Resumo
O artigo desenvolve o conceito de ecologização do capital a partir do referencial teórico marxiano, definindo-a como forma capitalista de enfrentamento da crise ambiental que é causada pelo próprio movimento do capital. Inicia-se relacionando a crise ambiental e a dinâmica necessariamente expansiva do capital referenciada na categoria valor. Essa dinâmica expansiva tem sua complexidade destacada, na sequência, pelo estudo da renda fundiária, quando se verifica o caráter desigual e combinado da expansão capitalista sobre o ambiente. O artigo realiza, em seguida, um paralelo analítico entre a crise ambiental e a crise do capital relacionada ao valor, identificando o caráter tendencial das crises no capitalismo e seu fundamento na eliminação proporcional do trabalho vivo em relação ao trabalho objetivado. A análise dos elementos da crise ambiental – relacionados ao estudo prévio da renda fundiária e à dinâmica expansiva do capital sobre a natureza – permite identificar que, na crise ambiental, atuam contratendências e, mais do que isso – o que revela uma contribuição analítica importante para o debate ambiental no marxismo –, que a ecologização do capital tem a potencialidade de atuar ela mesma como uma tendência contra-arrestante à crise capitalista ao converter obstáculos ambientais em fronteiras para a expansão do capital.
Referências
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