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Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 7, p. 1-7, e021030, 2021.
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EDITAR: ATO ARTESÃO DE PUBLICAR PALAVRAS E PERSCRUTAR
MEMÓRIAS
Maria Cristina Menezes
Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Brasil
CIVILIS - Grupo de Estudos e Pesquisas em Hisria da Educação,
Cultura Escolar e Cidadania
mcris@unicamp.br
Maria de Lourdes Pinheiro
Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Brasil
CIVILIS - Grupo de Estudos e Pesquisas em Hisria da Educação,
Cultura Escolar e Cidadania
pinheiro.lou@gmail.com
Joel Martins Luz
Universidade Federal de Mato Grosso
CIVILIS - Grupo de Estudos e Pesquisas em Hisria da Educação,
Cultura Escolar e Cidadania
joel@ufr.edu.br
André Araujo de Oliveira
Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Brasil
CIVILIS - Grupo de Estudos e Pesquisas em Hisria da Educação,
Cultura Escolar e Cidadania
andre_ao-21@hotmail.com
EDIÇÃO 2021 RIDPHE_R
A edição 2021 da RIDPHE_R, Revista Iberoamericana do Patrimônio Histórico-
Educativo, tal como em 2020, sem a possibilidade de encontros presenciais aos seus editores,
foi artesanalmente confeccionada, em prática já recorrente, com cada qual em seu lugar.
Diferentes cidades, por vezes, estados ou regiões do Brasil, quando não, para além do Atlântico.
Nessa edição, em especial, em interlocução que enreda editores, organizadores de Dossiês,
pareceristas, dentre outros, proporciona fecunda movimentação que passa pela tela de
computadores, display de celulares e vozes trocadas em abundância na pressa de perguntas e
respostas. Enfim, uma labuta sem fim, em trabalho que se desdobra na convivência virtualizada
de um doméstico nela sedimentado. Na colisão/coalizão por vezes dissonante/assonante, se
exerce a prática editorial que desenha na tela fria e clara acordes em tonal/atonal composição,
na construção de seções, com títulos e subtítulos que se espalham, espelham, transformam e
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movimentam a tela inerte. Nela se lê Dossiê; se lê Artigo; se lê Documento; se lê Resenha. Está
posto o arcabouço de uma nova edição.
DOSSIÊ 2021- MEMÓRIAS DE PROCESSOS DE RENOVAÇÃO PEDAGÓGICA NO
BRASIL: EDUCAÇÃO BÁSICA, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PESQUISA
EDUCACIONAL NA TRAJETÓRIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
O Dossiê 2021, da RIDPHE_R, intitulado “Memórias de processos de renovação
pedagógica no Brasil: educação básica, formação de professores e pesquisa educacional na
trajetória da Universidade de São Paulo”, apresentado por Carmen Sylvia Vidigal Moraes,
Elizabeth dos Santos Braga e Roni Cleber Dias de Menezes, docentes da FEUSP, teve como
mote as comemorações ocorridas em 2019 em tributo aos 50 anos da Faculdade de Educação
da USP, FEUSP, e dos 60 anos de sua Escola de Aplicação, EAFEUSP. Os textos que
comem o dossiê pautam-se pelos desdobramentos das discussões e da produção que
decorreram das comemorações e buscam perfilar as instituições celebradas na importância que
carregam em nível nacional e internacional.
São rememorações emocionadas, porém, de forte lucidez, de professoras (es), ex-alunas
(os), alunas(os), da Faculdade de Educação da Universidade de são Paulo, FEUSP, que
compartilham momentos críticos de necessária e constante restituição no âmbito institucional.
