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ORGANIZAÇÃO E DISSEMINAÇÃO DE MEMÓRIAS ESCOLARES: UMA
REFLEXÃO SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DAS BIBLIOTECAS PARA A FORMAÇÃO
HUMANA INTEGRAL NOS INSTITUTOS FEDERAIS
Paula Souza da Silva
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste, Brasil
souzapaula@gmail.com
Ana Paula Lelis Rodrigues de Oliveira
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste, Brasil
ana.lelis@ifsudestemg.edu.br
RESUMO
Objetivou-se com esse trabalho, realizar uma reflexão sobre a contribuição das bibliotecas
escolares para a formação humana integral dos discentes dos Institutos Federais de Educação,
considerando a tríade pesquisa, cultura e trabalho como elementos fundantes. Para isso, foi
realizada uma revisão bibliográfica sobre formação integral no contexto da Educação
Profissional e Tecnológica, bibliotecas escolares e memórias. Desta forma, pôde-se discutir se
e como a organização e a disseminação de memórias escolares podem contribuir para formar
discentes mais críticos, emancipados e transformadores de si mesmos e da realidade a que
pertencem, e o potencial da biblioteca escolar para criar lugares para essas memórias que sejam
espaços não formais de educação a serem utilizados por atividades científicas e culturais através
de projetos de ensino, pesquisa e extensão.
Palavras-chave: Bibliotecas escolares. Educação profissional e tecnológica. Politecnia.
Memoria escolar. Patrimônio escolar.
ORGANIZACIÓN Y DIFUSIÓN DE LA MEMORIA ESCOLAR: UNA REFLEXIÓN
SOBRE LA CONTRIBUCIÓN DE LAS BIBLIOTECAS A LA FORMACIÓN
HUMANA INTEGRAL EN LOS INSTITUTOS FEDERALES
RESUMEN
El objetivo de este trabajo fue reflexionar sobre el aporte de las bibliotecas escolares a la
formación humana integral de los estudiantes de los Institutos Federales de Educación,
considerando una tríada la investigación, la cultura y el trabajo como elementos fundamentales.
Para ello, se realizó una revisión bibliográfica sobre la formación integral en el contexto de la
Educación Profesional y Tecnológica, bibliotecas escolares y memorias. De esta manera, se
pudo discutir si y cómo la organización y difusión de la memoria escolar puede contribuir a
formar alumnos más completos, emancipados y transformados a sí mismos y a la realidad a la
que pertenecen, y el potencial de la biblioteca escolar para crear espacios para la educación.
estos recuerdos que son espacios educativos no formales para ser utilizados para actividades
científicas y culturales a través de proyectos de docencia, investigación y extensión.
Palabras clave: Bibliotecas escolares. Educación profesional y tecnológica. Politécnicos.
Memoria escolar. Patrimonio escolar.
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ORGANIZATION AND DISSEMINATION OF SCHOOL MEMORIES: A
REFLECTION ON THE CONTRIBUTION OF LIBRARIES TO INTEGRAL HUMAN
FORMATION IN FEDERAL INSTITUTES
ABSTRACT
The objective of this work was to reflect on the contribution of school libraries to an integral
human formation of students at Federal Institutes of Education, considering a triad research,
culture and work as fundamental elements. For this, a bibliographical review was carried out
on integral formation in the context of Professional and Technological Education, school
libraries and memories. In this way, it was possible to discuss whether and how the organization
and dissemination of school memories can contribute to form more complete students,
emancipated and transforming themselves and the reality to which they belong, and the
potential of the school library to create places for these memories that they are non-formal
educational spaces to be used for scientific and cultural activities through teaching, research
and extension projects.
Keywords: School libraries. Professional and technological education. Polytechnic. School
memory. School heritage.
ORGANISATION ET DIFFUSION DES MEMOIRES SCOLAIRES: UNE
REFLEXION SUR LA CONTRIBUTION DES BIBLIOTHEQUES A LA FORMATION
HUMAINE INTEGRALE DANS LES INSTITUTS FEDERAUX
RÉSUMÉ
L'objectif de ce travail était de réfléchir sur la contribution des bibliothèques scolaires à une
formation humaine intégrale des étudiants des instituts fédéraux d'enseignement, en considérant
une triade recherche, culture et travail comme éléments fondamentaux. Pour cela, une revue
bibliographique a été réalisée sur la formation intégrale dans le cadre de l'Enseignement
Professionnel et Technologique, des bibliothèques scolaires et des mémoires. De cette manière,
il a été possible de discuter si et comment l'organisation et la diffusion des mémoires scolaires
peuvent contribuer à former des élèves plus complets, émancipés et se transformant et la réalité
à laquelle ils appartiennent, et le potentiel de la bibliothèque scolaire à créer des lieux de ces
mémoires qu'elles sont des espaces éducatifs non formels à utiliser pour des activités
scientifiques et culturelles à travers des projets d'enseignement, de recherche et de
vulgarisation.
