Banner Portal
Itinerários vegetais, ou da inconstância da aldeia banawá
PDF

Palavras-chave

Banawá
Purus
Agricultura indígena
Caçadores-coletores
Relações humanos-plantas

Como Citar

APARICIO, Miguel. Itinerários vegetais, ou da inconstância da aldeia banawá. Maloca: Revista de Estudos Indígenas, Campinas, SP, v. 3, n. 00, p. e020015, 2020. DOI: 10.20396/maloca.v3i00.13482. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/maloca/article/view/13482. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

As transformações vividas pelos Banawá (Arawá, Purus) nas últimas décadas remetem a um movimento em que as figuras de alteridade, sejam elas vegetais ou humanas, produzem uma oscilação constante entre a itinerância e a estabilidade. Incapazes de serem confinados na condição de “nômades” ou de “sedentários”, os Banawá desenvolvem práticas que também não se circunscrevem ao que convencionalmente se conhece como “caça e coleta”, por um lado, ou “agricultura”, por outro. Um olhar atento sobre a mitologia e sobre as relações com a floresta revelam que os processos de “perda da agricultura”, ou de retomada, alternância ou incorporação, se constituem como escolhas políticas. Nesse sentido, aldeia, roça e floresta não expressam tanto geografias da permanência ou da mudança, mas topologias inspiradas na inconstância da vida coletiva.

https://doi.org/10.20396/maloca.v3i00.13482
PDF

Referências

ALMEIDA, Mauro. As colocações: forma social, sistema tecnológico, unidade de recursos naturais. Mediações. Revista de Ciências Sociais, v. 17, n. 1, 2012. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5433/2176-6665.2012v17n1p121. Acesso em: 22 mar. 2017.

ALTMANN, Lori. Madija, um povo entre a floresta e o rio. Trilhas da produção simbólica Kulina (Mestrado em Ciências da Religião) - Instituto Metodista de Ensino Superior, São Bernardo do Campo, 1995.

AMORIM, Genoveva. O ritual kulina do Ajie: Movimentando os coletivos madija. In: Mendes dos Santos, Gilton & Aparicio, Miguel (Orgs.). Redes Arawa. Ensaios de etnologia do Médio Purus. Manaus: Edua, 2016, p. 111-132.

ANTUNES, André. Época da fantasia. PISEAGRAMA, n. 10, p. 20-25. Belo Horizonte, 2017.

APARICIO, Miguel. Presas del Veneno. Cosmopolítica y Transformaciones Suruwaha. Quito: Editorial Universitaria Abya Yala, 2015.

APARICIO, Miguel. A relação banawá. Socialidade e transformação nos Arawá do Purus (Doutorado em Antropologia Social) – PPGAS, Museu Nacional, Rio de Janeiro, 2019.

BALÉE, William. Footprints of the forest: Ka'apor ethnobotany. The historical ecology of plant utilization by an Amazonian people. New York: Columbia University Press, 1994.

BELAUNDE, Luisa E. A força dos pensamentos, o fedor do sangue. Hematologia e gênero na Amazônia. Revista de Antropologia, v. 49, n. 1, p. 205-243, 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-77012006000100007. Acesso em: 10 ago. 2018.

BIRD-DAVID, Nurit; VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo; HORNBORG, Alf; INGOLD, Tim; MORRIS, Brian; PÁLSSON, Gisli; RIVAL, Laura M.; SANDSTROM, Alan R. “Animism” Revisited: Personhood, Environment, and Relational Epistemology [and Comments and Reply]. Current Anthropology, v. 40, 1999. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/10.1086/200061. Acesso em: 26 jun. 2018.

CABRAL DE OLIVEIRA, Joana. Mundo de roças e florestas. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, v. 11, n. 1, p. 115-131, 2016. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1981.81222016000100007. Acesso em 2 jun. 2017.

CALÁVIA, Oscar. O território, visto por outros olhos. Revista de Antropologia, v. 58, n. 1, p. 258-284, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2015.102108. Acesso em 15 abr. 2016.

CHIMANOVITCH, Mário. O índio pacifica o branco. O Estado de São Paulo, edição de 15 jan. 1974.

CLASTRES, Pierre. Crônica dos Índios Guayaki. O que sabem os Aché, caçadores nômades do Paraguai. Rio de Janeiro: Editora 34, [1972] 1995.

COELHO DE SOUZA, Marcela (Org.). T/terras indígenas e territórios conceituais: incursões etnográficas e controvérsias públicas. EntreTerras, vol. 1, n. 1, p. 1-60, 2017.

COSTA, Luiz A. Worthless Movement: Agricultural Regression and Mobility. Tipití: Journal of the Society for the Anthropology of Lowland South America, v. 7, n. 2, p. 151-180, 2009. Disponível em: https://digitalcommons.trinity.edu/tipiti/vol7/iss2/2. Acesso em 8 jun. 2018.

DAL POZ, João. No País dos Cinta Larga. Uma etnografia do ritual (Mestrado em Antropologia Social) – PPGAS, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1991

FAUSTO, Carlos. Inimigos fiéis. História, guerra e xamanismo na Amazônia. São Paulo: Edusp, 2001.

FREITAS, Admilton. A roça, a colheita e a festa: uma etnografia dos rocados apurinã da aldeia Terra Nova (Mestrado em Antropologia Social) – PPGAS, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2017.

GARCIA, Uirá F. Karawara: a caça e o mundo dos Awá-Guajá. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – PPGAS, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

GONÇALVES, Marco Antônio. O mundo inacabado. Ação e criação em uma cosmologia amazônica: Etnografia pirahã. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2001.