É revigorante às gerações passadas e imprescindível às novas, se os tempos são hoje difíceis,
muito se pode aprender sem o medo de que nos tome a emoção, ela regozija ainda hoje e carrega
o frescor da luta e da labuta de muitas e muitos. Espíritos que não perderam a capacidade da
indignação e de resistir ao desmedido. Tendo ainda a considerar o fato de ser, a Universidade
de São Paulo, a instituição de nível superior de maior peso nacional e da América Latina,
estando ainda entre as 100 melhores do mundo. O orgulho, de nela estar e ter participado de
momentos cruciais de sua história, se revela em não poucos dos textos desse Dossiê.
Na apresentação do dossiê, os organizadores enunciam a motivação na organização e
escolhas requeridas à instigante empreitada com a qual se comprometeram. Tal projeto levou à
recolha de textos que, por um lado, atentou à entusiástica tarefa a que se entregaram docentes,
alunos, funciorios e pesquisadores das duas instituições por ocasião das comemorações de
criação de ambas, quando uma série de atividades, especialmente ligadas à produção e evocação
de memórias, animaram todo o ano de 2019. Por outro lado, um conjunto de textos capaz de
expressar a diversidade de abordagens tricas e poticas que caracterizam a FEUSP. Para
além, buscou explorar a irrupção no cenário educacional de inovações e reformas que
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redimensionaram os traços da educação no país nos últimos 60 anos, por meio do exame dos
estímulos e rebatimentos de tais transformações tendo as instituições supracitadas como atores
privilegiados no curso de tais mudanças.
1º BLOCO DOSSIÊ FEUSP EAFEUSP
Se podemos considerar o dossiê em dois blocos, diante da percepção do exposto por
seus organizadores, então o texto de abertura, do primeiro bloco, recai no escrito da Profa.
Maria Cecília Cortez Christiano e se completa o texto da Profa. Roseli Fischmann. Textos que
buscaram contemplar a criação da Faculdade de Educação da USP em 1970, com apoio em
material memorialístico, produzido pela autora, no caso da Professora Cecilia Cortez, que se
constituiu em fio narrativo do seu escrito que traz como pano de fundo o processo político
vivido pela Universidade nos anos que antecederam e se seguiram à Reforma Universitária de
1968. O escrito da Professora Roseli Fischmann, por sua vez, a despeito de se apoiar em
pesquisa documental e bibliográfica, será sustentado em relato que contempla vivência
institucional da autora em ininterruptos 50 anos de vida na FEUSP, sendo, nesse sentido,
investigação que se aproxima da abordagem (auto)biográfica, como informa a professora.
Tais textos, emblemáticos pelo que representam para a história da educação, em nível
regional e nacional, são urdidos no calor da emoção daquelas que partícipes de uma história,
podem agora rememorar à luz da complexidade da história problematizada e escancarada em
suas contradições. Dentre rememorações, depoimentos, apresentação de importantes
documentos, encontra-se também o texto da profa. Maria de Lourdes Janotti, Colégio de
Aplicação da Universidade de são Paulo (1955-1970)”, leitura imprescindível aos nossos dias,
ao nos inteirarmos de movimento advindo de colegiais e que culminou com a invasão do
Colégio por policiais do DOPS, em 1967, quando se encontrava ocupado por seus estudantes.
Os textos que entremeiam o primeiro bloco tratam, ainda, de importantes instituições que
estiveram estreitamente relacionadas à constituição da FEUSP e da sua Escola de Aplicação.
Tal como o Centro Regional de Pesquisas Educacionais (CRPE), que foi criado pelo Instituto
Nacional de Estudos Pedagógicos, em 1956, e funcionou em um dos prédios que hoje abrigam
a Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP,) atuando no assessoramento
de sistemas de ensino e à experimentação pedagógica, como o ensino vocacional e classes
experimentais, contribuindo para a mobilização potica em defesa da Educação pública,
universal, gratuita, laica e democrática.
