Resumo
No texto, nos é revelada uma cruel distinção: enquanto no mundo dos “brancos” deixar a terra, migrar, refugiar-se, despatriar-se é, muitas vezes, solução para a manutenção da vida, para os Guarani Kaiowá esta não é uma alternativa possível; deixar a terra significa o abandono de seu próprio corpo e vitalidade ancestral – é como seguir vazio, desenraizado, portanto, sempre
morto. Para além disso, há também a percepção explícita de que, para eles, se viver já é difícil de posse da terra nesse cenário de profundas mazelas e violações de direitos básicos, viver sem um pedaço de chão de onde se possa tirar o sustento é dar início à contagem regressiva da morte sentenciada, sucessiva e inevitável, que leva um a um no atravessamento do tempo.
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Copyright (c) 2018 Jade Rainho