Resumo
Este trabalho é resultado da tese de doutorado defendida no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) em 2011. Por meio dos relatórios de pesquisa de opinião pública do IBOPE, depositados no Arquivo Edgard Leuenroth (AEL), foi possível verificar a emergência de uma sociedade urbana, moderna, industrial e de consumo nas duas maiores cidades brasileiras (Rio de Janeiro e São Paulo) já na década de 1950. Os dados levantados, bem como a bibliografia consultada, apontam a importância da sociedade americana na difusão dos hábitos de consumo de produtos industrializados, a valorização do consumo como estilo de vida e o choque de valores e comportamentos oriundos de uma sociedade tradicional em contraponto à sociedade que se delineava. Difundia-se a ideia de que ser moderno era participar do mercado, mas por razões econômicas, culturais ou comportamentais, nem sempre os bens de consumo (materiais e simbólicos) eram aceitos, de imediato, pela população, haja vista a aceitação de bens de consumo ser fonte de tensão e conflito e depender de contextos históricos e particulares. Ao lado das conquistas modernas, persistiam estruturas e relações sociais marcadas por valores patriarcais, que condenavam milhares de homens e mulheres à situação precária no campo ou à miserabilidade na cidade, relegando-os à condição de cidadão de segunda classe. O projeto de modernização da sociedade brasileira nos anos 1950, pautada no consumo, levou-nos a vivenciar uma modernidade não conclusiva, haja vista as mazelas sociais presentes naquela década persistirem até os dias de hoje.Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2016 Silvia Rosana Modena Martini
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