Resumo
Entre 1899 e 1929, Max Schmidt trabalhou no Museu Etnológico de Berlim e realizou três expedições ao Mato Grosso para continuar as investigações de seu mentor Karl von der Steinen. Entre 1900 e 1901, ele explorou o alto Xingu tentando alcançar o território Kamaiurá, encontrando vários índios Bacairí, Nahukuá e Aweti, e também os Guató dos pântanos do alto Paraguai. Em 1910, ele participou do Congresso Internacional de Americanistas em Buenos Aires e aproveitou a oportunidade para estudar os Paresí. Entre 1926 e 1928, empreendeu uma viagem final ao alto Xingu e visitou Bacairí, Kaiabi, Paresí, Iranches e Umotinas. Nessas viagens, Schmidt tirou dezenas de fotos que documentam a vida indígena e os primeiros contatos interétnicos. O artigo apresenta o contexto etnográfico dessas imagens, discutindo os incidentes de cada jornada, relatados em diários de viagem detalhados; a exploração e conquista do Mato Grosso indígena por agentes do Estado e barões da borracha; a herança etnográfica e metodológica de Adolf Bastian, Karl von der Steinen e a discussão em andamento na etnologia alemã e os próprios interesses teóricos e museográficos de Schmidt. Finalmente, discute o trabalho de campo etnográfico de Schmidt e o papel que a fotografia teve nele.
Referências
BALDUS, Herbert. Max Schmidt 1874-1950. Revista do Museu Paulista (n.s.), n. 5, p. 253-260, 1951.
BOSSERT, Federico; VILLAR, Diego. Hijos de la selva: la etnografía de Max Schmidt, Santa Monica CA: Perceval Press, 2013.
BUNZ, Matti. Franz Boas and the Humboldtian Tradition: From Volksgeist and Nationalcharakter to an Anthropolo-gical Concept of Culture. In: STOCKING, G. W. (Ed.). Volksgeist as Method and Ethic. Essays on Boasian Ethnogra-phy and the German Anthropological Tradition. Madison - Londres: University of Wisconsin Press, 1996. p. 17-78.
GINGRICH, Andre. The German-Speaking countries.In: BARTH, F.; GINGRICH, A.; PARKIN, R.; SILVERMAN, S. One Discipline, Four Ways: British, German, French, and American Anthropology. Chicago: University of Chi-cago Press, 2005. p. 59-153.
HECKENBERGER, Michael. Rethinking the arawakan diaspora: hierarchy, regionality and the amazonian formative. In: HILL, Jonathan; SANTOS-GRANERO, Fernando (Eds.). Comparative arawakan histories. Rethinking languages family and cultural area in Amazonia. Urbana: University of Illinois Press, 2002. p. 99-122.
HECKENBERGER, Michael; NEVES, Eduardo Góes. Amazonian Archaeology. Annual Review of Anthropology, v. 38, p. 251-266, 2009.
HORNBORG, Alf; HILL, Jonathan (Eds.). Ethnicity in Ancient Amazonia: Reconstructing Past Identities from Archaeology, Linguistics, and Ethnohistory. Boulder: University of Colorado Press, 2011.
KRAUS, Michael. Philological Embedments - Ethnological Research in South America in the Ambience of Adolf Bastian. In: FISHER, M. et al. (Eds.). Adolf Bastian and His Universal Archive of Humanity. The Origins of German Anthropology. Hildesheim - Zurich - Nueva York: Georg Olms Verlag, p. 2007. 140-153.
PENNY, H. Glenn. Objects of culture. Ethnology and Ethnographic Museums in Imperial Germany. Chapel Hill - Londres: The University of North Carolina Press, 2002.
SCHADEN, Egon. Pioneiros Alemães da Exploração Etnológica do Alto Xingu. In: PENTEADO COELHO, V. (Ed.). Karl von den Steinen: Um Século de Antropologia no Xingu, Universidade de São Paulo: San Pablo, 1993. p. 109-130.
SCHMIDT, Max. Los Bakairí. Revista do Museu Paulista, vol. 1, p. 11-58, 1947.
SCHMIDT, Max. Los Paressís. Revista de la Sociedad Científica del Paraguay vol. 6, n. 1, p. 1-67, 1943.
SCHMIDT, Max. Resultados de mi tercera expedición a los guatós efectuada en el año 1928. Revista de la Sociedad Científica del Paraguay, vol. 5, n. 6, p. 41-75, 1942a.
SCHMIDT, Max. Estudos de Etnologia Brasileira. Peripécias de uma viagem entre 1900 e 1901. Seus resultados etnoló-gicos. San Pablo: Companhia Editora Nacional, 1942b.
SCHMIDT, Max. Los Kayabís en Matto-Grosso (Brasil). Revista de la Sociedad Científica del Paraguay, vol. 5, n. 6, p. 1-39, 1942c.
SCHMIDT, Max. Los Iranches. Revista de la Sociedad Científica del Paraguay, vol. 5, n. 6, p. 35-40, 1942d.
SCHMIDT, Max. Los Barbados o Umotinas en Matto Grosso (Brasil). Revista de la Sociedad Científica del Paraguay, vol. 5, n. 4, p. 1-42, 1941.
SCHMIDT, Max. Nuevos hallazgos de grabados rupestres en Matto-Grosso. Revista de la Sociedad Científica del Para-guay, vol. 5, n. 1, p. 63-71, 1940.
SCHMIDT, Max. The Primitive Races of Mankind. A Study in Ethnology. Londres: George Harrap, 1926.
SCHMIDT, Max. Grundriss der ethnologischen Volkswirtschaftslehre. Der soziale Wirtschaftsprozess der Menschheit. Sttutgart: Verlag von Ferdinand Enke, 1921.
SCHMIDT, Max. Grundriss der ethnologischen Volkswirtschaftslehre. Die soziale Organisation der menschlichen Wirts-chaft. Sttutgart: Verlag von Ferdinand Enke, 1920.
SCHMIDT, Max. Die Aruaken. Ein Beitrag zum Problem de Kulturverbrietung. Leipzig: Veit & Co, 1917.
SCHMIDT, Max. Die Guató und ihr Gebiet. Ethnologische und archäologische Ergebnisse der Expedition zum Caracará--Fluss in Matto Grosso. Baessler-Archiv, vol. 4, n. 6, p. 251-283, 1914a.
SCHMIDT, Max. Die Paressí-Kabischi. Ethnologische Ergebnisse einer Expedition zu den Quellen des Jaurú und Juruena im Jahre 1910. Baessler-Archiv, vol. 4, n. 4-5, p. 167-250, 1914b.
SUSNIK, Branislava. Interpretación etnocultural de la complejidad sudamericana antigua: Formación y dispersión étnica. Asunción: Museo Etnográfico Andrés Barbero, 1994.
SUSNIK, Branislava. Prof. Dr. Max Schmidt. Su contribución etnológica y su personalidad. Asunción: Museo Etnográfico Andrés Barbero, 1991.
THIEME, Inge. Karl von den Steinen: Vida e Obra. In: PENTEADO COELHO, Vera (Ed.). Karl von den Steinen: Um Século de Antropologia no Xingu. San Pablo: Universidade de São Paulo, 1993. p. 35-108.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Copyright (c) 2019 Federico Bossert, Diego Villar