Resumo
Introdução/Objetivo: Idealizado em abril/2021, o projeto "Empatia de Emergência" foi inspirado nos princípios da Comunicação não violenta (CNV), sistematizada pelo psicólogo Marshall Rosenberg e que tem por objetivo humanizar as relações através de práticas focadas na empatia e na autenticidade. A fim de oferecer aos profissionais da área da saúde do HC e CAISM estratégias de cuidado à saúde mental e emocional fortemente afetada pelo enfrentamento à COVID 19, os instrutores de CNV Sandra Caselato, Yuri Haasz e Daniele Rafael, juntamente com a psicóloga Flávia Zanini, desenvolveram o projeto, o qual contou com o apoio de 9 voluntários externos, facilitadores de CNV e com o engajamento de 27 “Multiplicadores da Empatia”, funcionários da Unicamp que haviam tido contato com a CNV no curso oferecido pela Educorp. Metodologia: O projeto foi realizado entre 19/05 e 05/07/2021 de forma totalmente online e teve como metodologia a formação de multiplicadores internos, a fim de capacitá-los para levar, de forma exponencial, práticas de empatia aplicáveis à realidade dos profissionais da linha de frente através de um workshop. Para tanto, sua execução foi subdividida em 3 fases temáticas: Autoempatia, Empatia em pares e Empatia em pequenos grupos. Em cada fase os multiplicadores eram treinados pelos facilitadores de CNV, replicavam aos profissionais da saúde com apoio dos voluntários externos e voltavam para uma reunião de acompanhamento. Nesta dinâmica foram oferecidas, nos turnos da manhã, tarde e noite, 8 turmas do “Workshop Empatia de Emergência” cujas inscrições foram realizadas previamente via googleforms. Resultados: O Projeto contou com a adesão de 100 profissionais do HC e CAISM, que puderam aprender práticas de autorregulação do stress, autoempatia, escuta empática, bem como construir redes de apoio para enfrentar os desafios com novas ferramentas e mais recursos internos, o que se confirmou nas avaliações de reação aplicadas ao término dos encontros, evidenciando 99% de satisfação dos participantes respondentes, com indicação de 100% para participação de colegas em futura oportunidade. Os principais aspectos valorizados pelos profissionais da saúde foram: a importância de espaços de escuta/acolhimento e o aprendizado da autoempatia como prática de autocuidado, essencial e preliminar ao cuidado do outro. De forma mais ampla, o projeto teve os princípios da CNV aplicados da sua idealização à execução, permitindo que os aprendizados se estendessem a todos os envolvidos e para além de seu período de realização, o que pode ser observado nos depoimentos dos "Multiplicadores da Empatia" referentes à aplicação e disseminação dos conhecimentos, após mais de 1 ano da conclusão do projeto. Os ganhos proporcionados por essa iniciativa não tiveram caráter quantitativo, mas contribuíram para o fortalecimento da cultura da empatia, acolhimento e humanização das relações no ambiente de trabalho. Conclusão: O projeto demonstrou o quanto as práticas baseadas nos princípios da CNV podem apoiar na criação de ambientes humanizados, colaborativos e acolhedores, capazes de transformar e minimizar os impactos do estresse emocional que a pandemia gerou na população e principalmente nos profissionais da saúde. A capacitação de multiplicadores de diferentes Unidades da Unicamp confere ao projeto abrangência e condição favorável para sua replicabilidade, fortalecendo a criação de redes de apoio e permitindo que outras pessoas se beneficiem com ações como estas, em momentos desafiadores como os atuais.
Referências
ROSENBERG, M. B. Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Àgora, 2006. 280p.
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