Resumo
Introdução: Na literatura leiga latino-americana, é comum encontrar o termo “violência obstétrica” com o objetivo de dar visibilidade às ações de “cuidado desumanizado” ou “desrespeito e abuso” que acontecem durante a gestação e o parto. No entanto, esse conceito vem aparecendo na literatura médica sem que exista de fato uma definição clara sobre o termo. Objetivo: Compreender a construção e desenvolvimento do conceito da “violência obstétrica”. Método: Trata-se de um estudo de análise conceitual. A estratégia metodológica foi a análise conceitual de Rodgers. Foram avaliados artigos cujos títulos ou resumos continham as expressões: violência obstétrica, abuso e desrespeito; cuidados de maternidade respeitosos. Resultados: Encontradas 1095 publicações, resultando em 517 para análise, 30 atendiam os critérios de inclusão. Os atributos foram categorizados em pré-natal, pré-parto, parto e restrições do sistema de saúde. Quanto ao termo substitutivo usado para descrever a “violência obstétrica”, nove artigos utilizaram essa mesma expressão. Os substitutivos usados para descrever “violência obstétrica”: maus tratos; cuidado desumanizado; desrespeito e abuso; medicalização do parto; mecanismos de violência; violência estrutural. Embora a expressão “violência obstétrica” esteja sendo mais comumente utilizada na América Latina, em contextos de pesquisa e política, percebe-se uma tendência mundial desses eventos serem nomeados: cuidados desrespeitosos, abusos e maus-tratos às mulheres. Conclusão: este trabalho propõe que o termo “violência obstétrica” seja delineado de forma mais clara, considerando especialmente os atributos e os consequentes relacionados ao conceito. A construção desse conceito deve, portanto, levar em consideração a ocorrência de um ato de violência, desrespeito e cuidado não digno, decorrentes de falhas nos três pilares do cuidado à saúde, ético, técnico e estrutural, com uso de força excessiva para com as mulheres, num momento de vulnerabilidade que demanda, ao contrário, cuidado e respeito.
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