Vivências de pacientes diante de incapacidades funcionais pós-terapia intensiva

Abstract

Apesar dos avanços da terapia intensiva nas últimas décadas, a doença crítica e alguns tratamentos necessários à manutenção da vida impõem a uma parcela dos pacientes incapacidades funcionais que modificam profundamente suas vidas no retorno ao domicílio. Compreender as vivências de pacientes no domicílio diante de incapacidades funcionais pós-terapia intensiva. Trata-se de um Estudo de Caso qualitativo realizado no domicílio dos participantes. A amostra de oito participantes foi composta de modo intencional e fechada por saturação teórica, onde os critérios de inclusão foram idade igual ou superior a 18 anos; internação em terapia intensiva por no mínimo de 15 dias; uso de Ventilação Mecânica Invasiva (VMI) na internação; limitação da capacidade funcional pós-alta hospitalar determinada pela Escala de Lawton e Brody e tempo de retorno ao domicílio entre 30 e 180 dias. Contribuíram com a seleção de participantes duas instituições de saúde situadas em uma cidade do sul de Minas Gerais. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevista semiestruturada e anotações em diário de campo, e a análise do material empírico deu-se pela análise temática de conteúdo de Minayo. Como referencial teórico principal utilizou-se os sentidos de Integralidade em Saúde. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) sob o parecer número 2.164.658. Da leitura do material emergiram as categorias: A vivência do sofrimento emocional e sua repercussão na recuperação funcional e A vivência da perda de papéis familiares e de conflitos diante da dependência. Pacientes com incapacidades funcionais pós-terapia intensiva podem experimentar mais que a manifesta limitação do corpo diante dessas incapacidades, vivenciando intenso sofrimento emocional e modificações profundas na dinâmica e relacionamento familiares. Estes achados permitem destacar a importância do cuidado integral junto a esses pacientes, especialmente a consideração das diversas dimensões que compõem o ser e influenciam no seu adoecimento, a importância do trabalho interdisciplinar e a importância do cuidado construído junto à família.