Resumo
Considerando o sindicalismo um movimento contraditório na luta de classes, o artigo analisa o movimento sindical brasileiro no ano de 2013, marcado por um levante popular a nível nacional. Como o sindicalismo se posicionou e atuou naquele ano? A partir de uma análise bibliográfica e de dados econômicos e sindicais, realiza-se uma reflexão focada na articulação entre as manifestações de ruas, as greves e os espaços institucionais. Verificou-se o acúmulo de descontentamento nas classes trabalhadoras durante os governos do Partido dos Trabalhadores (PT), o processo de institucionalização do movimento sindical no mesmo período e indícios de uma maior agitação trabalhista nas bases sindicais, concomitante ao aumento de protestos. Concluiu-se que as centrais e direções sindicais se posicionaram, no geral, de forma ambígua em relação ao cenário de forte mobilização de massas de 2013, reforçando sua aposta na institucionalização.
Referências
ALTHUSSER, Louis. Sobre a reprodução. Petrópolis: Vozes, 2008.
ANTUNES, Ricardo; SANTANA, Marco Aurélio. “The Dilemmas of the New Unionism in Brazil: Breaks and Continuities”. In: Latin American Perspectives, v. 41, 2014.
ANTUNES, Ricardo.; SILVA, Jair Batista da. “Para onde foram os sindicatos? Do sindicalismo de confronto ao sindicalismo negocial”. In: Cad. CRH, Salvador, v. 28, n.75, 2015.
BOITO JUNIOR, Armando; GALVÃO, Andreia ; MARCELINO, Paula. “Brasil: o movimento sindical e popular na década de 2000”. In: Observatório Social de América Latina, v. 1, 2009.
BOITO JUNIOR, Armando; GALVÃO, Andreia ; MARCELINO, Paula. “La nouvelle phase du syndicalisme brésilien”. In: Cahiers des Amériques Latines, Paris, v. 80, 2015.
BOITO JUNIOR, Armando; MARCELINO, Paula. “O sindicalismo deixou a crise para trás? Um novo ciclo de greves na década de 2000”. In: Caderno CRH, Salvador, n.59, 2010.
BRAGA, Ruy. A política do precariado: do populismo à hegemonia lulista. São Paulo: Boitempo, 2012.
BRAGA, Ruy. A rebeldia do precariado: trabalho e neoliberalismo no Sul global. São Paulo: Boitempo, 2017.
BRAGA, Ruy. “A return of class struggle without class? Moral economy and popular resistance in Brasil, South Africa and Portugal”. In: Sociologia & Antropologia, v. 9, p. 2019.
BRAGA, Ruy. “Precariado e sindicalismo no Brasil contemporâneo: Um olhar a partir da indústria do call center”. In: Revista Crítica de Ciências Sociais, Coimbra, n. 103, 2014.
BRAGA, Ruy; SANTANA, Marco Aurélio. “Dinâmicas da ação coletiva no Brasil contemporâneo: encontros e desencontros entre o sindicalismo e a juventude trabalhadora”. In: Caderno CRH, Salvador, v. 28, 2015.
BRINGEL, Breno; PLEYERS, Geoffrey. Junho de 2013... “Dois anos depois: polarização, impactos e reconfiguração do ativismo no Brasil”. In: Nueva Sociedad: Democracia e Politica en América Latina, vol. especial, 2015.
CAMPOS, C. V. “As relações entre o movimento sindical e os governos petistas (2003-2016)”. In: Temáticas, Campinas, v. 27, n. 53, 2019.
CARDOSO, Adalberto Moreira. “Dimensões da crise do sindicalismo brasileiro”. In: Caderno CRH, Salvador, v. 28, 2015.
CARLEIAL, Liana Maria da Frota. “Política econômica, mercado de trabalho e democracia: o segundo governo Dilma Rousseff”. In: Estud. av., São Paulo , v. 29, n. 85, 2015.
DIEESE. Balanço das greves em 2013. Brasília: DIEESE, 2015.
EDELMAN, Bernard. A legalização da classe operária. São Paulo: Boitempo, 2016.
GALVÃO, Andréia. “A contribuição do debate sobre a revitalização sindical para a análise do sindicalismo brasileiro”. In: Crítica Marxista, São Paulo, v. 38, 2014.
LINHARES, Rodrigo. “As greves de 2011 a 2013”. In: Revista Ciências do Trabalho, n. 5, 2015.
MARCELINO, Paula. “Sindicalismo e neodesenvolvimentismo: analisando as greves entre 2003 e 2013 no Brasil”. In: Tempo Social, São Paulo, v. 29, n. 3, 2017.
MARX, Karl. O Capital: Crítica da Economia Política. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1996.
MATTOS, Fernando Augusto Mansor de. “Avanços e dificuldades para o mercado de trabalho”. In: Estud. av., São Paulo, v. 29, n. 85, 2015.
MEDEIROS, Marcelo; SOUZA, Pedro H. G. Ferreira de; CASTRO, Fábio Avila de. “O Topo da Distribuição de Renda no Brasil: Primeiras Estimativas com Dados Tributários e Comparação com Pesquisas Domiciliares (2006-2012)”. In: Dados, Rio de Janeiro, v. 58, n. 1, 2015.
OLIVEIRA, Francisco. Crítica da razão dualista / O ornitorrinco. São Paulo: Boitempo, 2013.
POCHMANN, Marcio. O mito da grande classe média: capitalismo e estrutura social. São Paulo: Boitempo, 2014.
SAFATLE, Vladimir. “O dia no qual o Brasil parou por dez anos”. In: ALTMAN, Breno; CARLOTTO, Maria Caramez (org.). Junho de 2013: a rebelião fantasma. São Paulo: Boitempo, 2023.
SAFATLE, Vladimir. Só mais um esforço. São Paulo: Três estrelas, 2017.
SINGER, André. “Brasil, junho de 2013, classes e ideologias cruzadas”. In: Novos estudos CEBRAP, São Paulo, n. 97, 2013.
SILVER, Beverly J. Forças do trabalho: movimentos de trabalhadores e globalização desde 1870. São Paulo: Boitempo, 2005.
SOARES, José de Lima. “As centrais sindicais e o fenômeno do transformismo no governo Lula”. In: Soc. estado., Brasília, v. 28, n. 3, 2013.
SOARES, José Luiz. “O que terá acontecido ao sindicalismo bancário no Brasil (2003-2014)?”. In: Sociol. Antropol, Rio de Janeiro, v. 6, n. 2, 2016.
TATAGIBA, Luciana. “1984, 1992 e 2013. Sobre ciclos de protestos e democracia no Brasil”. In: Política e Sociedade, Florianópolis, v. 13, n. 28, 2014.
VÉRAS DE OLIVEIRA, Roberto. “Brasil em obras, peões em luta, sindicatos surpreendidos”. In: Revista Crítica de Ciências Sociais, Coimbra, v. 103, 2014.
VÉRAS DE OLIVEIRA, Roberto. “Current Challenges to Workers and Unions in Brazil”. In: Research & Policy Brief, Los Angeles, v. 39, 2016.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2023 Alexandre Marinho Pimenta