Resumo
Stuart Hall afirmava nos anos 1980 que a teoria marxista permanecia sendo o “principal polo de oposição do pensamento social burguês” (Hall, 1996 [1983], p.25). Desde a segunda metade do século XIX, o marxismo é fonte de conceitos e instrumentos teóricos para pensar diversas formas de opressão e dominação. Uma série de movimentos sociais serviu-se do marxismo, ainda que de forma crítica e seletiva, para teorizar e pensar uma superação do status quo. Em um contexto
de crise do neoliberalismo e de avanço de forças conservadoras no Brasil e em diversos países do globo – que elegeram como suas pautas-chave questões de gênero e sexualidade –, quais são as respostas que o marxismo pode oferecer?
Referências
ABREU, Maira. Feminismo materialista na França: sócio-história de uma reflexão. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v.26, n.3, set. 2018.
ALCOFF, Linda. Cultural Feminism versus Post-Structuralism: the Identity Crisis in Feminist Theory. Signs: Journal of Women in Culture and Society, v.13, n.3, 1988.
ANDERSON, Perry. As origens da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
BIDET-MORDREL, Annie; GALERAND, Elsa; KERGOAT, Danièle. Analyse critique et féminismes matérialistes: travail, sexualité(s), culture. Cahiers du Genre, v.3, n.4, 2016, p.5-27.
BOZON, Michel. Fourier, le Nouveau Monde Amoureux et mai 1968: politique des passions, égalité des sexes et science sociale. Clio: Histoire‚ Femmes et Sociétés, n.22, 2005, p.123-149.
BUTLER, Judith. Problemas de gê nero: feminismo e subversã o da identidade. Trad. Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilizaç ã o Brasileira, 2003.
BUTLER, Judith. Fundamentos contingentes: o feminismo e a questão do “pós-modernismo”. Cadernos Pagu, Campinas, n.11, 1998, p.11-42. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8634457/2381. Acesso em: 31 ago. 2018.
BUTLER, Judith; BRETAS, Aléxia. Meramente cultural. Ideias, Campinas, v.7, n.2, p.227-248, mar. 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ideias/article/view/8649503. Acesso em: 1o set. 2018.
CARRARA, Sérgio; SIMÕES, Júlio Assis. Sexualidade, cultura e política: a trajetória da identidade homossexual masculina na antropologia brasileira. Cadernos Pagu, Campinas, n.28, p.65-99, jan./jun. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php script=sci_arttext&pid=S0104-83332007000100005&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 1o set. 2018. doi: dx.doi.org/10.1590/S0104-83332007000100005.
CERVULLE, Maxime; QUEMENER, Nelly; VÖRÖS, Florian (orgs.). Matérialismes, culture & communication. t.2. Paris: Presses des Mines, 2016 (col. “Matérialismes”).
COSTA, Albertina. É viável um feminismo nos trópicos? Resíduos de insatisfação. In: COSTA, Ana Alice Alcantara; SARDENBERG, Cecília Maria B. (orgs.). O feminismo do Brasil: reflexões teóricas e perspectivas. Salvador: UFBA/Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher, 2008.
CROWDER, Diane Griffin. De la pensée straight à la théorie queer: implications pour un mouvement politique. In: BOURCIER, Marie-Hélène; ROBICHON, Suzette (eds.). Parce que les lesbiennes ne sont pas des femmes: autour de l’oeuvre politique, théorique et littéraire de Monique Wittig. Paris: Éditions Gaies et Lesbiennes, 2002. p.163-177.
DANIEL, Herbert. Passagem para o próximo sonho. Rio de Janeiro: Codecri, 1982.
DE LAURETIS, Teresa. Théorie queer et cultures populaires: de Foucault à Cronenberg. Paris: La Dispute, 2007 (col. “Mouvements de Société”).
EFREM FILHO, Roberto. Mata-Mata: reciprocidades constitutivas entre classe, gênero, sexualidade e território. Campinas, 2017. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Unicamp.