GOW, Peter. Canção Purús. Nacionalização e tribalização no sudoeste da Amazônia. Revista de Antropologia, v. 49, n. 1, p. 431-464, 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-77012006000100013. Acesso em 9 nov. 2018.

GOW, Peter. “Me deixa em paz!” Um relato etnográfico preliminar sobre o isolamento voluntário dos Mashco. Revista de Antropologia, v. 54, n. 1, p. 11-46, 2011. Disponível em: https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2011.38582. Acesso em 21 set. 2017.

INGOLD, Tim. On the social relations of the hunter-gatherer band. In: Lee, Richard B.; Daly, Richard (eds.). The Cambridge Encyclopedia of Hunters and Gatherers, Cambridge: Cambridge University Press, p. 399-410, 1999.

KELLY, José A. Notas para uma teoria do “virar branco”. Mana: Estudos de Antropologia Social, v. 11, n. 1, p. 201-234, 2005. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-93132005000100007. Acesso em: 30 jun. 2018.

LAGROU, Els. Rir do poder e o poder do riso nas narrativas e performances kaxinawa. Revista de Antropologia, v. 49, n. 1, p. 55-90, 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-77012006000100003. Acesso em: 7 abr. 2018.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Guerra e comércio entre os índios da América do Sul. In: SCHADEN, Egon (Org.). Leituras de etnologia brasileira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1976.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Mitológicas. 2. Do mel às cinzas. São Paulo: Cosac Naify. [1967] 2004.

LEVIS, Carolina; FLORES, B. M.; MOREIRA, P. A.; LUIZE, B. G.; ALVES, R. P.; FRANCO-MORAES, J.; ... CLEMENT, Ch. R. How people domesticated Amazonian forests. Frontiers in Ecology and Evolution, n. 5, p. 171s., 2018. Disponível em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fevo.2017.00171/full. Acesso em: 22 jul. 2018.

NEVES, Eduardo Góes. A incipiência permanente. Conferência proferida no Seminário “Antropologia e Arqueologia da Amazônia”. Belo Horizonte: UFMG/FAFICH, 2012.

NEVES, Eduardo Góes. Não existe Neolítico ao Sul do Equador: as primeiras cerâmicas amazônicas e sua falta de relação com a agricultura. In: Barreto, Cristiana; Lima, Helena Pinto; Betancourt, Carla Jaimes (Orgs.). Cerâmicas arqueológicas da Amazônia: rumo a uma nova síntese. Belém: IPHAN – Museu Paraense Emílio Goeldi, 2016.

OTTO, Renata. A besta árida: uma perspectiva “antineolítica” entre os Awá-Guajá, Tupi no Maranhão. Teoria e Sociedade, n. 24/2, p. 131-154, 2018. Disponível em: http://www.teoriaesociedade.fafich.ufmg.br/index.php/rts/article/view/290. Acesso em 2 fev. 2018.

QUEIROZ, Rubens C. A perspectiva antineolítica abaixo do Equador: Relato de um caso etnográfico Carib nas Guianas. Teoria e Sociedade, n. 24/2, p. 115-129., 2018. Disponível em: http://teoriaesociedade.fafich.ufmg.br/index.php/rts/article/view/289. Acesso em 5 fev. 2018.

RIVAL, Laura M. Trekking through History. The Huaorani of Amazonian Ecuador. New York: Columbia University Press, 2002.

RIVAL, Laura M. Transformaciones Huaorani. Frontera, cultura y tensión. Quito: Ediciones Abya Yala, 2015.

RODGERS, David. A soma anômala: a questão do suplemento no xamanismo e menstruação ikpeng. Mana: Estudos de Antropologia Social, v. 8, n. 2, p. 91-125, 2002. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-93132002000200004. Acesso em 31 mai. 2018.

SCHIEL, Juliana. Tronco velho. Histórias apurinã. Tese (Doutorado em Antropologia) – UNICAMP, Campinas, 2004.

SCHRÖDER, Peter - MAIZZA, Fabiana. Verbete “Jarawara”. In: Instituto Socioambiental, Povos Indígenas do Brasil. Disponível em: https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Jarawara. Acesso em 12 mar. 2018.

SHEPARD, Glenn H.; NEVES, Eduardo G.; CLEMENT, Charles R.; LIMA, Helena; MORAES, Claide; MENDES DOS SANTOS, Gilton. Ancient and Traditional Agriculture in South America: Tropical Lowlands. In: Oxford Research Encyclopedia of Environmental Science. Oxford University Press, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1093/acrefore/9780199389414.013.597 Acesso em 29 mar. 2020.

SHIRATORI, Karen. O olhar envenenado: da metafísica vegetal Jamamadi. Tese (Doutorado em Antropologia Social), PPGAS, Museu Nacional, Rio de Janeiro, 2018.

SMITH, Bruce D. General patterns of niche construction and the management of ‘wild’ plant and animal resources by small-scale pre-industrial societies. Philosophical Transactions of The Royal Society - Biological Sciences, n. 366, 2011. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3048989/. Acesso em 28 fev. 2018.

SMITH, Bruce D. A Cultural Niche Construction Theory of Initial Domestication. Biological Theory, v. 6, n. 3, p. 260–271, 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s13752-012-0028-4. Acesso em: 6 fev. 2018.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Araweté: os deuses canibais. Rio de Janeiro: Jorge Zahar/ANPOCS, 1986.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Copyright (c) 2020 Miguel Aparicio

Downloads

Não há dados estatísticos.