Abstract
Introdução/Objetivo: No decorrer da gravidez, a gestante e acompanhante (quando presente) desenvolvem expectativas sobre o filho esperado, entre elas, a de ter um filho saudável. Apesar disso, essa expectativa pode não ser correspondida, especialmente, quando há algum diagnóstico que coloca em risco a gravidez ou o filho. Estudos mostram que este é um período emocionalmente avassalador e com pouco apoio social. (BOLIBIO, 2018). O acompanhamento em cuidados paliativos pré-natal oportuniza maneiras integradas de cuidado com o feto e o recém-nascido, facilitando possíveis construções de vínculos com este filho e auxiliando na elaboração psíquica da vivência. O objetivo deste trabalho é apresentar e compartilhar a atuação da psicologia em conjunto com a equipe médica, no ambulatório de medicina fetal. Metodologia: Os atendimentos psicológicos à gestante e ao acompanhante (quando presente) são realizados individualmente e/ou em grupo através de reuniões com as famílias durante o pré-natal com a equipe médica. Durante os atendimentos busca-se identificar possíveis causas (físicas, psicológicas, sociais e espirituais) de sofrimento das gestantes e suas famílias, trabalhando as dúvidas, angústias e sofrimento emocional manifestados, decorrentes da má formação fetal. Nos casos em que o parto acontecerá no hospital é realizado o acompanhamento psicológico ao longo da gestação, parto e após o parto e, nos casos em que o parto ocorrerá em outra instituição é oferecido teleatendimento pediátrico e encaminhamento psicológico. Resultados: Durante o trabalho desenvolvido percebe-se que para a maioria das gestantes e acompanhantes (quando presente) a conversa sobre o diagnóstico e prognóstico fetal é imensamente sofrida. Em contrapartida, falar sobre a doença fetal e o sofrimento desencadeado pelo diagnóstico costuma ter função terapêutica. Portanto, é imprescindível que a conversa aconteça respeitando os limites de cada gestante e, oferecendo oportunidade para atendimentos posteriores que possibilitem a conversa sobre a doença e o prognóstico. Durante o acompanhamento é fundamental estabelecer um plano de cuidado com respeito e apoio às decisões da gestante e, com informações claras e compreensíveis, evitando termos técnicos excessivos. Ao longo dos atendimentos deve-se legitimar os sentimentos dos familiares, realizar pausas e verificar o entendimento, ou seja, saber ouvir. O seguimento integrado das famílias após o diagnóstico de má formação fetal permite escolhas conscientes no que diz respeito ao cuidado com o filho, incluindo os valores individuais de cada família. À vista disso, pesquisas revelam que quando as gestantes e familiares realizam um atendimento de cuidado paliativo essas famílias tendem a escolher cuidados de conforto e maior contato com o filho, sem intervenção de aparelhos. (BOLIBIO, 2018). Conclusão: O modelo de cuidado paliativo perinatal em medicina fetal, permite que se construa em conjunto, um planejamento de cuidado individualizado para a gestação, parto e pós-parto, adequando o acompanhamento aos valores e demandas de cada família e possibilitado tomada de decisões compartilhadas, sendo de suma importância para uma assistência humanizada. Logo, a atuação do psicólogo nos cuidados paliativos em medicina fetal auxilia a gestante e acompanhante (quando presente) a atravessar esse momento, elaborando sentimentos e vivências, além de, possibilitar menor repercussão emocional tardia.
References
ANDRADE, L. S. B. C. Grupo de apoio integral às gestantes e familiares de fetos com malformação: utilização de conceitos de cuidados paliativos no atendimento em medicina fetal. São Paulo: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 2017. BOLIBIO, R. et al. Cuidados paliativos em medicina fetal. Revista de Medicina, 2018, 97.2: 208-215. FIGUEREDO, D. V. A.; SOUZA, A. S. R. Cuidados paliativos em medicina fetal. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, 2022, 21: 975-976.
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