Mots-clés: Bibliothèques scolaires. Enseignement professionnel et technologique. Écoles
polytechniques. Mémoire scolaire. Patrimoine scolaire.
INTRODUÇÃO
A educação, além de prática social que visa o desenvolvimento do ser humano e da
sociedade de maneira geral, é uma possibilidade de ascensão profissional da classe
trabalhadora, principalmente, quando a ela é oferecida a oportunidade de uma formação humana
integral e não uma formação que vise exclusivamente à colocação no mercado de trabalho.
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Segundo Ribeiro, Sobral e Jataí (2016), ao longo dos tempos, sempre existiram as duas
educações supracitadas; a geral, destinada aos filhos dos dirigentes da sociedade, e a específica,
destinada aos filhos dos trabalhadores. Ainda segundo os autores, a educação que almeja a
formação humana integral e que é capaz de romper a dicotomia existente entre o modelo de
ensino especialista e o generalista, entre trabalho intelectual e trabalho manual está relacionada
com os conceitos centrais da politecnia e da omnilateralidade relatadas por Karl Marx.
Para Manacorda (2010), a formação integral de Marx está relacionada à convicção que
preconiza condicionalmente a existência da transformação social à unificação do trabalho e da
educação em um processo formativo que se preocupe em preparar pessoas para exercer
profissões e atuar no mundo profissional não obstante e principalmente para uma sólida
formação crítica, autônoma e cidadã. A aquiescência de uma formação profissional aliada à
formação geral está diretamente relacionada a um mundo melhor, mais justo e com igualdade
de oportunidades para todos. A formação politécnica, também defendida por Marx, seria a
forma de fazer a tal aliança entre as formações profissional e geral. Compensando assim a
formação deficitária oferecida aos trabalhadores com a oferta de uma formação omnilateral
para a classe operária. Sendo que a omnilateralidade é assim definida por Manacorda (2010):
Omnilateralidade como o “desenvolvimento total, completo, multilateral, em
todos os sentidos, das faculdades e das forças produtivas, das necessidades e
da capacidade da sua satisfação”.
Eliminando o apenas a divisão do trabalho, mas a divisão do ensino,
oportunizando a todos, de forma equânime, as mesmas chances, conduzindo
também e principalmente os filhos dos trabalhadores a um
desenvolvimento superior, pleno, consciente e maduro. (MANACORDA,
2010, p. 94).
Neste contexto, os Institutos Federais foram criados, em 2008, para oferecer educação
profissional técnica em nível médio de forma integral, i.e., atrelada ao desenvolvimento pleno
do ser humano, como ser omnilateral, ser social, ser espiritual, ser político, ser que trabalha,
pensa e produz cultura a partir de uma formação tecnológica.
De acordo com Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005) a forma integrada do ensino médio à
educação profissional oferecida pelos Institutos Federais de Educação Profissional e
Tecnológica (IFs) não se confunde totalmente com o projeto de educação politécnica de Marx,
mas contém elementos comuns, principalmente, tem o mesmo objetivo, superar a educação
focada no Capital ao primar por oferecer uma educação que atenda ao compromisso social.
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A formação tecnológica proposta por Marx conjectura a unidade absoluta
entre teoria e prática, partindo da atividade produtiva à atividade social,
garantindo a possibilidade da “manifestação plena de si mesmo, independente
das ocupações específicas que cada indivíduo exerce”. (MANACORDA,
2010, p. 94).
No que tange os Institutos Federais, a busca pela formação integral é uma diretriz
oficializada através da Resolução CNE/CEB nº 6, de 20 de setembro de 2012 (BRASIL, 2012),
que estabelece em seu artigo sexto que a Educação Profissional Técnica em Nível Médio deve
se preocupar com a adoção e/ou criação de meios com vistas à formação integral no âmbito da
EPT (educação profissional tecnológica). Por conseguinte, a busca por projetos integradores,
metodologias ativas e ações que o aproximem desse objetivo é bem-vinda.
