Banner Portal
A coafinidade Baniwa
PDF

Palavras-chave

Baniwa
Dravidianato Amazônico
Coafinidade
Noroeste Amazônico
Afinidade potencial

Como Citar

VIANNA, João. A coafinidade Baniwa: descrições e modelos no Noroeste Amazônico. Maloca: Revista de Estudos Indígenas, Campinas, SP, v. 3, n. 00, p. e020009, 2020. DOI: 10.20396/maloca.v3i00.13502. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/maloca/article/view/13502. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

O artigo busca situar as relações extraparentesco (de afinidade potencial) na construção do parentesco do Alto Rio Negro a partir de uma etnografia entre os Baniwa do rio Aiari, posicionando-se no debate sobre o dravidianato amazônico (cf. Viveiros de Castro, 2002). A partir de controvérsias classificatórias envolvendo categorias sociocentradas (fratrias e clãs) e egocentradas (terminologia dravidiana tripartida entre consanguíneos, afins e coafins), de casamentos viabilizados pela coafinidade (entre “filhos de mãe” ou aparentamento uterino) e de casamentos não prescritos, procura-se explicitar uma dinâmica onde parentesco agnático e uterino negam-se mutuamente sem que nenhum deles se estabeleça de modo fixo ou possa ser considerado paradigmático. Conquanto o parentesco agnático (com suas classificações sociocêntricas) seja mais saliente na descrição da região, busca-se no artigo instigar uma reflexão a respeito do parentesco uterino e sua codificação nos termos da coafinidade, que considere o coeficiente de afinidade das relações do parentesco amazônico. Evidencia-se uma dinâmica onde a agnação e a consanguinidade podem ser entendidas como subordinadas à cognação e à afinidade potencial. Por fim, espera-se demonstrar que a afinidade enquanto esquema de diferença explicita dinâmicas importantes entre parentesco e extraparentesco, entre os domínios humano e não humano, revelando as condições de produção de coletivos e parentes entre os Baniwa no Alto Rio Negro.  

https://doi.org/10.20396/maloca.v3i00.13502
PDF

Referências

ANDRELLO, Geraldo. De irmãos e cunhados. Formas da diferença no rio Uaupés. In.: SÁEZ, Oscar Calavia (Org.). Ensayos de teoría etnográfica en las tierras bajas de América del Sur. Madrid, Nola Editores, 2019.

ANDRELLO, Geraldo . Cidade do Índio. Transformações e cotidiano em Iauareté. São Paulo: Editora UNESP: ISA; Rio de Janeiro: NUTI, 2006.

ANDRELLO, Geraldo; GUERREIRO, Antonio; HUGH-JONES, Stephen. Space-time transformations in the Upper Xingu and Upper Rio Negro. Sociologia & Antropologia, Rio de janeiro, v. 05, n. 03, p. 699 – 724, 2015.

CABALZAR, Aloísio. Descendência e aliança no espaço tuyuka. Revista de Antropologia, São Paulo, USP, v. 43 n. 1, 2000.

CABALZAR, Aloísio. Filhos da Cobra de Pedra: organização social e trajetórias tuyuka no rio Tiquié (noroeste amazônico). São Paulo, Editora da Unesp/ISA/NuTI, 2008.

CABALZAR, Aloísio. Organização socioespacial e predomínios linguísticos no rio Tiquié. In.: EPPS, P. & STENZEL, K. (Coords). 2013. Upper Rio Negro: cultural and linguistic interaction in Northwestern Amazonia. Rio de Janeiro: Museu do Índio/FUNAI/Museu Nacional. p. 129-161, 2013.

COELHO DE SOUZA, Marcela. O traço e o círculo. O conceito de parentesco entre os jê e seus antropólogos. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Rio de Janeiro, Museu Nacional/UFRJ, 2002.

FOIRN/FUNAI/ISA. TERCEIRO BOLETIM Governança e Bem Viver Indígena: Planos de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas do Alto e Médio Rio Negro. São Gabriel da Cachoeira: FOIRN/FUNAI/ISA, 2017. Disponível em: https://issuu.com/instituto-socioambiental/docs/governanca3_web. Acesso em: 25 de abril. 2018.

FONTES, Francineia Bitencourt. Hiipana, Eeno Hiepolekoa: Construindo um pensamento antropológico a partir da mitologia Baniwa e de suas transformações. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social), Rio de Janeiro, Museu Nacional/UFRJ, 2019.

GARNELO, Luiza. Reinventando o cotidiano: Trajetórias familiares e estratégias de territorialização baniwa. In.: ALMEIDA, Alfredo Wagner e FARIAS JUNIOR, Emanuel (Org.). Mobilizações étnicas e transformações sociais no Rio Negro. Manaus: UEA e UFAM, 2010. p. 21 – 49.

GOLDMAN, Irving. The Cubeo: indians of the Nortwest Amazon, Urbana, University of Illinois Press, 1963.

GONZÁLEZ-ÑÁÑEZ, Omar. Las literaturas indígenas Maipure-arawakas de los pueblos Kurripako, Warekena y Baniva del estado Amazonas. Caracas: Fundaciion editorial el perro y la rana, 2007.

