"É a mobilidade, estúpido": Entrevista com Walter Alejandro Imilan

Resumo

O antropólogo Walter Alejandro Imilan, do Nucleo de Movilidades y Territorios (MOVYT), no Chile, explora como não é possível compreender realidades urbanas latino-americanas por meio de categorias estáticas. O trabalho, o lazer, o bairro, a rua, a casa, para ele, são unidades de análise relevantes para a sociologia, mas ao mesmo tempo é necessário encontrar alternativas para superá-las. Uma delas é ver como as pessoas produzem as cidades à medida em que se movimentam por elas. O método inequívoco é segui-las em seus percursos – de forma a ver onde seus fluxos estão livres e onde encontram restrições, ou onde se friccionam, mas principalmente o que acontece nos trajetos. Ao fazê-lo, se torna possível entender desde fenômenos de escala micro até grandes eventos, como o estalido no Chile, em 2019. Para Imilan, todo esse arcabouço teórico e empírico permite entender como as populações originárias que habitam o Chile, sobretudo os mapuche, experimentam e produzem o território por onde se movimentam. No limite, encontra questões que estavam inviabilizadas nas pesquisas sociológicas tradicionais, como a demanda mapuche por retornar a Santiago – e não migrar para a capital do país, como era conceituado até então –, já que o espaço da cidade era, antes de tudo, parte do seu próprio território ancestral.