FACCHINI, Regina. Sopa de letrinhas? Movimento homossexual e produção de identidades coletivas nos anos 90. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.
FIRESTONE, Shulamith. A dialética do sexo: um estudo da revolução feminista. Rio de Janeiro: Editorial Labor do Brasil, 1976.
FLAX, Jane. Pós-modernismo e relações de gênero na teoria feminista. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (org.). Pós-modernismo e política. Rio de Janeiro: Rocco, 1991. p.217-250.
FLOYD, Kevin. La réification du désir: vers un marxisme queer. Paris: Éditions Amsterdam, 2013.
FRANÇA, Isadora Lins. Consumindo lugares, consumindo nos lugares: homossexualidade, consumo e subjetividades na cidade de São Paulo. 1.ed. Rio de Janeiro: Eduerj, 2012.
FRASER, Nancy. Da redistribuiç ã o ao reconhecimento? Dilemas da justiç a numa era “pós-socialista”. Trad. Júlio Assis Simões. Cadernos de Campo, São Paulo, v.15, n.14-15, jan./dez. 2006.
FRASER, Nancy. Le féminisme en mouvements: des années 1960 à l’ère néolibérale. Paris: La Découverte, 2012.
FRY, Peter. Da hierarquia à igualdade: a construção histórica da homossexualidade no Brasil. In: Para inglês ver: identidade e política na cultura brasileira. Rio de Janeiro: Zahar, 1982 [1974].
GALERAND, Elsa; KERGOAT, Danièle. Les apports de la sociologie du genre à la critique du travail. La Nouvelle Revue du Travail, n.4, 2014. Disponível em: http://journals.openedition.org/nrt/1533. Acesso em: 1o set. 2018. doi: 10.4000/nrt.1533.
GIAMI, Alain. Misère, répression et libération sexuelles. Mouvements, v.20, n.2, 2002, p.23-29.
GIRARD, Gabriel. Homosexualités. In: ARTOUS, Antoine et al. La France des années 1968. Paris: Syllepse, 2008.
GRAJON, Fabien (org.). Matérialismes, culture et communication: marxismes, théorie et sociologie critiques. t.1. Paris: Presses des Mines, 2016.
GREEN, James N. Além do carnaval: a homossexualidade masculina no Brasil do século XX. São Paulo: Editora Unesp, 2000.
HALL, Stuart. The Problem of Ideology: Marxism without Guarantees [1983]. In: MORLEY, David; KUAN-HSING, Chen (eds.). Stuart Hall: Critical Dialogues in Cultural Studies. Londres: Routledge, 1996.
HALPERIN, David M. The Normalization of Queer Theory. Journal of Homosexuality, v.45, n.2-4, 2003, p.339-343.
HEINEN, Jacqueline. De la 1ère à la 3ème Internationale, la question des femmes. Critique Communiste, 1978, p.109-181.
HIRATA, Helena. Gênero, classe e raça Interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais. Tempo Social, São Paulo, v.26, n.1, 2014, p.61-73. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-20702014000100005. Acesso em: 27 set. 2018.
HOLANDA, Heloísa Buarque. Introdução. Feminismo em tempos pós-modernos. In: Tendências e impasses: O feminismo como crítica da cultura, Rio de Janeiro: Rocco, 1994.
LOURO, Guacira Lopes. Teoria queer: uma política pós-identitária para a educação. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v.9, n.2, 2001, p.541-553. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X20010002000
&lng=en&nrm=iso. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-026X2001000200012.
MACRAE, Edward. A construção da igualdade: identidade sexual e política no Brasil da “abertura”. Campinas: Editora Unicamp, 1990.
MANTEGA, Guido (org.). Sexo e poder. São Paulo: Brasiliense, 1979.
MATHIEU, Nicole-Claude. Dérive du genre/stabilité des sexes. In: L’anatomie politique 2: usage, déréliction et résilience des femmes. Paris: La Dispute, 2014a [1.ed. 1994] (col. “Le Genre du Monde”). p.321-336.
