropologia Indígena’’. Cadernos do NEAI, 1(2). Disponível em https://cadernosdoneai.wordpress.com/2018/03/19/comentarios-a-dissertacao-de-joao-paulolima-barreto-wai-mahsa-peixes-e-humanos-um-ensaio-de-antropologia-indigena-ppgas-daufam-por-marcio-ferreira-silva/ (acesso em 22/04/2021).

Silva, Vanginei Leite. 2017. Manual de cerâmica Xakriabá. Belo Horizonte: Fino Traço.

Silva, Cássio Alexandre. 2014. A Natureza de um Território no Sertão do Norte de Minas Gerais: a ação territoriar dos Xakriabá. Tese de Doutorado, UFU, Uberlândia, Brasil.

Tkadi Xakriabá, Ana Flávia. 2018. Política Linguística de Valorização da Língua Akwê Xakriabá. Monografia de Curso de Formação de Professores Indígenas, UFG, Goiânia, Brasil.

Torrence, Robin & Clarke, Anne. 2013. “Creative colonialism: locating indigenous strategies in ethnographic museum collections”. In: Harrison, R.; Byrne, S.; Clarke, A. (eds.). Reassembling the collection. Ethnographic museums and indigenous agency. Santa Fe: School for Advanced Research Press, 171-198.

van Velthem, Lucia. 2009.“Mulheres de cera, argila e arumã: princípios criativos e fabricação material entre os Wayana”. Mana, 15(1): 213-236.

_____. 2012. “O Objeto etnográfico é irredutível?’ Pistas sobre novos sentidos e análises”. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi: Ciências Humanas, 7(1): 51-66.

_____. 2017. O livro da argila. São Paulo: Iepé.

Velho, Otávio. 2012.“Posfácio”. In: Steil, C. A.; Carvalho, I. C. de M. (orgs.). Cultura, percepção e ambiente: diálogos com Tim Ingold. São Paulo: Editora Terceiro Nome, 227-232.

Vidal, Jean-Jacques. 2017. Cerâmica dos Suruí de Rondônia e dos Asurini do Xingu: visões diferenciadas de povos indígenas da Amazônia. Tese de Doutorado, UNESP, São Paulo, Brasil.

Xakriabá. 1997. O tempo passa e a história fica. Belo Horizonte: Programa de Implantação das Escolas Indígenas de Minas Gerais.

_____. 2004.Valorizando o Patrimônio Cultural Xakriabá. Belo Horizonte: Programa de Implantação de Escolas Indígenas em Minas Gerais.

_____. 2005. Xacriabá: de olho vivo no espaço onde vive. Belo Horizonte: Programa de Implantação de Escolas Indígenas em Minas Gerais.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Copyright (c) 2022 Cássio, Fabiano, Felipe, Ney Xakriabá

Downloads

Não há dados estatísticos.