Neste contexto, procurou-se investigar sobre o papel das bibliotecas dos IFs na formação
integral dos estudantes. E é sob esse olhar que se espera, durante a revisão da literatura proposta,
a condução aos caminhos que nos levem a refletir sobre algumas questões: - Qual o papel da
biblioteca escolar na formação humana integral pretendida pela EPT e ofertada pelos IFs? -
Qual a relação entre a tríade pesquisa, cultura e trabalho e o tripé das bibliotecas escolares,
cultura, pesquisa e leitura com a formação integral? - Como a organização e disseminação das
memórias pelas bibliotecas podem contribuir para a formação integral dos estudantes da EPT?
Para isso, propôs-se realizar um estudo qualitativo baseado em uma revisão de literatura
sobre formação integral no contexto da Educação Profissional e Tecnológica, bibliotecas
escolares como espaço não-formal de aprendizagem e memórias. As fontes foram baseadas
principalmente em trabalhos acadêmicos (artigos científicos publicados em periódicos ou
eventos, monografias, dissertações, teses e livros), tendo como critério de inclusão aqueles
publicados em português, inglês e espanhol, preferencialmente nos últimos 10 (dez) anos (que
contemplam o estado da arte sobre a formação integral desde a criação dos Institutos Federais),
ou obras de autores clássicos sobre o tema, como Demerval Saviani, Gaudêncio Frigotto, Maria
Ciavatta e Marise Ramos.
A BIBLIOTECA ESCOLAR E A EDUCAÇÃO INTEGRAL NO CONTEXTO DA
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
Ciavatta e Ramos (2011, p. 31) apontam que o primeiro sentido que atribuímos à
concepção de formação humana integral preconiza a integração de todas as dimensões da vida
o trabalho, a ciência e a cultura no processo formativo”. Nessa tríade, o trabalho é
compreendido como realização humana no sentido ontológico e prática econômica no sentido
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histórico; a ciência é reconhecida como os conhecimentos produzidos pela humanidade; e a
cultura, por sua vez, como os valores éticos e estéticos que orientam a sociedade. Esses
princípios devem alicerçar as práticas educativas da Educação Profissional e Tecnológica
(EPT), no processo de escolarização e, por conseguinte, as ações dos setores que apoiam o
ensino-aprendizagem. Assim, as bibliotecas das instituições pertencentes a EPT se tornam
espaços não formais de educação com protagonismo para a formação integral, pois como
afirmam Silva e Virote (2017, p. 141), “[...] todos os setores deverão estar engajados neste
processo contínuo de integração.
Uma proposta de análise, por revisão bibliográfica, do potencial de contribuições de
bibliotecas escolares para a formação humana integral dos discentes dos Institutos Federais
pretende demonstrar as possibilidades de atuações “no trabalho, como formação profissional;
na ciência, como iniciação à prática científica; na cultura, como ampliação da formação cultural
cidadã e criativa”, de forma isolada ou integrada (SILVA, 2018, p. 237).
A contribuição das bibliotecas escolares ao apoiar o processo de ensino
aprendizagem e o acesso democrático ao conhecimento para o desenvolvimento educacional é
um fato. De acordo com Mendes e Souza (2016) a biblioteca, ao fomentar todas essas ações,
contribui para a formação de indivíduos mais críticos e reflexivos, principalmente quando
acompanhadas de incentivo pedagógico e docente.
No entanto, como o objetivo deste artigo é identificar o potencial de contribuição das
bibliotecas para a formação humana integral a partir da tríade* cultura, ciência e trabalho, o
faremos a luz do tripé* no qual as bibliotecas escolares se apoiam: cultura, pesquisa e leitura
com o objetivo de propiciar a plenitude esperada na formação discente e cidadã.
Para tanto, a biblioteca escolar precisa desempenhar funções educativas,
culturais e técnicas: [...] seriam funções educativas: o fomento da leitura; o
fomento da pesquisa; o desenvolvimento da criatividade; a educação para o
lazer; a informação e orientação para a vida. [...] Seriam funções culturais:
promover, de forma interdisciplinar, diversas atividades culturais no espaço
da biblioteca como exposições, concursos e festivais literários, saraus
literários, feiras de ciências, entre outras; proporcionar informações sobre as
atividades culturais externas à escola. [...] Seriam funções técnicas: gerenciar
e organizar os recursos informacionais; explorar esses recursos e difundi-los
à comunidade escolar; facilitar o acesso a esses recursos. (CALDIN; FLECK,
2003/2004, p. 155).
