Banner Portal
As metamorfoses da mercadoria folha
PDF

Palavras-chave

Folhas
Candomblé
Mercadoria
Metamorfose
Dádiva

Como Citar

RIBEIRO DE OLIVEIRA, Orlando José; FLORES SEIXAS DE OLIVEIRA , Marília. As metamorfoses da mercadoria folha: da natureza ao peji. Maloca: Revista de Estudos Indígenas, Campinas, SP, v. 6, n. 00, p. e023011, 2024. DOI: 10.20396/maloca.v6i00.18318. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/maloca/article/view/18318. Acesso em: 22 jul. 2024.

Resumo

Sob a denominação genérica de folhas, determinadas espécies de plantas  ocupam posição central nos rituais do candomblé, sendo-lhes atribuída eficácia  simbólica (mágico-religiosa) e terapêutica (medicinal) tornando-as indispensáveis  à própria existência do culto. Há, em Salvador – Bahia, uma dinâmica na comercialização dessas folhas que se articula com as práticas das religiosidades afrobrasileiras. Sendo as folhas bens simultaneamente econômicos e simbólicos, i.e., reiterando seu duplo caráter de mercadoria e de objeto portador de poder mágico-religioso (axé), ensaia-se uma análise da metamorfose dessa mercadoria, para  discutir a transformação da matéria prima em produto-objeto por efeito do trabalho vivo, inspirada no esquema de Enrique Dussel (2012), em que comenta os Grundrisse de Marx. Realça-se então as alterações formais que afetam as folhas, desde a condição de coisa natural, sua circulação como valor de troca no mercado, até sua consumação (ritual/terapêutica) no âmbito religioso, quando assume a forma  de ewê (erva sagrada) ao ser manipulada pelo babalorixá (sacerdote) e efetiva seu valor de uso. A singularidade do mercado das folhas em Salvador revela-se, dentre outros fatores, pela justaposição de duas esferas da circulação - simples e desenvolvida (Marx) - que se cruzam, dinâmicamente, articulando um mercado tradicional (de feitio “africano”) ao mercado capitalista contemporâneo.

 

https://doi.org/10.20396/maloca.v6i00.18318
PDF

Referências

DUSSEL, Enrique. 2012. A Produção Teórica de Marx: um comentário aos Grundrisse. São Paulo: Expressão Popular.

LEITE, Kelen Christina. 2009. “Apontamentos e perspectivas teóricas derivadas do pensa- mento de Marcel Mauss e sua relevância para a análise sociológica das formas alternativas de economia”. Campos – Revista de Antropologia 10(2): 41–58. http://dx.doi.org/10.5380/cam. v10i2.16335

MARX, Karl. 1996. O Capital: Crítica da Economia Política. Vol. I. Tomo 1. São Paulo: Nova Cultural.

MARX, Karl. 2008. Contribuição à Crítica da Economia Política. (2a ed.). São Paulo: Expressão Popular.

MARX, Karl. 2013. O Capital. Crítica da Economia Política. Livro 1 Vol. I: O processo de produção do capital. São Paulo: Boitempo.

MAUSS, Marcel. 2003. Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac & Naify.

OLIVEIRA, Orlando José Ribeiro de. 2017. O mercado das folhas na pedra: produção e circulação de plantas rituais/medicinais na Feira de São Joaquim, Salvador (BA). Tese de doutoramento, UFBA, Salvador, BA, Brasil.

PRANDI, Reginaldo. 2005. Segredos guardados: orixás na alma brasileira. São Paulo: Companhia das Letras.

POLANYI, Karl. 2000. A Grande Transformação: as origens de nossa época. (2a ed.). Rio de Janeiro: Campus.

SANTOS, Juana Elbein dos. 1976. Os Nagô e a Morte: padê, axexê e o culto egun na Bahia. Petrópolis: Vozes.

VERGER, Pierre. 1981. Orixás: deuses iorubás na África e no novo mundo. Salvador: Corrupio. WEBER, Max. 1999. Economia e Sociedade: fundamentos dasociologia compreensiva. Vol. 1. Brasília: Editora UnB; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Copyright (c) 2024 Orlando José Ribeiro de Oliveira, Marília Flores Seixas de Oliveira

Downloads

Não há dados estatísticos.