Resumo
A internet, sobretudo no Brasil, tem se expandido rapidamente. Um dos combustíveis para a chegada de novos usuários são os dispositivos portáteis, como smartphones e tablets. Esses dispositivos, além de mais acessíveis que os computadores tradicionais, também contam com internet móvel, que além de barata, chega a qualquer bairro, quebrando as barreiras da infraestrutura, pois ainda hoje não há internet banda larga em muitos bairros de regiões periféricas. Que mudanças, portanto, tem sofrido o ambiente virtual, com a introdução desses novos atores, onde, sabidamente, a maioria deles é de baixa renda e está desembarcando em um território que só era acessível apenas para pessoas de maior classe econômica e social? Veremos neste trabalho de conclusão de curso, defendido no IEL em Dezembro de 2014, que um dos problemas é o preconceito linguístico, que se dá quando uma pessoa é silenciada, agredida ou excluída, porque emitiu um discurso fora da norma padrão do português. Através da análise de interações em sites de compras, vídeos e redes sociais, mostrarei que, ainda que a internet elimine muitas fronteiras de exclusão e distanciamento que existem no mundo real, como bairros, na prática, o discurso permanece como principal forma de exclusão, sendo que o preconceito linguístico é ainda mais evidente nesse meio, pois na ausência de outros elementos para caracterizar a classe social da pessoa, o foco é posto no modo como ela escreve, e, escrevendo fora da norma padrão, essa pessoa é automaticamente excluída, uma vez que o preconceito linguístico é também preconceito social.

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Copyright (c) 2016 Octavio Augusto Bueno Fonseca Silva