Nesta esteira, a biblioteca escolar no contexto da EPT, deve deixar o estereótipo de um
ambiente para depósito e guarda de material e deve ser apresentada aos que estão em formação,
conforme sugere Carneiro (2018), como um espaço propício para o desenvolvimento cultural
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das pessoas ao disseminar e incentivar o uso e a transformação da informação, do conhecimento
e da cultura, e através deles, apoiar um processo de ensino aprendizagem que objetiva formar
pessoas mais críticas, reflexivas, emancipadas, com pensamento autônomo e com atitudes
transformadoras e benéficas para uma sociedade melhor e mais justa, para todos. Segundo o
mesmo autor, a biblioteca escolar é
o equipamento cultural obrigatório e necessário ao desenvolvimento do
processo educativo, cujos objetivos são: I disponibilizar e democratizar a
informação, ao conhecimento e às novas tecnologias, em seus diversos
suportes; II - promover as habilidades, competências e atitudes que
contribuam para a garantia dos direitos e objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento do(a)s aluno(a)s dos estudantes, em especial no campo da
leitura e da escrita; III - constituir-se como espaço de recursos educativos
indissociavelmente integrados ao processo de ensino-aprendizagem; IV -
apresentar-se como espaço de estudo, encontro e lazer, destinado a servir de
suporte para a comunidade em suas necessidades e anseios. (CARNEIRO,
2018, p. 22).
Gramsci (2005) e sua escola unitária, que também defendiam uma formação integral
para a classe de operários, sempre estiveram preocupados com difusão da cultura humanista,
filosófica e com os meios para elevar cultural e politicamente as massas por acreditarem que
essa perspectiva que vai muito além da formação para a cidadania, está relacionada ao abandono
da sensação de dependência, inferioridade; subalternação, subserviência e subordinação ao
Capital.
Logo, para contribuir com a formação integral dos estudantes as bibliotecas escolares
da EPT precisam reconhecer e promover ações que ressaltem o seu potencial cultural e
científico almejados por Gramsci (2005). Isso acontece principalmente se as bibliotecas e suas
ações objetivam a formação de um usuário capaz de fazer leituras diversas do mundo, de criticá-
lo e transformá-lo e não somente de consumir e reproduzir informações e culturas.
Segundo Mendes e Sousa (2016), para que isso transcenda o plano utópico é necessário
dar condições aos usuários de acessarem, absorverem, aplicarem, discutirem e disseminarem
os conhecimentos necessários ao exercício da cidadania, numa perspectiva crítica e reflexiva.
Isso não vai ser conseguido somente adquirindo, registrando, catalogando, indexando,
guardando, disseminando, emprestando e preservando o acervo, mas as ações técnicas, por
serem o início para um fim, se tornam tão relevantes quanto, além de indispensáveis.
No que refere a contribuição da biblioteca para a cultura, conforme apreendido nesta
revisão bibliográfica, espera-se que a biblioteca diminua a distância entre o usuário e a cultura,
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nesse sentido ela deve cooperar em qualquer ação nesse sentido ou desenvolver serviços e
produtos que contribuam para contínuo aperfeiçoamento educacional e cultural do aluno.
Essa relação pode acontecer tanto através da oferta de atividades culturais e também ao
possibilitar o acesso aos produtos do conhecimento, acervos diversos e dispersos, além da
própria cultura através do acesso aos conhecimentos presentes em seu acervo
A biblioteca escolar, em particular, é, ou deve ser, se bem aparelhada,
depositária dos conteúdos da cultura que precisam ser transmitidos às novas
gerações. Utilizando os documentos, o aluno constrói seu próprio
conhecimento e assume a posição crítica que visa torná-lo um cidadão
consciente, participativo e transformador (STUMPF, 1987 apud
CAMPELLO, 2006, p. 73).
Da tríade cultura, ciência e trabalho, a atuação da biblioteca frente a cultura em prol da
formação humana integral foi defendida através de Santos e Pedrosa (2019), Carneiro (2018) e
Mendes e Souza (2016) e Campelo (2006). Mas como as bibliotecas escolares podem contribuir
para a formação humana integral dos discentes atuando em prol da ciência e do trabalho?
Considerando as definições de Silva (2018) de trabalho enquanto formação profissional
e de ciência enquanto iniciação científica torna-se indispensável uma reflexão sobre
possibilidades de contribuições da biblioteca a partir das outras duas pernas do tripé: leitura e
pesquisa.
A leitura aqui compreendida pode ser a voltada para entretenimento ou a voltada para
informação, inclusive para os processos de pesquisa, mas no âmbito da educação tecnológica
ela também precisa ter como princípio educativo o trabalho, tanto no sentido ontológico -viver,
quanto no sentido histórico - profissões.