GOW, Peter. An Amazonian myth and its history. Oxford: Oxford University Press, 2001.

HILL, Jonathan. Keepers of Sacred Chants. The Poetics of Ritual Power in an Amazonian Society. Tucson: The University of Arizona Press, 1993.

HILL, Jonathan & SANTOS-GRANERO, Fernando. (Orgs.). Comparative arawakan histories: rethinking languages family and cultural area in Amazonia. Champaign: University of Illinois Press, 2002.

HUGH-JONES, Christine. From the Milk River. Spatial and Temporal Processes in North-west Amazonia. Cambridge: Cambridge University Press, 1979.

HUGH-JONES, Stephen. Caixa de Pandora: estilo alto-rio-negrino. R@U, v. 6, n. 1, p. 155-73, 2014.

HUGH-JONES, Stephen. “Bride-service and the absent gift”. JRAI 19: 356-377, 2013.

HUGH-JONES, Stephen. “The fabricated body: objects and ancestors in NW Amazonia”. In: Santos-Granero, Fernando (ed.), The Occult Life of Things. Tucson: University of Arizona Press, 2009.

HUGH-JONES, Stephen. La paix des jardins: Structures sociales des Indiens curripaco du haut Rio Negro (Colombie). Nicolas Journet. American Anthropologist, 98: 672–673, 1996.

JACKSON, Jean. The fish people. Cambridge: Cambridge University Press, 1983.

JACKSON, Jean. Bará zero generation terminology and marriage. Ethnology, n.XVI, p.83-104, 1977.

JOURNET, Nicolas. Les paix des jardins: Structures sociales des Indiens curripaco du haut Rio Negro (Colombie). Paris: Institut D’Ethnologie, Musée de L’Homme, 1995.

LÉVI-STRAUSS, Claude. As Estruturas Elementares do Parentesco. Petrópolis: Editora Vozes, 2003 [1967].

LÉVI-STRAUSS, Claude. História de Lince. São Paulo: Companhia das letras, 1993.

MARQUES, Bruno. A zarabatana e o adorno ritual: predação, assimetria e perspectiva nas relações Maku-Tukano (não publicado).

MATOS, Marcos. Organização e história dos manxineru do alto rio Iaco. 336 f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018.

OLIVEIRA, Adélia Engrácia de. A terminologia de parentesco baniwa - 1971. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Nova série: Antropologia, Belém, v. 56, p. 1-34, 1975.

OLIVEIRA, Adélia Engrácia de & GALVÃO, Eduardo. A situação atual dos Baniwa (Alto Rio Negro) - 1971. In.: O Museu Goeldi no ano do Sesquicentenário. Publ. Avulsas Mus. Pa. Emílio Goeldi, Belém, v. 20, p. 27-40, 1973.

RAMIREZ, Henri. Dicionário da Língua Baniwa. Manaus: Editora da Universidade do Amazonas, 2001.

REICHEL-DOLMATOFF, Gerardo. Yuruparí. Studies of an Amazonian Foundation Myth. Cambridge, Massachusetts: Havard University Press, 1996.

REID, Howard. Some aspects of movement, growth and change among the Hupda Maku indians of Brazil. Cambridge: Univ. of Cambridge. (Tese de Doutorado). 1979.

SCOLFARO, Aline, OLIVEIRA, Ana Gita; HERNÁNDEZ, Natalia; GÓMEZ, Silvia. Cartografia dos Sítios Sagrados. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2014.

SOARES-PINTO, Nicole. Uma incontornável diferença: parentesco nas Terras Baixas da América do Sul (1996-2016). BIB, São Paulo, n. 87, v. 3, p. 105-132, 2018.

VIANNA, João. Kowai e os Nascidos: a mitopoese do parentesco Baniwa. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2017.

VIVEIROS DE CASTRO, E. Araweté: os deuses canibais. Rio de Janeiro: ANPOCS/Jorge Zahar Editor, 1986.

VIVEIROS DE CASTRO, E. "Alguns aspectos da afinidade no dravidianato amazônico," in Amazônia: Etnologia e História Indígena, Série Estudos. Edited by M. Carneiro da Cunha and E. B. Viveiros de Castro, p. 149-210. São Paulo: Núcleo de História Indígena e do Indigenismo da USP/FAPESP, 1993.

VIVEIROS DE CASTRO, E. Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio. Mana, v. 2, n. 2, p. 115-144, 1996.

VIVEIROS DE CASTRO, E. “O Problema da afinidade na Amazônia” In: Viveiros de Castro, E. A inconstância da alma selvagem. São Paulo, Cosac e Naify, 2002a. p. 87-180.

VIVEIROS DE CASTRO, E. Atualização e contra-efetuação do virtual: o processo do parentesco. In: Viveiros de Castro, E. A inconstância da alma selvagem. São Paulo, Cosac e Naify, 2002b. p 401-456,

WAGNER, R. A invenção da cultura. São Paulo, Cosac e Naify, 2010.

WRIGHT, Robin. Mysteries of the jaguar shamans of the northwest Amazon. University of Nebraska Press, 2013.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Copyright (c) 2020 João Vianna

Downloads

Não há dados estatísticos.