Resumo
Este trabalho analisa a atuação da Igreja católica e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Conceição do Araguaia, bem como a ação dos aparelhos de Estado nos conflitos de terra na região Araguaia Paraense, na Amazônia Oriental, entre 1975 e 1990. A ação da Igreja e do STR legitimou os direitos dos posseiros, fortaleceu a resistência deles nas áreas litigiosas e os encorajou para a luta. Essas instituições, embora não sendo um partido político, localizavam politicamente os conflitos e davam-lhes uma dimensão mais ampla, potencializando a presença desses trabalhadores no cenário político nacional. Mas, ao mesmo tempo em que apoiavam e defendiam os posseiros, confrontavam-se com os aparelhos de poder e detentores do capital. Assim, a problemática da terra não foi só o lócus privilegiado do confronto entre posseiros e proprietários rurais, mas também entre os mediadores e os organismos de Estado na condução dos conflitos.
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