Abstract
Introdução/Objetivo: A adolescência é um período de intensas e importantes mudanças corporais e psicossociais. A pandemia comprometeu a socialização tão importante para os adolescentes construírem sua identidade, realizar o luto da infância e adotar novos papéis sociais e afetivo-sexuais. Na pandemia os grupos terapêuticos realizados pelo Ambulatório de Saúde Mental do Adolescente do CECOM foram suspensos. A fim de manter um espaço para troca de experiências e garantir o cumprimento das medidas sanitárias de segurança, iniciamos em março de 2021 o Grupo de Adolescentes online, pelo Google Meet direcionado aos alunos dos colégios técnicos, estagiários e patrulheiros (menor-aprendiz) que são acompanhados pelo Ambulatório de Adolescentes do CECOM - UNICAMP. Metodologia: Nas consultas convidávamos os adolescentes interessados e enviávamos o convite via email. Os encontros ocorreram semanalmente com 1h de duração e eram coordenados pela psicóloga e assistente social do Ambulatório de Adolescentes do CECOM. O formato do grupo era aberto, operativo e reflexivo, com exercícios de dinâmicas de grupo adaptadas para o modo remoto e propostas tarefas de casa. O grupo ocorreu no modo online de março de 2021 até setembro de 2022. O objetivo do Grupo de Adolescentes foi promover um espaço online e coletivo de reflexão e problematização sobre identidade, sexualidade, autoestima, autoconfiança, orientação profissional e projeto de vida; buscando fortalecer os fatores de proteção à saúde mental e as redes de apoio sócio-comunitárias e autonomia dos adolescentes. Resultados: Realizamos 57 encontros, com no máximo 5 participantes em cada, totalizando 20 adolescentes (16 meninas e 4 meninos) assistidos. O destaque do grupo provocou o convite de um Colégio Técnico (COTIL) para uma Oficina Online em Saúde Mental em prevenção ao suicídio. No final de 2021, realizamos uma confraternização e amigo-secreto adaptados no modo online. Os adolescentes organizaram-se em um grupo de Whatsapp e observamos a criação de laços afetivos extra institucionais, como relações de namoro e amizade. A participação no Grupo foi voluntária e não era condicionada ao tratamento individual, incentivando a autonomia dos adolescentes. Adolescentes em alta do Ambulatório encontraram no Grupo um espaço de cuidado continuado. Os adolescentes buscavam o Grupo para discutir questões típicas da adolescência e se reconhecer entre os pares, uma vez que muitos iniciaram o Ensino Médio justamente com o início da pandemia, tendo aulas 100% online o que dificultou os processos de grupalização fundamentais para essa etapa do desenvolvimento humano. Assim, o grupo representou um espaço importante para os adolescentes dividirem suas ansiedades relacionadas à pandemia, ter acesso à uma escuta qualificada e construir estratégias de manejo assertivas frente às suas fontes estressoras. Conclusão: Essa experiência contribuiu para que os processos de mudança típicos da adolescência sejam prazerosos e saudáveis. Recomendamos que os profissionais de saúde se reinventem e invistam em tecnologias de cuidado, especialmente em estratégias para acolher a diversidade de gênero. Destacamos a necessidade dos atores sociais que trabalham com essa população considerar no delineamento de suas ações os aspectos psíquicos, socioculturais e políticos pois o fortalecimento de vínculos comunitários e o exercício da cidadania também são dispositivos potentes para a promoção da saúde mental do adolescente.
References
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