Resumo
Nas margens do São Francisco vivem alguns coletivos quilombolas que destacam a centralidade deste rio em suas vidas, sendo considerado por eles como um organismo vivo e com agência, pois ele anda, come e deixa a terra, criando ilhas, paisagens e fazendo movimentar pessoas, bichos, plantas e saberes. Esse “sistema circulatório” das águas produz a vida da terra e dos viventes do lugar, que também são afetados pela influência do governo da lua. Neste trabalho, procuro descrever os saberes quilombolas sobre a paisagem e como ela se constitui a partir da influência das águas e dos astros.
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