Resumo
Introdução/Objetivo: A vivência da maternidade e paternidade na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou Semi-Intensiva (SEMI) Neonatal é um momento de muitas angústias e incertezas para as famílias. Na literatura brasileira, são apontados sentimentos e reações relacionadas à internação: a aceitação da internação foi difícil e acompanhada de medo, angústia, ansiedade, mas também de fé e esperança; sugere-se a implementação de estratégias de apoio para enfrentamento da situação vivenciada (1). Diante da necessidade de estratégias de apoio, criamos o Protocolo de Atendimento da Psicologia na UTI/SEMI Neonatologia para oferta de apoio psicológico a todos os familiares dos pacientes. Metodologia: Relato de experiência de atendimentos psicológicos realizados com familiares de pacientes da UTI neonatal, através de atendimentos individuais, familiares e em grupo. O formato de atendimento é de psicoterapia breve e tem como objetivo o acolhimento dos sentimentos emergentes, favorecimento da elaboração da nova realidade, avaliação e fortalecimento do vínculo dos recursos de enfrentamento. Resultados: Todas as famílias recebem um contato da equipe de psicologia no primeiro dia útil após internação, através do whatsapp. Se a mãe estiver na PATOB, é oferecido acompanhamento na primeira visita ao RN para acolhimento inicial; às famílias provenientes de outro serviço também é oferecido. Esse primeiro contato, acompanhado pela psicologia quando possível, tem gerado maior confiança nos pais, que tem a possibilidade de se preparar para a visita e elaborar o primeiro contato, tão permeado por expectativas e fantasias (2). Durante internação, oferecemos atendimentos psicológicos individuais, familiares e em grupo, com proposta de psicoterapia breve, em um ambiente seguro e acolhedor para o compartilhamento das vivências. A oferta de atendimentos psicológicos à todas as famílias tem trazido contribuições importantes à família diante do cuidado da equipe multiprofissional, que compreende os aspectos biopsicossociais e, assim, pode oferecer atenção integral. Após a alta, a equipe de psicologia pode realizar transferência de cuidados em saúde mental para rede de atenção básica, quando disponível e desejado, ou seguir ambulatorialmente em nossa unidade. Casos de maior vulnerabilidade são articulados com redes do território durante internação e tem cuidado transicionado após alta. Conclusão: A oferta de atendimento psicológico é reconhecido na literatura (1, 2, 3) enquanto um importante suporte para familiares de pacientes da neonatologia. As contribuições da literatura respaldam a atuação da psicologia. Na psicoterapia, são avaliados os aspectos psicológicos do desejo (ou não) pela amamentação, histórico psiquiátrico anterior, rede de apoio, viabilidade das visitas, vínculo mãe-pai-bebê, compreensão do quadro, reação à internação etc, e são fortalecidos os recursos de enfrentamento.
Referências
ARRUDA, Caroline Passos; GOMES, Giovana Calcagno; JULIANO, Laís Farias; NORNBERG, Pâmela Kath de Oliveira; OLIVEIRA, Stella Minasi de; NICOLETTI, Manoela Cunha. Reações e sentimentos da família frente à internação do recém-nascido na unidade neonatal. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 2019. 11(15), e1444.
FLECK, Adrian; PICCININI, César Augusto. O bebê imaginário e o bebê real no contexto da prematuridade: do nascimento ao 3º mês após a alta. Aletheia [online]. 2013, n.40 [citado 2022-08-15], pp. 14-30. ISSN 1413-0394.
SCHIAVO, Rafaela de Almeida et al. Saúde emocional materna e prematuridade: influência sobre o desenvolvimento de bebês aos três meses. Pensando fam. [online]. 2021, vol.25, n.2 [citado 2022-08-15], pp. 98-113. ISSN 1679-494X.
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Copyright (c) 2022 Gabriela Cattel Albaracin, Laise Potério dos Santos, Ana Luiza Teixeira, Andreza Viviane Rubio, Mariana Gerzeli Gonçalves