Resumo
Este trabalho de pesquisa, ainda em andamento, pretende investigar as relações profissionais, pedagógicas e artísticas que envolvem o trabalho dos músicos que tocam em aulas técnicas de dança. O foco principal da pesquisa é o Departamento de Artes Corporais da Unicamp que abriga, atualmente, três músicos com formação superior em música e pedagogia. Os fundamentos teóricos que sustentam este trabalho são, principalmente, a sociologia do trabalho, de Ricardo Antunes, e do trabalho artístico, de Liliana Segnini; as reflexões sobre o trabalho imaterial de Antonio Negri e Maurizio Lazzarato; a sociologia reflexiva de Pierre Bourdieu e Michel Burawoy e a filosofia dos sistemas simbólicos de Mickhail Bakhtin e seu círculo de colaboradores. A metodologia utilizada tem como base a observação participante e as entrevistas narrativas feitas com músicos de aulas, alunas, alunos e professoras de dança do Departamento. Pretende-se, com isto, problematizar as condições de um tipo de trabalho que, à primeira vista, poderia ser considerado como “criativo”, ou mesmo “educacional”, mas que, a partir de uma observação mais minuciosa, pode se mostrar envolvido numa lógica de trabalho passivo e repetitivo, aproximando-o, pela conjunção de forças de submissão e subalternidade, e da assimetria de poderes, dos trabalhos mais estandardizados e menos afeitos à criatividade de forma mais genérica. Os resultados obtidos até agora, ainda que parciais, já oferecem algumas amostras claras da presença forte desse conflito entre criação e estagnação, formação e adestramento, invenção e repetição.

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Copyright (c) 2016 Jorge Luiz Schroeder, Lívia Carolina Oliveira