Os projetos de leitura de forma integradora podem envolver professores de todas as
matérias curriculares, da área propedêutica e técnica, possibilitando a integração entre
bibliotecas em programas sistemáticos de formação de leitores com “habilidade de
entendimento do que leem(SOUZA, 1999, p. 129). A leitura enquanto suporte ao ensino pode
contribuir para que o aluno aprenda a buscar a informação, mas principalmente avaliá-la, e
criticá-la, transformá-la e aplicá-la.
A dimensão pedagógica do trabalho do bibliotecário, principalmente do que atua em
uma escola que almeja a formação humana integral dos seus discentes, precisa conciliar o
tecnicismo da profissão com a inclusão de valores sociais e humanos em suas ações, essas por
conseguinte precisam “ser conscientizadoras, transformadoras e criadoras(SILVA, 1986, p.
72). Tais ações precisam ser convertidas em “projetos e programas, norteados por objetivos
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claros e sequenciados [...]” (SILVA, 1986, p. 75) e todas precisam propiciar uma leitura
significativa - ,“leitura qualitativa”, permeadas pela integração curricular incluídas no projeto
pedagógico da escola, aquela que ultrapassa o disposto nos livros didáticos, das anotações do
professor, perpassa pelas bibliografias básicas e complementares e suplementares e não se
encerra nem no tempo nem em espaço, tradicional ou virtual.
Para acompanhar a pluralidade de teorias, opiniões e estudos diversos sobre
os vários assuntos; para exercitar sua inteligência, aprender a deduzir, tirar
conclusões próprias, investigar e comparar. Enfim, para um aprendizado
dinâmico e eficiente torna-se necessário que o aluno leia vários livros e
pesquise, colha opiniões de diversos autores, adquirindo, assim, um
conhecimento amplo e completo do que estuda. A curiosidade é estimulada
nessa pesquisa, a inteligência e o raciocínio se desenvolverão. (TAVARES,
1967 apud CAMPELLO, 2006).
No que refere à pesquisa, enquanto busca e disseminação de informação, e a ciência,
enquanto produção de conhecimento, as bibliotecas contribuem com ambas ao disponibilizar e
orientar o uso de recursos informacionais, a difusão da informação e a produção do
conhecimento, sempre tendo como princípio educativo o trabalho no sentido histórico e
ontológico e tendo a pesquisa, para o trabalho e para a ciência, sendo adotada como princípio
pedagógico.
Valer (2019) nos diz que a pesquisa como prática social, objeto de ensino e
aprendizagem no processo de escolarização, tem por fim desenvolver nos estudantes
habilidades cognitivas para interpretar teorias, relacionar, analisar, criticar, refletir, rejeitar
ideias fechadas, aprender, buscar soluções, propor alternativas etc. Por isso, a pesquisa enquanto
método de ensino e aprendizagem, deve ser adotada na EPT.
Demo (2011) corrobora Valer (2019) ao afirmar que a pesquisa como princípio científico
e educativo pode contribuir para a formação humana integral
são nesses processos de emancipação que: [...] se constrói o sujeito histórico
autossuficiente, crítico e autocrítico, participante, capaz de reagir contra a
situação de objeto e de não cultivar os outros como objeto [...] pesquisa como
diálogo é processo cotidiano, integrante do ritmo da vida, produto e motivo de
interesses sociais em confronto, base da aprendizagem que não se restrinja à
mera reprodução; na acepção mais simples, pode significar conhecer, saber,
informar- -se para sobreviver, para enfrentar a vida de modo consciente.
(DEMO, 2011, p. 43).
Quando se fala em pesquisa em ambiente escolar espera-se que as bibliotecas assumam
um papel de protagonismo no que tange a produção e recuperação de conhecimentos e dessa
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forma contribua com a formação integral dos discentes ao colocar o aluno na posição de autor
e ator no desenvolvimento da sua aprendizagem e na produção de conhecimento para o trabalho
e para vida em geral.
Mas como as bibliotecas podem utilizar do seu potencial de ação frente à leitura,
pesquisa e cultura em prol do trabalho, ciência e cultura, bem como, integrá-los por meio do
ensino, pesquisa e extensão e dessa forma contribuir ativamente na formação integral de seus
discentes na EPT?
Neste contexto, a organização, guarda e disseminação das informações tornam-se
insuficientes e é preciso pensá-las como insumo para a cultura e pesquisa e trabalho através de
atividades de ensino, pesquisa e extensão de forma individual ou integrada.
