Resumo
Introdução: Diabete Mellitus (DM) enquadra-se no grupo das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). O Brasil é o 5º país em incidência de diabetes no mundo, com 16,8 milhões de doentes adultos. Em virtude do isolamento proposto como medida para controle da pandemia de covid-19, o Centro de Saúde da Comunidade - CECOM, por intermédio da sua Coordenação e do Grupo de Diabetes, necessitou adaptar o acompanhamento desses pacientes, alterando sua dinâmica para o formato de tele monitoramento. Nesse contexto, foram desenvolvidos novos protocolos, que proporcionaram aos pacientes diabéticos a continuidade em sua assistência, mesmo em meio à pandemia. Objetivo: O objetivo deste trabalho é compartilhar a experiência com a utilização da ferramenta de tele monitoramento no acompanhamento de pacientes do CECOM com DM. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência da atuação dos membros do Grupo de Diabetes (GDM), na utilização do telemonitoramento como ferramenta para o acompanhamento dos pacientes com DM atendidos no CECOM. Para o processo de implantação foram realizadas cinco etapas: planejamento, revisão da literatura, avaliação de prontuários, capacitação da equipe e execução da atividade. Inicialmente foi realizado o levantamento de todos os pacientes com classificação internacional de doenças (CID) relacionado ao DM, e criado um protocolo com critérios para estabelecer a prioridade de atendimento. O processo de ligação telefônica foi realizado no horário de trabalho e com recursos do CECOM, sendo a frequência determinada pela complexidade de cada caso. Resultados: De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a hemoglobina glicada (HbA1C) é o principal parâmetro utilizado para o diagnóstico e acompanhamento de DM. Diante disto, foram realizadas análises dos prontuários dos pacientes e dos exames laboratoriais para identificar possíveis alterações, com foco nos resultados de HbA1C. Com base nessas informações, foi realizada uma adaptação da classificação de gravidade de risco, criando-se a tabela 1, que estabelece a prioridade de tele monitoramento dos pacientes do GDM. Primeiramente foram contatados os pacientes classificados em vermelho, em seguida os de classificação laranja, depois os de classificação amarelo, e, por fim, os pacientes de prioridade verde. Alguns pacientes passaram em consulta durante o período de monitoramento, sendo dispensados do contato telefônico. Considerando-se a ordem de atendimento definida, foram realizados com sucesso 173 atendimentos telefônicos em 2020, e 403 em 2021. No gráfico 1 podemos observar a estratificação do total de pacientes por gravidade: Dentro das 4 categorias de prioridade, observa-se que a maioria, correspondente a 38,3%, é de pacientes de menor risco para complicações, e a minoria, de 10,3%, pacientes com maior gravidade. Conclusão: Diante das dificuldades impostas pela pandemia covid-19, considera-se que o tele monitoramento foi um recurso importante no acompanhamento dos pacientes com Diabetes Mellitus atendidos no CECOM, dada a sua capacidade de reduzir a circulação de pessoas nos serviços de saúde e de permitir a continuidade da assistência. A abordagem dos profissionais envolvidos no tele monitoramento, além de compreender o acolhimento dos pacientes, também permitiu a prática da educação em saúde e o direcionamento das demandas, ações estas recebidas de forma satisfatória por devolutiva verbal de alguns pacientes.
Referências
DIABETES IN CONTROL. HbA1c Testing Frequency Matters. Disponível em: http://www.diabetesincontrol.com/hba1c-testing-frequency-matters/. Acesso em: 11 mai. 2020.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. 26/6 – Dia Nacional do Diabetes. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/26-6-dia-nacional-do-diabetes-4/. Acesso em: 05 set. 2022.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. A frequência de testes de A1C tem impacto sobre o controle glicêmico. Disponível em: https://www.diabetes.org.br/publico/ultimas/943-a-frequencia-de-testes-de-a1c-tem-impacto-sobre-o-controle-glicemico. Acesso em: 11 mai. 2020.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Atualização sobre Hemoglobina Glicada (A1C) para avaliação do controle glicêmico e para diagnóstico do diabetes: aspectos clínicos e laboratoriais. Posicionamento Oficial SBD, SBPC-ML, SBEM e FENAD 2017/2018. Disponível em: https://www.diabetes.org.br/publico/images/banners/posicionamento-3-2.pdf. Acesso em: 11 mai. 2020.
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