Resumo
Este artigo explora as possibilidades analíticas da terra, elevada aqui à categoria analítica, tendo como base o uso que os moradores de Tourém, aldeia rural fronteiriça do Norte de Portugal, fazem dessa palavra. Pretende-se traçar uma linha argumentativa que parte de suas narrativas e de suas noções de terra para encontrar ferramentas analíticas como a territorialidade e a vicinalidade. O exercício etnográfico considera as histórias de família e as narrativas dos moradores da aldeia se debruçando sobre os usos e desusos da terra, assim como a maneira pela qual a terra se constitui como um elemento para pensar categorias êmicas de vivências.
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