[...] Acreditamos que, se professores e bibliotecários conceberem a escola e
biblioteca como partes importantes no processo de construção de uma
sociedade justa e igualitária, forças contrárias terão maior dificuldade em
romper os elos estabelecidos. (CASTRO, 2003 apud LEITIS JUNIOR, 2018,
p. 71).
Neste sentido, consideramos que ao desempenhar suas funções educativas e culturais,
em consonância com suas funções técnicas, tendo como princípio educativo o trabalho, tanto
no sentido ontológico e histórico, as bibliotecas escolares atuam nas dimensões cultura, ciência
e trabalho necessários à formação humana integral.
A atuação das bibliotecas frente à organização e disseminação de memórias escolares
pode ser um bom exemplo para demonstrarmos o que foi elucidado pela revisão bibliográfica.
Mas será que somente organizar, e guardar esse material é suficiente para contribuir com
a formação humana integral dos discentes? Será que tais memórias teriam potencial para
atender as dimensões trabalho, cultura e ciência? Será que a integração pode ser buscada por
meio da pesquisa, ensino e extensão?
Então, vamos descobrir como e porque “a organização e disseminação de memórias
escolares por bibliotecas pode ser uma ferramenta na promoção da formação humana integral
integrada”.
PORQUE AS BIBLIOTECAS DEVEM TRABALHAR A ORGANIZAÇÃO E
DISSEMINAÇÃO DE MEMÓRIAS ESCOLARES
Uma possibilidade de contribuição das bibliotecas escolares para a formação humana
integral e integrada é a organização e disseminação de memórias escolares; desde que
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enaltecendo as funções educativas e culturais desse material em prol das dimensões cultura,
ciência e trabalho.
Primeiramente, faz se necessário a definição de memórias.
[...] o conjunto de objetos culturais, materiais e imateriais herdados pelos
contemporâneos e que passam a constituir o patrimônio histórico das
comunidades [...] Para Maria Cecília Londres Fonseca, esse processo implica
atribuir aos objetos um valor simbólico que originalmente não lhes pertencia:
[...] Ou seja, ao escolhermos um objeto para o acervo de um memorial,
estamos retirando-o de seu contexto original para lhe atribuir outra
funcionalidade, a de evocar o passado e articular um discurso para esse fim.
(PACHECO, 2010, p. 145).
A memória escolar é, como a memória em geral, um mecanismo de fixação do passado
que cria um sentido coletivo sobre ele seja através da objetivação, institucionalização e
contestação. A organização - acervo escolares - trabalha com documentos e objetos de valores
cognitivos, estéticos, afetivos para exposição, estudo e fruição. Através de trabalhos com
memórias escolares reforça-se as identidades sociais e coletivas e realiza-se a preservação
histórica. Os materiais da vida escolar cotidiana que provocam memórias através da evocação
são arquitetura, objetos didáticos, arquivos escolares, livros escolares, fotografia e cadernos
escolares. E todos podem e devem ser organizados, preservados e disseminados, inclusive pelas
Bibliotecas Escolares.
A edificação de “lugares de memória”, como sustenta Pierre Nora, nasce de
uma necessidade objetiva dos grupos sociais. Os lugares de memória nascem
e vivem do sentimento de que não há memória espontânea, que é preciso criar
arquivos, que é preciso manter aniversários, organizar celebrações, pronunciar
elogios fúnebres, notariar atas, porque estas operações não são naturais. É por
isso que a defesa, pelas minorias, de uma memória refugiada sobre focos
privilegiados e enciumadamente guardados nada mais faz do que levantar à
incandescência a verdade de todos os lugares de memória. (JOHN, 2012, p.
9).
História e memória são dois conceitos diferentes apesar de dialogarem com frequência.
A memória que falamos aqui não tem nenhuma relação com aquela tratada pela psicologia e
nem com a tratada pela biologia e é diferente de memória enquanto lembrança. O conceito
tratado aqui refere a memória utilizada pela história como fonte de análise do passado. A história
é uma análise crítica, um trabalho intelectual que vai além do resgate de memória, que critica
essas memórias para analisar e interpretar o passado. A memória glorifica ou demoniza o
passado, a história não, a história é imparcial. As memórias não são imparciais tem a ver com
as lembranças guiadas direcionadas e jogos de poder e interesse, sem pesquisa crítica.
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Convenientemente a memória esconde elementos do passado que não servem a narrativa que
se quer defender, atende a interesses do presente. E normalmente essa memória é selecionada
por aqueles que detém poder político, econômico e social; a memória oficial é a defendida pelos
mais fortes. E é comum nas narrativas da memória oficial as memórias das minorias dominadas
serem esquecidas.