MATHIEU, Nicole-Claude. Sexe et genre. In: L’anatomie politique 2: usage, déréliction et résilience des femmes. Paris: La Dispute, 2014b [1.ed. 2000] (col. “Le Genre du Monde”). p.23-31.
MILLET, Kate. La politique du mâle. Paris: Stock, 1971.
MITCHELL, Juliet. Mulheres: a revolução mais longa. Revista Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, n.14, 1967.
MISKOLCI, Richard; SIMÕES, Júlio Assis. Apresentação. Cadernos Pagu, Campinas, n.28, jan./jun. 2007, p.9-18.
MORAES, João Quartim de. O campo socialista e a revolução sexual. In: MANTEGA, Guido (org.). Sexo e poder. São Paulo: Brasiliense, 1979.
MORAES, Maria Lygia. A experiência feminista dos anos setenta. Araraquara: Editora Unesp, 1990.
MÖSER, Cornelia. Féminismes en traductions: théories voyageuses et traductions culturelles. Paris: Éditions des Archives Contemporaines, 2013.
PERROT, Michele. As mulheres e os silêncios da história. Bauru: Edusc, 2005.
PICQ, Françoise. Libération des femmes, quarante ans de mouvement. Paris: Dialogues, 2011.
PRECIADO, Beatriz. Manifiesto contra-sexual: prácticas subversivas de identidad sexual. Madri: Ópera Prima, 2002 (col. “Pensamiento”).
PROCHASSON, Christophe. La Gauche, les moeurs et la morale. In: BECKER, Jean-Jacques; CANDAR, Gilles (orgs.). Histoire des gauches en France. Paris: La Découverte, 2005. p.666-683.
ROWBOTHAM, Sheila; SEGAL, Lynne; WAINWRIGHT, Hilary. Além dos fragmentos: o feminismo e a construção do socialismo. São Paulo: Brasiliense, 1981.
RUBIN, Gayle; BUTLER, Judith. Tráfico sexual: entrevista. Cadernos Pagu, Campinas, n.21, 2003, p.157-209.
SALIH, Sara. Judith Butler e a teoria queer. Trad. e notas Guacira Lopes Louro. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.
SARTI, Cynthia Andersen. O feminismo brasileiro desde os anos 1970: revisitando uma trajetória. Estudos Feministas, v.12, n.2, 2004.
SEDGWICK, Eve. Epistemology of the Closet. Berkeley: University of California Press, 1990.
SIMÕES, Júlio Assis. Prefácio. In: FACCHINI, Regina. Sopa de letrinhas?: movimento homossexual e produção de identidades coletivas nos anos 1990. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.
SIMÕES, Júlio Assis; FACCHINI, Regina. Na trilha do arco-íris: do movimento homossexual ao LGBT. São Paulo: Perseu Abramo, 2009.
TAMAGNE, Florence. La ligue mondiale pour la réforme sexuelle: la science au service de l’émancipation sexuelle? Clio: Histoire‚ Femmes et Sociétés, n.22, 2005, p.101-121.
TELLES, Maria Amélia. Breve história do feminismo no Brasil: e outros ensaios. São Paulo: Alameda, 2017.
VARIKAS, Eleni. Féminisme, modernité, postmodernisme: pour un dialogue des deux cotés de l’ocean. In: Feminismes au présent, Futur Anterieur (supplément). Paris: L’Harmattan, 1993.
WALBY, Sylvia. Postpostmodernisme? Théoriser la complexité sociale. Cahiers du Genre, v.3, n.4, 2016, p.53-72.
WEEKS, Jeffrey; ROWBOTHAM, Sheila. Dos pioneros de la liberación sexual: Edward Carpenter y Havelock Ellis. Homosexualidad, feminismo y socialismo. Barcelona: Anagrama, 1978.
WITTIG, Monique. On ne naît pas femme. Questions Féministes, n.8, maio 1980, p.83.
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2019 Maira Abreu, Bárbara Castro