Franquismo e América Latina: identidades, apropriações e debates políticos no México (1948 - 1955) e no Chile (1973 – 1975)

Resumo

A História não é uma “ciência do passado” mas uma “ciência dos homens no tempo” (BLOCH, 2001, p. 7), assim esta pesquisa, motivada por questões do tempo presente que nos rondam nos últimos anos, visa contribuir com o entendimento de como discursos autoritários e violadores da democracia e dos direitos humanos são apropriados e reapropriados, e de forma muitas vezes repetitiva tornam a incomodar e romper com o Estado democrático de direito. Dessa forma analisei o projeto cultural planejado pela ditadura de Francisco Franco para a América Latina, o qual buscava defender um universal hispânico válido para toda Hispanoamérica, através da revista intelectual Cuadernos Hispanoamericanos. Além do projeto franquista, analisei uma crítica e uma apropriação dele. A crítica foi feita pela revista intelectual Cuadernos Americanos, sediada no México, com participação de intelectuais de diversos países da América Latina e de republicanos espanhóis, exilados pelo franquismo após o fim da Guerra Civil espanhola. Já a apropriação cultural foi feita vinte anos depois, durante a ditadura chilena de Augusto Pinochet, onde o ditador recuperou conceitos centrais como a hispanidad e a catolicidad para justificar seu governo e também romper com a política cultural do governo anterior, o socialismo da Unidade Popular, que havia buscado recuperar e reinserir o folclore chileno e andino.