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BLOCO DOSSIÊ FEUSP EAFEUSP
Um segundo bloco de artigos no Dossiê se inicia com texto que aponta para a
internacionalização que tem perpassado a vida acadêmica da FEUSP. O texto do Prof. Jorge do
Ò, da Universidade de Lisboa, traz testemunho direto e pessoal da experiência do docente nos
últimos 20 anos como professor convidado e conferencista na Faculdade de Educação da
Universidade de São Paulo. Na sequência são apresentados textos que abordam a atuação de
docentes da/na FEUSP e EAUSP em prol da formação de professores, da cultura escolar e a
atuação de docentes nestas instituições, contemplados nos artigos das (os) Profas.(es) Selma
Garrido Pimenta e Maria Isabel de Almeida; Nívia Gordo e Carlota Boto; Izabel Galvão da
Universidade Sorbonne Paris Nord Paris 13 e docente da FEUSP de 1997 a 2005; Manoel
Oriosvaldo de Moura; Katiene Nogueira da Silva e Juliana de Souza Silva. O segundo bloco,
ainda que no contexto de estruturação hipotética, visando a leitura do Dossiê, é finalizado com
o texto “De memórias e afetos diálogos com ex-alunos docentes da FEUSP”, de Elizabeth dos
Santos Braga e Roni Cleber Dias de Menezes, composto pelos depoimentos de seis docentes da
FEUSP que ali se graduaram. São memórias/vivências, de ex-alunas (os) - professoras (es), que
trazem a percepção, o olhar, sobre esses dois papéis vividos na instituição.
NOVAS SEÇÕES - EDIÇÃO 2021
A seções Documento e Resenha foram desmembradas em Documento/Dossiê e
Resenha/Dossiê com o intento de contemplar escritos apresentados a essas seções e articulados
à proposta temática do Dossiê Memórias de processos de renovação pedagógica no Brasil:
educação básica, formação de professores e pesquisa educacional na trajetória da Universidade
de São Paulo”.
SEÇÃO DOCUMENTO/DOSSIÊ e SEÇÃO RESENHA/DOSSIÊ
A Seção Documento /Dossiê se abre com texto memorialístico da Professora Luci
Banks, docente aposentada da FE-UNICAMP e ex-aluna da FEUSP, no qual se visualiza o
cartão de biblioteca, o convite de formatura e fotografias diversas do seu arquivo pessoal de ex-
aluna FEUSP. A seção ainda apresenta trajetórias diversas, em que perfilam Centro de
Memória; Museu; bibliotecas especiais; um perfil departamental; entrevista realizada por
discentes e publicada na Revista “Futuro do Pretérito do Centro Acadêmico Estudantil.
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Finaliza a seção, Documento /Dossiê, o texto A gestão acadêmica e administrativa durante a
pandemia - coletivo, invisibilidade, responsabilidade social e disputas”, dos atuais diretor e
vice-diretor da FEUSP. No dizer dos autores, trata-se de exame retrospectivo, anatico, da
experiência de gestão acadêmica e administrativa da Faculdade de Educação da USP nos
primeiros 18 meses da pandemia”. Considera-se a importância da publicação desse texto, como
Documento, em seção que se articula ao Dossiê em pauta. São práticas de gestão que buscaram
perseguir a comunicação entre os diversos seguimentos, da comunidade feuspiana, a despeito
das adversidades impostas. Práticas exercidas, possíveis e resistentes, documentadas ao
produzirem Boletins mensais e comunicados semanais em áudios. Segundo os autores, no
Documento publicado, operando como um mecanismo simlico de quebra do silêncio e
isolamento enquanto perdurou a quarentena”. Por sua vez, a Seção Resenha/Dossiê traz
resenhas de pós-graduandos da FEUSP.
SEÇÃO ARTIGO
A Seção Artigo se abre com o texto do Professor Pere Solà Gussinyer, da Universidade
Autónoma de Barcelona, na qual é Catedrático Emérito de História da Educação. Destaca-se o
fato de o Professor, eminente pesquisador da educação anarquista, sobretudo, da obra de
Francisco Ferrer, ter estado em 2013 na FEUSP e na FE-UNICAMP, a convite de Carmen
Sylvia Vidigal Moraes, Doris Accioly e Silva e Maria Cristina Menezes, como Professor
Visitante, em projeto apoiado pela FAPESP.
