Resumo
Introdução: Lesões de Morel-Lavallée são causadas pelo cisalhamento dos tecidos moles, que causam o descolamento do tecido subcutâneo e da fáscia, causando uma formação de hematoma e coleção local, com consequente desenvolvimento de processos inflamatórios, sendo comum sua ocorrência em vítimas de politrauma. As opções de tratamento dependem da extensão do cisalhamento , variando de tratamentos conservadores e cirúrgicos. Frequentemente a drenagem local, desbridamento e uso de terapia por pressão negativa, pode ser uma opção de tratamento para os casos mais graves. Objetivo: Descrever por meio de relato de caso, a aplicação de terapia por pressão negativa no tratamento de lesão de Morel-Lavallée. Metodologia: Estudo descritivo, tipo relato de caso, realizado em um hospital universitário do interior do estado de São Paulo, por meio da análise das intervenções de enfermagem e registro fotográfico da evolução da lesão de Morell-Lavallée de um paciente , vítima de atropelamento. Consentimento livre e esclarecido foi obtido e o paciente foi acompanhado desde o primeiro dia de internação até o 139º dia de internação na Unidade de Terapia Intensiva Adulto. Fotografias da lesão foram utilizadas semanalmente para realizar a avaliação e processo de cicatrização da lesão. Resultados: Caso: Paciente do sexo masculino, 55 anos, vítima de atropelamento, que causou fratura pélvica e lesão de Morel-Lavallée extensa em região abdominal infra-umbilical devido esmagamento de partes moles e que foi admitido na UTI adulto em 09-01-2021. Durante internação, necessitou de abordagem cirúrgica inicial para drenagem de hematoma e desbridamento local e que evoluiu nos dias subseqüentes para uma necessidade de hemipelvectomia esquerda. Lesão apresentou exposição de fáscia muscular, com presença de esfacelo e grande exsudação, necessitando da aplicação da técnica de terapia por pressão negativa, realizado pela equipe de enfermagem, sob supervisão e acompanhamento da equipe de estomaterapia do Hospital das Clínicas da Unicamp. Trocas programadas da terapia a vácuo a cada 72 horas foram realizadas e estas favoreceram a redução do exsudato a curto prazo e redução importante do esfacelo, redução da dor relatada pelo paciente, aumento da área de granulação e conseqüentemente, aumento considerável do tecido de epitelização a médio prazo. Decorridos 139 dias após a internaçao na UTI, paciente apresentava tecido de epitelização em toda a região infra-umbilical e perineal, sem necessidade de realização de desbridamentos. Conclusão: A instituição da técnica de terapia por pressão negativa, pode ser uma terapia eficaz e positiva para o tratamento destas lesões de Morel-Lavallée, favorecendo a formação de tecido de epitelização, com redução do risco de infecção local em um curto intervalo de tempo. O enfermeiro capacitado, possui competência e habilidades para discutir com a equipe multidisciplinar, a indicação deste tipo de terapia e instituí-la, favorecendo uma redução do número de dias de internação, redução de procedimentos cirúrgicos e consequentemente, melhora da qualidade de vida do paciente.
Referências
FERRER-INAEBNIT, Ester; JIMENEZ-SEGOVIA, Marina; VELASQUEZ, Alcides. Síndrome glútea de Morel-Lavallée. Rev. Cir. , Santiago, v. 74, n. 1, p. 11-12 fev. 2022 . Disponível em: http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2452-45492022000100011&lng=en&nrm=iso. Acesso em 11 de setembro de 2022. http://dx.doi.org/10.35687/s2452-45492022001393.
PIKKEL, Y. Y. et al. Morel Lavallée Lesion - A case report and review of literature. Int J Surg Case Rep., 25 set. 2020, p. 103-106.
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