Situação vacinal contra hepatite b entre os residentes de medicina vítimas de acidente de trabalho com exposição a material biológico

Resumo

Introdução: A hepatite B destaca-se entre os tipos existentes de hepatites virais devido à alta transmissibilidade e às diferentes vias de contágio, que envolvem: transmissão vertical; relação sexual; compartilhamento de agulhas ou seringas; exposição a agulhas ou outros instrumentos cortantes contaminados com o vírus. Qualquer indivíduo pode ser exposto ao VHB; no entanto, alguns grupos apresentam risco aumentado, como os profissionais de saúde, que estão em constante exposição durante atividades laborais. O objetivo deste estudo foi analisar a cobertura vacinal contra hepatite B e a presença do anticorpo anti-HBS entre os residentes de medicina vítimas de acidente de trabalho com exposição a material biológico, em um complexo hospitalar universitário da cidade de Campinas, interior de São Paulo. Metodologia: Estudo descritivo, retrospectivo de série de casos, realizado a partir das fichas de notificação dos acidentes de trabalho com exposição a material biológico (ATEMB), registrados pelos residentes de medicina, no Centro de Saúde da Comunidade (Cecom) da Universidade Estadual de Campinas, entre janeiro de 2011 e dezembro de 2020. Os profissionais de saúde expostos aos ATEMB que ocorrem na instituição são atendidos e notificados pelo Programa de Risco Biológico do Cecom desde 2011, seguindo as rotinas estabelecidas no protocolo do Ministério da Saúde. Resultados: As mulheres foram as que mais se acidentaram, representando 53,7% da amostra. Em relação às características dos acidentes, 81,4% ocorreram devido à exposição percutânea, e o sangue foi o material orgânico mais envolvido, em 91% dos casos. As circunstâncias mais registradas que levaram ao acidente foram os procedimentos cirúrgicos e as suturas, 53,4% dos casos. Quanto ao estado vacinal contra a hepatite B, 99,2% declararam ter o esquema vacinal completo (03 doses), e a presença do anti-Hbs reagente (valor igual ou superior a 10 mUI/mL) foi detectado em 91%. O uso da Imunoglobulina Hiperimune contra a Hepatite B foi necessária em apenas um caso, onde o residente de medicina apresentava anti-HBs não reagente, e o acidente ocorreu com um paciente fonte positivo para Hepatite B. Conclusão: Os achados demonstram que, apesar do risco de contaminação para o vírus da hepatite B associado aos acidentes, os profissionais estavam protegidos devido à elevada cobertura vacinal, e com comprovação da imunidade. A elevada adesão dos residentes de medicina à vacinação contra o VHB tem como possíveis hipóteses: facilidade de acesso aos serviços de saúde, gratuidade e disponibilidade da vacina, baixa resistência do público estudado em aderir às medidas de proteção, e a exigência de comprovação vacinal no ato da matrícula no Programa de Residência Médica presente na instituição.