Pollak (apud BERGER, 2012) afirma que
embora na maioria das vezes a disputa de sentidos sobre os acontecimentos
esteja ligada a fenômenos de dominação, a clivagem entre memória oficial e
memórias subterrâneas não remete somente à oposição entre Estado
dominador e sociedade civil. Ele localiza este problema com mais frequência
entre grupos que defendem posições contrárias. (POLLAK apud BERGER,
2012, p. 4).
Bosi (2003, p. 15) afirma que memória subterrânea, “longe da unilateridade para a qual
tendem certas instituições, faz intervir pontos de vista contraditórios, pelo menos distintos entre
eles, e aí se encontra a sua maior riqueza”.
O resgate de memórias acaba por ser um resgate da identidade cultural da comunidade
em que a Instituição está inserida, compreendendo as relações históricas, sociais e culturais que
ambas têm vivenciado mutuamente ao longo dos tempos. A memória desperta o sentimento de
identidade, tanto a individual como a coletiva, na medida em que ela é também “um fator
extremamente importante do sentimento de continuidade e de coerência de uma pessoa ou de
um grupo em sua reconstrução de si(POLLAK, 1992, p. 5).
Segundo Barbosa (2013) a memória pode representar uma possibilidade de dar um lugar
para o indivíduo e de dar sentido à sua vida. Segundo o autor, os sujeitos podem (re)descobrir
sua identidade, seus pontos de referência e construir vínculos sociais através do resgate e
interação com as memórias que fazem parte da sua história.
De acordo com Freitas (2000, p. 64), são elas inclusive “que fixam o (s) lugar (es) que
confere (m) a cada um seu status social”.
Neste contexto de excesso de informação, valores distorcidos, falta de reconhecimento
e pertencimento, as instituições tentam utilizar das memórias institucionais para criar vínculos
com os seus públicos (stakeholders) despertando neles o senso de pertencimento e de
identidade. Isso nada mais é do que estratégia empresarial para construir relacionamentos de
valor com os públicos de interesse.
Nas instituições escolares, ao resgatar e disseminar as memórias espera-se que os
sentimentos conseguidos nas empresas também sejam alcançados junto à comunidade interna
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e externa. Não consideramos válida uma instituição educacional que entende o capitalismo
como sistema opressor e provocador de desigualdades, utilizar estratégia empresarial para
construir relacionamentos de valor, mas acreditamos que engajamento é bem-vindo para o
cumprimento de qualquer missão e não seria diferente com a escolar.
Além disso, o senso de pertencimento e identificação será conseguido não somente junto
aos servidores, mas também aos alunos, aos pais de alunos, aos parceiros, etc.
Ciavatta (2005) em seu artigo “A formação integrada: a escola e o trabalho como lugares
de memória e identidade” relata outros motivos além da identidade para que uma escola resgate
e dissemine suas memórias.
[...] para que as escolas sejam capazes de construir organicamente seu próprio
projeto político-pedagógico, assumirem o desafio de uma formação integrada,
reafirmando sua identidade, é preciso que conheçam e compreendam sua
história. Que reconstituam e preservem sua memória, compreendam o que
ocorreu consigo ao longo da história e, então, a partir disto, decidir
coletivamente para onde se quer ir, como um movimento permanente de auto
reconhecimento social e institucional. E, então, reconhecerem-se como
sujeitos sociais coletivos com uma história e uma identidade própria a ser
respeitada em qualquer processo de mudança. (CIAVATTA, 2005, p. 22).
Quando a autora aponta a necessidade da preservação e disseminação das memórias de
uma escola para a construção de seus planejamentos futuros, reconhecimento social e
institucional, reconhecemos a estratégia empresarial demonstrada no tópico de memórias
institucionais. Entretanto, quando ela fala que as “pessoas se reconhecem como sujeitos sociais
e coletivos com uma história e uma identidade própriaestamos vendo as memórias escolares
contribuírem com a formação humana integral dos sujeitos.
Formação humana integral seria o processo educativo que pensa o ser humano em
todas as suas dimensões cognitiva, estética, ética, física, social, afetiva, ou seja, trata-se de
pensar uma educação que possibilite a formação integral do ser humano,
A formação humana integral tem por objetivo superar a dicotomia entre trabalho manual
e trabalho intelectual por meio da inserção da intelectualidade no trabalho produtivo e em sua
capacidade de formar trabalhadores cidadãos prontos a atuarem como dirigentes (GRAMSCI,
2005, p. 144).
