Resumo
É paradoxal o argumento que abre o “Método da economia política” (1857): “parece certo começar pelo real e pelo concreto, pela pressuposição efetivamente real e, assim, em economia, por exemplo, pela população, fundamento e sujeito do ato todo da produção social. A uma consideração mais precisa, contudo, isto se revela falso”. Deveríamos então começar pelo ideal e o abstrato? A análise desse paradoxo nos remete aos nexos complexos entre a linguagem, a ideologia e a ciência, historicamente determinados na teoria marxista. A noção de horizonte ideológico nos oferece um instrumento-chave de análise para esclarecer ao menos os grandes contornos do problema. Discutimos em seguida se a distinção de Althusser de três tipos de conceitos, conforme a função que desempenham na “prática teórica (matéria- prima, instrumentos e produto científico)” contribui para elucidar a questão.
Referências
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MARX, Karl. Capital. A Critique of Political Economy. Book One: The Process of Production of Capital. Londres: Lawrence and Wishart, 1887.
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SCHUMPETER, Joseph. History of Economic Analysis. Londres: George Allen and Unwin, 1954.
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