Resumo
O processo histórico vivenciado pelos Guarani e Kaiowá, somado a vida em áreas de reservas, que há muito tempo enfrentam problemas com a falta de terra e com o aumento demográfico fazem parte dos elementos que corroboraram para o surgimento das retomadas indígenas no sul do Mato Grosso do Sul. No final do anos de 1980 e início dos anos de 1990 grupos indígenas Guarani e Kaiowá passaram a fazer ocupações de áreas reconhecidas por esses povos como terras de ocupação tradicional, bem como a montar acampamentos, localizados às margens de rodovias, com a finalidade de reivindicar novas demarcações. Nesse artigo, discuto como as reservas não são apenas espaços que limitam os processos de mobilidade espacial - ao impor fronteiras e um padrão de territorialidade- mas também, como propulsora de uma circulação que viabiliza a organização de coletivos, de reivindicações políticas e a emergência de novas formas de vida, como nas áreas de retomadas. Através desse olhar, o objetivo desse artigo é pensar as áreas de retomadas, tanto como uma possibilidade de retorno a terra tradicional, como fortalecedora das mobilidades Guarani e Kaiowá que, em conjunto com as reservas e os centros urbanos, criam uma rede por onde objetos, pessoas e conhecimento circulam e se conectam.
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