realizar alguns pequenos experimentos em Genética com drosófilas, sob a cuidadosa direção do
Professor Oswaldo Frota-Pessoa, um dos pioneiros da área de Genética no Brasil e grande
divulgador científico.
Em Filosofia e História da Educação costumava-se ler os clássicos – os gregos e os
da era Moderna como Descartes, Hume, Kant, sob a sábia orientação do Professor Roque
Spencer Maciel de Barros e demais professores dessa área; em um semestre, lemos e discutimos
integralmente o Emílio de Rousseau, além de outros textos desse importante iluminista. Em
Psicologia, a forte tradição behaviorista predominava e estudava-se, sobretudo, a
perspectiva de Skinner; eu, interessada no desenvolvimento humano, dediquei muito
tempo à leitura de pesquisas experimentais sobre aprendizagem realizadas com animais,
dentro dos esquemas S-R. Nada ou pouco se falava da “caixa preta” que era o centro de
minhas indagações. Em Didática liam-se trechos da Didática Magna de Comenius e de
representantes da chamada Escola Nova – Pestalozzi, Dewey, Claparède – além dos brasileiros
Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo e Lourenço Filho. Nessa disciplina, graças à Professora
Maria Amélia Americano Domingues de Castro, discutimos um livro, naquela época acessível
apenas em espanhol, do autor suíço Hans Aebli que havia proposto uma Didática Psicológica.
Aebli procurou elaborar uma aplicação de ideias da Psicologia de Jean Piaget – autor ainda
pouco conhecido no âmbito universitário brasileiro – ao campo didático; nesse contexto,
tivemos aulas com o Professor Angel Márquez, argentino convidado a lecionar na USP e
enveredamos por um caminho novo e bastante atraente.
Um pouco do que eu almejava conhecer em Psicologia foi, de certa forma,
apresentado nas disciplinas de Orientação Educacional, graças ao trabalho das
professoras Maria Amélia de Azevedo, Silvia Leser e, em particular, Maria José Garcia
Werebe. D. Mariinha, como era carinhosamente chamada por pessoas próximas, depois
de formada na Pedagogia da USP, recebera bolsa para estudar no Laboratório de
Psicobiologia, fundado por Wallon, em Paris. Ao retornar, passou em concurso de Livre
Docente na FFCL e se dedicou à implementação da área de Orientação Educacional no
curso de Pedagogia, bem como à instalação de um setor de O.E. no Colégio de Aplicação
da Faculdade, fundado em 1957. Grande defensora da escola pública, autora de um livro
que teve várias edições – Grandezas e Misérias do ensino no Brasil (1963) –, ela e suas
colaboradoras mais próximas divulgavam publicações de autores franceses como Zazzo,
um discípulo de Wallon, diretor da revista Enfance, periódico sempre presente nas
referências dos cursos. Além disso, dirigiam discussões de livros variados como os da