Resumo
Muitas vezes a atenção aos cuidadores familiares é negligenciada nas ações assistenciais(1), pois não é comum na rotina em saúde, na atenção ao idoso, o hábito de questionar também ao cuidador sobre o seu próprio estado de saúde(2). E por se dedicarem aos cuidados, acabam sobrecarregadas e, muitas vezes, sacrificando sua saúde física, emocional e social(3). Analisar o uso de medicamentos entre os cuidadores de idosos na atenção domiciliar e suas interfaces com a saúde, Qualidade de Vida (QV) e Sobrecarga (SC). Trata-se de um estudo transversal, de abordagem quantitativa, realizada entre setembro de 2017 e janeiro de 2018, com 88 cuidadores familiares de idosos assistidos nos Serviços de Atenção Domiciliar públicos do município de Campinas, SP. Foram utilizados o instrumento de avaliação da QV (World Health Organization Quality of Life-BREF) e SC (Zarit Burden Interview), bem como um questionário de fatores socioeconômico-demográficos e clínicos. A pesquisa foi autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNICAMP, sob parecer nº 2.259.842. Os cuidadores eram em sua maioria mulheres (83,0%) que em média dedicavam 21,3 horas ao cuidado e 77,3% relatavam alguma doença de base. Apresentavam média de 56,6 anos de idade, sendo que 43,2% também eram idosos. Apresentaram SC de moderada (40,9%) à moderada/severa (39,8%) e QV mediana nos domínios físico, psicológico, social e ambiental. A média de medicamentos utilizados foi de 2,44, sendo que 23,9% utilizavam medicamentos antidepressivos e/ou calmantes e 68,2% analgésicos. O número de medicamentos, uso de antidepressivos/calmantes e analgésicos utilizados teve correlação negativa com os domínios físico e psicológico e aumento da SC. A dor e o uso de analgésicos e sua relação com a SC e QV das cuidadoras familiares de idosos dependentes é pouco investigada. Acredita-se que o uso de medicamentos, esteja ligado diretamente ao excessivo desgaste físico e emocional sofrido pelos cuidadores familiares(4). A utilização de medicamentos pode ser um marcador de fácil detecção pelas equipes de saúde para abordar a maior exposição de SC e pior QV(5). Mudanças nas políticas sociais e processos de trabalho das equipes, no que diz respeito à assistência à saúde de cuidadores familiares são necessárias.
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