Sob a mesma ótica, a formação integrada, segundo Ciavatta (2005), sugere tornar
íntegro, inteiro, o ser humano dividido pela divisão social do trabalho entre a ação de executar
e a ação de pensar. Daí o grande desafio dos Institutos Federais: trilhar um novo caminho da
educação profissional no Brasil, alicerçada no desenvolvimento do ser humano, como ser
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integral e integrado com o mundo que o rodeia; ser que trabalha, que produz conhecimento e
cultura.
Nunes (2003, p. 35) pergunta
porque não as utilizar (memória escolar) nas atividades curriculares
desenvolvidas? Quando as escolas começam a organizar a sua memória em
torno de pequenos museus escolares, ou exposições, os arquivos costumam
emprestar seus documentos e apenas nessas ocasiões eles são solicitados, mas
porque não trabalhar os dossiês dos estudantes, os álbuns fotográficos, os
jornais ali produzidos como material para provocar a aprendizagem de
disciplinas como a História, a Geografia? (NUNES, 2003, p. 35).
A memória institucional de escolas ou as chamadas memórias escolares devem ser
resgatadas e disseminadas porque despertam sentimentos de identidade, pertencimento,
coletividade e comprometimento com o meio, o que nitidamente é uma ação de fortalecimento
da dimensão social dos sujeitos. Isso pode ser feito, conforme Nunes (2003) usando tais
memórias em prol do aprendizado e é nesse sentido que afirmamos que as memórias escolares
podem contribuir com a formação humana integral, principalmente dos discentes. Pois como
analisado por este mesmo autor, o uso pedagógico dos espaços de memória possibilita um
discurso genuinamente libertador, principalmente ao incentivar que o sujeito se identifique e,
dessa forma, envolvendo-se com sua realidade, responsabilize-se por transformá-la.
Visando contribuir com tal desafio, procura-se compreender como o uso das memórias
de uma instituição escolar pode contribuir para a formação de cidadãos capazes de compreender
a realidade social, econômica, política, cultural e do mundo do trabalho para nela inserir-se e
atuar de forma ética e competente, técnica e politicamente, visando contribuir para a
transformação da sociedade em função dos interesses sociais e coletivos.
Entretanto, quando se fala em identificar, organizar, disseminar e utilizar didaticamente
as memórias, não podemos pensar em memória apenas como possibilidade de identidade e
pertencimento institucional, mas também como fonte para produção do conhecimento
(trabalho, cultura, pesquisa) e para a ressignificação da educação e da cidadania.
Pensar, discutir e fazer uso dessas memórias nas salas de aula ou laboratórios dos
Institutos Federais é garantir um diálogo estreito entre a comunidade e a escola, entre o
indivíduo e a coletividade e entre a ciência, o trabalho e a cultura, contribuindo para formação
integral e política dos alunos.
Nesse sentido, iniciativas de organização e disseminação dessas memórias pelas
bibliotecas possibilitam que as mesmas possam ser utilizadas em atividades científicas e
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culturais através de projetos de ensino, pesquisa e extensão. E assim deve ser para todas as
atividades desempenhadas por este e por todos os setores de uma instituição de educação
profissional que busca a formação humana integral dos seus discentes: focado nas dimensões
trabalho, ciência e cultura e no trabalho como princípio educativo.
CONCLUSÃO
Este trabalho trouxe a preocupação do papel da biblioteca escolar na organização de
memórias dos Institutos Federais, e consequentemente, da Educação Profissional e
Tecnológica. O papel formador deste espaço não formal de aprendizagem a que esse trabalho
se refere é a possibilidade de se apresentar como instrumento e espaço de pesquisa, cultura e
trabalho, tendo a pesquisa como princípio educativo na EPT.
Outrossim, quando utilizada para organização e disseminação das memórias das
instituições de ensino, as bibliotecas escolares têm o potencial de se apresentarem como
referência para a formação/fortalecimento da identidade dos seus usuários.
Desta forma, no contexto apresentado, as bibliotecas escolares podem e devem ser
utilizadas como estratégia educacional que possibilite a formação integral do estudante, tendo
por base a sua emancipação como sujeito e sua capacidade de tomar decisões em todo seu
convívio social. E a organização e disseminação das memórias escolares dos Institutos Federais
se mostram como um caminho viável e desejado para tal atuação.
Agradecimentos
Aos Campi Manhuaçu, Rio Pomba e Santos Dumont, do IF Sudeste MG
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Recebido em: 11 de setembro de 2023
Aceito em: 10 de novembro de 2023