A Seção, matizada e seguindo a proposta da revista, investe na difusão de textos
representativos de patrimônios culturais, com a utilização de fontes plurais e representativas de
grupos heterogêneos, que na diversidade/identidade comportam dimensão educativa.
SEÇÃO DOCUMENTO
A Seção Documento segue a proposta enunciada na Seção Artigo e apresenta o
Documentário do cineasta Gilberto Sobrinho, IA/UNICAMP, que fecha a Trilogia Afro-
Campineira” da qual constam três realizações nomeadas “estéticas das resistências” que
priorizam narrativas afro-diaspóricas, num processo de criação em que confluem estética e
política. Em Memória de Margot”, um tributo a Margot Proença, professora de filosofia
na Escola Culto à Ciência, de Campinas, da qual o Professor Roberto Goto, autor do texto, foi
aluno em 1970. A Narrativa que denuncia situação sobre as comunidades tradicionais caiçaras
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da Juréia, Iguape, litoral sul do Estado de São Paulo no texto Queimaram nossa casa na
Juréia!”. As Memórias Escolares, no museu histórico universitário, que apresenta coleções
do Museu Republicano Convenção de Itu”, extensão do Museu Paulista da USP. Os Planos
Nacionais de Educação apresentados com a preocupação de analisar as tensões sob a
implementação de culturas políticas distintas
SEÇÃO RESENHA
A Seção Resenha apresenta obras importantes e representativas de diferentes olhares e
lugares, como a publicação lançada neste ano de 2021, na Espanha, dedicada à Revista Cabás,
do Patrimônio Histórico-Educativo, que publica o número 25; o livro de Françoise Choay,
Alegoria do Patrimônio, leitura necessária aos estudiosos do tema; a apresentão de duas
obras, fundamentais para se entender o fenômeno do fascismo, editada e reeditada no
Brasil, em 2021, e apresentadas na seção resenha com o provocativotulo Fascismo no século
XXI?”.
NOTÍCIA Revista CABÁS, merecida premiação!
A notícia, divulgada na Edição 2021, traz o reconhecimento da importância adquirida
pela Revista CABÁS, Património Histórico-Educativo, http://revista.muesca.es, pela
comunidade de investigadores espanhóis do Patrimônio Histórico-Educativo, ao ser agraciada
com o PREMIO MANUEL BARTOLOMÉ COSSÍO - 2020, da SEPHE, Sociedad Española
para el Estudio del Patrimonio Hisrico-Educativo. A foto publicada, na seção Notícia, mostra
o momento em que o prêmio foi recebido pelo Prof. JoMiguel Sáiz mez, diretor da Revista
CABÁS, durante a celebração das IX Jornadas da SEPHE, em Málaga, Espanha, 2021.
Parabéns à CABÁS!
CAPA EDICAO 2021
A capa dessa edição traz uma composição com fotos do arquivo pessoal da Prof.a Luci Banks,
FE-UNICAMP, do período em foi aluna de graduação na FEUSP, anos 60.
Arte Final:
André Araujo Oliveira CIVILIS/FE/UNICAMP
Gisele de Cássia Morgão - CIVILIS/FE/UNICAMP
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Agradecimentos
Agradecemos às (aos) autoras (es) que submeteram os seus textos para publicação na
RIDPHE_R, em especial às (aos) organizadoras (es) do DOSSIÊ, como já afirmado nesse
editorial, textos de leitura revigorante e imprescindível ao nosso presente.
Às (aos) leitoras (es), leitura profícua e instigante!
Recebido em: 12 de novembro de 2021
Aceito em: 26 de dezembro de 2021